Diversão e Arte

Representante da cena cultural da cidade cobra mais incentivo e um espaço decente destinado aos eventos

postado em 12/09/2009 10:36
Os artistas de Sobradinho vivem o drama de não ter sequer um espaço adequado para se apresentar. O único lugar apropriado, um auditório com estrutura e cara de teatro, com capacidade para 300 pessoas, está sob comando da Secretaria de Educação. Assim, volta e meia o local abre as portas para apresentações de cultos religiosos, festa de formatura e eventos esportivos. Pelo menos é o que denuncia o presidente da Associação dos Artistas de Sobradinho e Entorno (Artise), Alex Paz, que lamenta o fato de uma cidade com mais de 200 mil habitantes não abrigar uma casa apropriada para eventos culturais. O Teatro de Sobradinho é administrado pela Secretaria de Educação, artistas querem que ele volte para a Cultura"Não temos espaço e estamos precisando mesmo. Com todo esse potencial, Sobradinho, conhecida como a 'cidade arte', mais parece uma cidade agonizante", lamenta Paz. Também maestro e autor de vários projetos culturais que beneficiaria a cena artística da cidade, ele pede, junto com outros agentes culturais, a devolução do "teatro auditório" para a Secretaria de Cultura. O argumento é de que o lugar seria melhor administrado. "A nossa maior conquista seria essa. A Secretaria de Educação tem interesse num espaço que não como cuidar, fazer manutenção regularmente. Nós sabemos que a Cultura hoje tem muito mais verba do que a Educação e com maior facilidade de liberação", argumenta. O diretor da regional de Sobradinho, Ranieri Carneiro Falcão, discorda que haja qualquer tipo de polêmica envolvendo o auditório. Segundo ele, o espaço é democrático e aberto à comunidade. Acrescenta que os artistas que quiserem se apresentar lá têm que passar pelo processo de agendamento. "Não existe burocracia. O agendamento é um procedimento normal em qualquer outra casa que abre suas portas para espetáculos. Essas denúncias, na minha opinião, são vazias", rebate. Ranieri explica ainda que a agenda cultural do auditório é bastante ativa, preenchida inclusive com eventos culturais, e destaca, por exemplo, as apresentações da orquestra de violão de Sobradinho, um patrimônio da cidade. "A orquestra é uma referência em Brasília, com vários prêmios nacionais no currículo", destaca o diretor, que defende a criação de um novo teatro para a cidade. "O auditório não é um teatro, ele só cumpre esse papel. É preciso construir um teatro de verdade para o Sobradinho", destaca. A reportagem do Correio tentou entrar em contato com a Secretaria de Cultura, mas não obteve retorno. O secretário, Silvestre Gorgulho, se encontra no Rio de Janeiro. O secretário-adjunto, Beto Sales, não retornou a ligação. Projetos inviabilizados De fato, a melhor saída para o impasse é a construção de um teatro para a cidade. Enquanto ele não vem, resta aos artistas de Sobradinho e entorno se apresentarem em espaços alternativos. É o caso da Feira da Lua Especial, evento que reuni anualmente talentos da cidade. Outro projeto realizado em lugar improvisado é o Grande Encontro da MPB. "Esse encontro de MPB, por exemplo, era para ser mensal, mas como mudou o administrador da cidade, não temos verba para tocar o projeto. Às vezes, fazemos arte pagando do nosso bolso", lamenta Alex Paz. Dono de um estúdio de música, onde já gravou alguns artistas da cidade, ele conta que existe vários projetos culturais que estão engavetados por não ter onde executar. Por isso, pretende organizar um abaixo-assinado com o objetivo de mobilizar os moradores sobre a importância de se ter um espaço cultural decente na cidade. "A gente só quer que Sobradinho volte a ser o que era culturalmente, meu interesse é privilegiar os interesses dos artistas. Minha missão é gerar arte e protegê-la", destaca. Ouça entrevista com o presidente da Associação dos Artistas de Sobradinho e Entorno (Artise), Alex Paz

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