Diversão e Arte

Bandas inativas que fizeram história em Brasília voltarão ao palco no Porão do Rock

Há rumores até de um show com os remanescentes da Legião Urbana

postado em 11/09/2009 07:50
Balé e Geruza (o primeiro e o terceiro, na foto com Bernardo e Fejão) retomam o Escola de EscândaloVocê se lembra da época em que o Maskavo ainda era Roots? Cantava 1, 2, 3, 4 com o Little Quail? Já bateu cabeça nos shows do Fallen Angel? Ou, em meados dos anos 1980, apostou que o Escola de Escândalo seria a próxima banda brasiliense a alcançar o sucesso nacional? Quem sente saudade de alguma dessas quatro bandas terá a chance de vê-las, ao vivo, no domingo da semana que vem. O Porão do Rock antecipa a comemoração dos 50 anos de Brasília e promove no próximo dia 20 (segundo dia da 12; edição do festival) uma celebração ao rock da cidade. A escalação conta ainda com Paralamas do Sucesso, Plebe Rude, Raimundos e Móveis Coloniais de Acaju, entre outras.

;Ouvi falar dos planos do pessoal do Porão em fazer essa homenagem e me entusiasmei ; já saí ligando pro pessoal da banda;, conta Eduardo Raggi, o Balé, baterista do Escola de Escândalo (1)(grupo inativo desde 1987). O baixista Geraldo ;Geruza; Ribeiro topou na hora. Bernardo Mueller, ex-vocalista, preferiu não participar do revival. ;Acho que seria anacrônico da minha parte. O tempo passou. Tenho 46 anos, ou seja, não tenho mais idade pra tocar;, justifica o hoje professor de economia. Além de Mueller, a formação clássica do quarteto estará desfalcada de (Luiz Eduardo) Fejão, morto em 1996. Para seu lugar, foi convocado o guitarrista Sylvio J, ex-Pravda.

Zé Ovo, Gabriel Thomaz e Bacalhau, do Little QuailNos anos 1980, Fejão praticava o pós-punk com o Escola e abraçava o heavy metal tocando guitarra no Fallen Angel (e na década seguinte, no Dungeon). ;É uma pena termos tão poucos registros dele tocando com a gente;, lamenta Balé. ;Como guitarrista, nunca vi ninguém como ele. As pessoas o viam nos shows e ficavam impressionadas com a intimidade e a destreza que ele tinha com o instrumento. Ele ficava até sem graça com os elogios. Era um cara muito simples, humilde;, lembra Alexandre Parente, também guitarrista do Dungeon e do Fallen Angel.

O Dungeon, de certa forma, é a continuação da banda Fallen Angel, pioneira do metal em Brasília (encerrou as atividades em 1988). Nela, os vocais eram feitos por Alemão ; que, para o show do Porão, assume novamente o microfone. O repertório, no entanto, contará com músicas das duas bandas.

De tempos em tempos
O Maskavo Roots volta para o show no Porão com os sete integrantes da formação original: Quim, Txotxa, Prata, Marrara, Joana, Pinduca e SalsichaO Little Quail and the Mad Birds (2)deixou de existir em 1997. Mas desde então, de anos em anos, o trio retorna aos palcos para a alegria dos fãs. O último show da banda foi em 2007, em São Paulo. Antes disso, em 2004, eles tocaram em Brasília. ;Foi um convite do Porão do Rock, realmente não estava nos planos de ninguém tocar este ano;, comenta Gabriel Thomaz, que hoje mora no Rio de Janeiro, canta e toca guitarra no Autoramas. O baterista Bacalhau faz parte do Ultraje a Rigor e o baixista Zé Ovo trabalha como técnico de som. ;Estamos todos envolvidos e felizes com nossos novos projetos, o que toma todo o tempo...É mais fácil fazer um show só de tempos em tempos;, pondera Gabriel.

Foi das cinzas do Maskavo Roots (3)que surgiu a banda de pop reggae Maskavo. Para não haver confusão, o septeto que sobe ao palco do Porão no dia 20 será divulgado como M. Roots. ;A gente já tinha conversado sobre voltar. Já se vão 15 anos de lançamento do nosso primeiro disco, queríamos comemorar a data ; celebrar com quem fez as músicas e com quem gostava delas;, conta o vocalista Marcelo ;Salsicha; Vourakis.

O guitarrista Carlos Pinduca ; que depois do Maskavo Roots fundou o Prot(o) ; conta que a ideia original era fazer um show num local pequeno, para os amigos. ;Mas a informação de que estávamos pensando em voltar ;vazou; para o pessoal do Porão e eles nos convidaram para o festival;, diz. Com os integrantes divididos entre Brasília, São Paulo e Rio de Janeiro, o M. Roots ensaia em núcleos. O ensaio final, com todos juntos, ficará para a véspera do show. ;As músicas estão no nosso inconsciente. Antes de gravar o primeiro disco, ensaiávamos todos os dias da semana;, tranquiliza Salsicha.

[SAIBAMAIS]As quatro bandas garantem que os shows no Porão são apenas uma reunião, não uma volta. O Fallen Angel, (4)no entanto, vai um pouco mais longe. ;Vamos entrar em estúdio e registrar o que não gravamos na época;, avisa Alexandre Parente. Longe de saudosismo ou do oportunismo que move os revivals de bandas grandes, o que motiva esses quatro grupos brasilienses é a amizade, a diversão e prazer de tocar música.

1 - Escola de Escândalo
Contemporânea de Legião Urbana, Capital Inicial e Plebe Rude, a Escola de Escândalo mesclava influências sonoras do pós-punk e do heavy metal. A banda participou da coletânea Rumores (1985) e chegou a gravar cinco músicas (com produção de Philippe Seabra, da Plebe) para o que seria seu primeiro mini-LP. Como eles não toparam as propostas de contrato oferecidas por grandes gravadoras, o disco nunca saiu. O grupo se separou em 1987.

2 - Little Quail and the Mad Birds
Com seu rockabilly de pegada punk e letras bem-humoradas, o Little Quail chegou a ser a banda mais popular do cenário brasiliense do começo da década de 1990. Eles lançaram dois discos e um EP. Encerraram as atividades em 1997.

3 - Maskavo Roots
Reggae, rock e ska era a principal dieta musical dos sete integrantes da banda. O primeiro disco saiu em 1995 pelo selo Banguela (o mesmo que lançou as estreias de Raimundos e Little Quail). Banda com o maior potencial pop de sua geração, Maskavo Roots não chegou a ;estourar; como seus colegas. Aos poucos, os integrantes foram deixando o grupo ; que, anos depois e com uma sonoridade diferente, se tornou o Maskavo.

4 - Fallen Angel/ Dungeon
Uma das bandas pioneiras do heavy metal em Brasília, o Fallen Angel parou de tocar em 1988. Na década seguinte, seus integrantes (com exceção do vocalista Alemão) fundaram o Dungeon com Fejão no vocal e guitarra. O disco de estreia (See the light) saiu em 1993, pelo selo Rock It, de Dado Villa-Lobos. A banda conseguiu uma boa resposta de público e chegou a morar em São Paulo. Terminou com a morte de Fejão.

LEGIÃO NO PORÃO?
; Corre à boca pequena que os remanescentes da Legião Urbana, o guitarrista Dado Villa-Lobos e o baterista Marcelo Bonfá, se apresentariam também no domingo, dia 20, acompanhados de outros músicos para relembrar a Legião Urbana. A produção do festival não confirma, mas também não nega: ;Já disseram que tantas bandas iam tocar no Porão: Kiss, Queens of the Stone Age; Eu não desminto, deixo o pau comer;, despistou o produtor Gustavo Sá, em coletiva de imprensa realizada ontem pela manhã. ;Vai ser muito legal se acontecer. Será uma surpresa até pra gente.;

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