Diversão e Arte

A maioria das cidades satélites sofre com a ausência ou a precariedade de espaços para atividades culturais

postado em 14/09/2009 07:50
No último mês de agosto, o padre Fábio de Melo e artistas locais reuniram cerca de 30 mil pessoas num grande estacionamento em Planaltina. A satisfação de rever o ídolo de perto até podia estar estampada no rosto de cada um dos presentes. Mas, com certeza, o show seria mais agradável se a cidade com mais de 230 mil habitantes contasse com um local apropriado para apresentações culturais. Tal carência reflete uma realidade que aflige grande parte das cidades do Distrito Federal: faltam espaços voltados à cultura nos principais centros urbanos do DF.

Nascido na cidade e há quase dois anos no cargo de administrador regional de Planaltina, o deputado distrital Aylton Gomes alimenta o sonho de criança de ver sua terra natal aparelhada com bons espaços culturais. ;Planaltina é uma cidade secular, tem uma cultura bem definida e população festeira. Não resta dúvida da necessidade de um espaço cultural para a cidade;, comenta Gomes, que anuncia o projeto de dois locais para eventos artísticos. Um deles, a Casa de Cultura, foi projetado por Oscar Niemeyer. ;Trata-se de um senhor projeto que atenderá a comunidade e todos os segmentos da cultura, mas ainda vai demorar um pouco para sair do papel. Se dependesse de mim, as obras começariam agora, mas existem outros interesses;, adianta.

O outro projeto é a Tenda Cultural, uma iniciativa do governo do GDF, visando incentivar a produção cultural nas comunidades mais carentes. ;O desenho já foi encaminhado ao Seduma (Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente), é um empreendimento que deve sair mais rápido e servirá de sustentação para a comunidade com uma série de cursos de arte;, destaca.

Em Riacho Fundo, cidade com quase 50 mil moradores, a carência de locais para apresentações culturais também incomoda. Eventos como palestras, seminários, encontros religiosos ou peças teatrais ganham projeção em espaços alternativos como o auditório da biblioteca ou o salão comunitário. Com quase 20 anos de idade, a cidade luta para conseguir sua independência na área da cultura. ;Uma cidade que tem uma escola de samba como a nossa, um movimento forte de capoeristas, como o nosso, não pode ficar sem um lugar apropriado para shows;, observa o administrador José Lopes. ;Já temos o projeto de um grande complexo de cultura que, no momento, está sendo avaliado no Seduma. Uma área de mil metros quadrados foi destinada para a construção, agora só falta a verba;, explica.

Grandes centros urbanos como Recantos das Emas e Samambaia também vivem o mesmo drama. Segundo Takane Kiyotsuka, administrador de Samambaia, cidade com mais de 250 mil habitantes, um espaço cultural com o tamanho da satélite é imprescindível, mas faltam recursos para a implementação de projetos. ;A deputada Jackeline Roriz até se sensibilizou com a questão, mas está faltando recurso. Ainda mais agora que a união cortou parte do recursos federais para o GDF;, avalia. A alternativa, segundo o servidor, é a construção de um espaço menor, mais barato, que possa atender provisoriamente a comunidade. ;Criamos uma comissão que está estudando a questão;, antecipa.

Galpão Cultural de Santa Maria: conquista importante para um centro urbano de 200 mil habitantesHomenagem
Em Santa Maria, a inauguração, nas próximas semanas, de um Galpão Cultural, com lugar para 200 pessoas, promete agitar a cena artística da cidade. Animado com a novidade, o administrador José Ricardo Nascimento agora sonha com o dia em que os moradores não precisarão mais se deslocar até o Plano Piloto para ver uma atração artística. ;A criação deste lugar é só um primeiro passo que estamos dando em benefício da comunidade. Vai chegar o dia em que as pessoas não precisarão pegar um ônibus para ver um show na Esplanada ou na Torre de TV;, torce. ;A atividade cultural em Santa Maria é intensa, sempre rola um festival, shows ou encontros religiosos e quando isso acontece temos que usar espaços alternativos. O Galpão chega em boa hora, aos pouco a cidade pode sair das páginas policiais e entrar para as páginas de cultura;, festeja Nascimento, que pretende homenagear o cantor e compositor Renato Russo. ;A ideia é dar o nome do artista ao local, mas ainda precisamos passar pelos trâmites burocráticos;, detalha.


Radiografia

Planaltina
Com 230 mil habitantes, a cidade ainda não tem um espaço cultural adequado para apresentações. Segundo o administrador regional Aylton Gomes, pelo menos dois projetos de locais para shows e eventos artísticos estão sendo discutidos no momento. Um deles, já projetado pelo arquiteto Oscar Niemeyer, é a Casa de Cultura, um grande complexo que abrigará teatro, cinema, auditórios, biblioteca, entre outros departamentos. Um lugar já foi destinado para a edificação do prédio. O outro projeto, com viabilização mais rápida, é a Tenda Cultural, iniciativa do GDF visando incentivar a produção cultural nas comunidades carentes. O complexo conta com quatro salas para ensino artístico (dança, música e artes plásticas), um telecentro com capacidade para 20 computadores, biblioteca e teatro com capacidade para 280 lugares, além de camarim. A ideia é que a novidade seja construída na saída do Vale do Amanhecer.

Recanto das Emas
O Recanto é outro grande centro de Brasília sem lugar apropriado para eventos artísticos. Com cerca de 160 mil habitantes, a cidade aguarda ansiosa pela edificação de um Centro Cultural que já tem área destinada para a construção. O projeto foi encaminhado ao Seduma (Secretaria de Desenvolvimento Urbano e Meio Ambiente). Sensibilizado com a rica atividade de artesanato na cidade, o GDF destinou verba para a edificação de um centro que atenda os artistas da área. Uma pista de skate também foi montada próximo ao local. Os dois espaços serão agregados, futuramente, ao Centro Cultural.

Riacho Fundo
A população de 45 mil habitantes espera a construção de um complexo que deve atender todas as demandas culturais da cidade. Uma área de mil metros quadrados foi destinada para a construção do espaço. O projeto também foi encaminhado ao Seduma. No momento, um salão comunitário e um auditório cumprem o papel de local de eventos.

Samambaia
O administrador de Samambaia, Takane Kiyotsuka, explica que existe esboço para a construção de um grande complexo cultural, um local com múltiplas funções, que atenderia as exigências culturais da cidade, hoje com 250 mil habitantes. Adianta que o orçamento do projeto apresenta custo elevado e a captação de recursos estenderia o prazo de entrega do espaço. Antecipa que no momento uma comissão estuda a possibilidade da criação de um local alternativo menor, que possa ser viabilizado em tempo mais rápido, atendendo provisoriamente a comunidade. Mais tarde, seria agregado ao complexo.

Santa Maria
Até 22 de setembro, a cidade de Santa Maria deve ganhar um novo teatro com capacidade para 200 pessoas. O espaço, chamado de Galpão Cultural, é uma conquista importante para o centro urbano que abriga aproximadamente cerca de 200 mil habitantes. A ideia do administrador José Ricardo Nascimento é homenagear o cantor Renato Russo, dando ao lugar o nome do artista.

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