Diversão e Arte

Leandro Sapucahy lança disco com repertório de Roberto Ribeiro

postado em 11/09/2009 08:07 / atualizado em 21/09/2020 14:19

Leandro Sapucahy conheceu o repertório de Roberto Ribeiro (1940-1996) em casa, ouvindo a mãe cantar. "Ela era muito fã, 001", conta ele, que nasceu e cresceu em Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, sem querer saber de ganhar brinquedo, só instrumentos de percussão. Do sambista, um dos maiores que o Brasil já teve, aprendeu todos os sucessos ali, na cola da mãe. Por isso, nem teve dificuldade na hora de escolher as faixas de seu terceiro disco. "O critério foi este mesmo: as 14 mais pedidas lá de casa", ri o cantor, que gravou o álbum no próprio estúdio e dividiu com a mãe, Jacy Silveira, os vocais de uma das músicas de que ela mais gostava, Nega do peito. Produtor de discos desde a década de 1990, ex-percussionista da banda de Marcelo D2, Leandro Sapucahy se lançou como cantor aos 36 anos, em 2006, com o CD Cotidiano, fazendo samba com discurso de rapper, apostando na temática social, no dia a dia da periferia. No ano passado, bancou a produção do DVD Favela Brasil, gravado em show na Fundição Progresso, no Rio, com a participação dos sambistas Arlindo Cruz e Leci Brandão, o funkeiro MC Marcinho e o rapper MC Marechal. A aposta deu certo, a Warner gostou e aqui está ele, na moral, lançando mais um álbum, o bom Leandro Sapucahy cantando Roberto Ribeiro. Agora, a chapa não está quente, o coro não come, polícia e bandido não batem de frente. Todo dedicado ao repertório de Roberto Ribeiro (1), o novo CD traz 14 faixas que marcaram a trajetória do cantor da Império Serrano %u2014 e a história da família de Leandro Sapucahy. Entre elas, Todo menino é um rei, Acreditar, Estrela de Madureira, Propagas, Isso não são horas, Só chora quem ama e Amor de verdade. "Roberto Ribeiro não teve o reconhecimento merecido, estava na hora disso acontecer", acredita Leandro. "Gosto muito das músicas que ele escolhia. Sabendo do potencial vocal que tinha, ele pegava melodias difíceis para interpretar, como a do Monarco (Triste desventura), que está no disco. Essa era a malandragem dele." A gravação, que durou 20 dias (entre maio e junho), foi em clima descontraído, com produção do próprio Leandro. "Tudo fluiu bem naturalmente. Os músicos tocaram soltos, e os arranjos tiveram muita influência deles. Os arranjos de sopro, por exemplo, foi Dirceu Leite quem fez; os de percussão ficaram com Nene Brown", conta o cantor, que também diz ter "juntado a fome com a vontade de comer" nesse projeto. "Quando disse que queria fazer o disco, o presidente da Warner (Sérgio Affonso) adorou. Roberto Ribeiro foi o primeiro artista com quem ele trabalhou (em outra gravadora). Ele era apaixonado." Sobre o CD de samba de breque que havia gravado antes de Favela Brasil, e que teve o lançamento adiado por conta do DVD... Pois é, foi atropelado de novo. "Está gravado e masterizado, mas não deve ser lançado. A gente vai acabar soltando uma faixa ou outra pela internet", avisa. "Não é decisão da gravadora, não. Pelo contrário. Eles me ouvem bem, me deixam à vontade. O presidente da Warner disse que nunca viu um artista não querer lançar um disco assim. Mas já estou com projetos pela frente." Os shows de lançamento do disco serão em outubro, no Rio e em São Paulo, provavelmente com a participação de Monarco, Dona Ivone Lara e Diogo Nogueira. "Ainda quero ir a Brasília com o meu show, com a banda toda. Por enquanto, fiz só participação, como convidado, em duas rodas de samba", lamenta ele, que também anda com vontade de levar a mãe para subir ao palco. "Ela sempre quis ser cantora, mas na época era complicado cuidar da família e cantar na noite, havia muito preconceito. Agora, está sendo recompensada." Nega do peito, a música de Rildo Hora e Sergio Cabral, foi a primeira gravação da vida de dona Jacy. Se ela gostou? "Ô! Adorou. Depois que vieram fotografá-la para uma reportagem, então%u2026 Está toda boba, se sentindo artista." Seu canto, sua obra Roberto Ribeiro (na certidão, Dermeval Miranda Maciel) nasceu em Campos (RJ), em 20 de julho de 1940. Filho de jardineiro, tinha 11 irmãos e aos 9 anos já trabalhava como entregador de leite. Acabou se tornando um dos melhores cantores de samba do Brasil. Teve 15 LPs lançados entre 1972 e 1988. Morreu em 8 de janeiro de 1996, aos 56 anos, em decorrência de um atropelamento. LEANDRO SAPUCAHY CANTANDO ROBERTO RIBEIRO Terceiro disco do cantor carioca, produzido por ele mesmo. Lançamento Warner, 14 faixas. Ouça trecho das música Propagas

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