Diversão e Arte

Atleta de videogame

postado em 15/09/2009 10:21

Por Fernanda Takai

Não é lá de bom tom eu me gabar que só pratico esportes no videogame, mas se é pra falar a verdade, sou assim mesmo. O pior é que eu me sentia um tanto culpada com isso até que um novo jogo me redimiu um tantinho. Estava bem quieta no meu canto ; jogando meu Mario Tennis e Mario Kart do Game Cube ; quando meu irmão mais novo me perguntou: ;Você conhece o Wii Fit?;. Por achar que nada mais me interessaria e pela minha ginástica de joguinhos ser meio relapsa por causa das correrias de viagem, respondi que ;ainda não, deixa aí que eu jogo qualquer dia...;.

Eis que uma noite ligamos o bicho e pronto! Lá estava eu com mais uma paixonite aguda por um brinquedo novo. É algo como uma prancha eletrônica que responde aos movimentos do seu corpo. Bastaram uns minutinhos e eu já estava disputando com a minha filha quem ia brincar mais. O melhor deste jogo é que ele faz uma avaliação física baseada no seu peso, altura e alguns exercícios de equilíbrio e postura. Sei lá se podemos confiar mesmo nesse tipo de teste... O que conta mais é a diversão, claro. Meu resultado nem foi tão bom no primeiro dia. Minha performance seria de alguém com 10 anos a mais! Só que com os dias de jogos subsequentes, fui melhorando. E a minha surpresa maior foi o módulo de exercícios de yoga ; para os quais sempre supus ter talento zero ; foram os que melhor concluí. Fiquei rindo sozinha da situação. Eu, uma batata de sofá daquelas bem tradicionais, quase com a nota máxima no jogo! ;Viram?!”, falei pro pessoal aqui de casa. Tô bem demais! Conscientemente me autoenganei.

Aí me lembrei que desde o Atari, com aquele jogo Decathlon, eu já me sentia satisfeita com meu desempenho eletrônico nos esportes e deixava meio de lado as coisas sérias e saudáveis. ;Que preguiça eu tenho das aulas de educação física... mas aqui no joguinho é bom demais!” Eu falava do alto dos meus 12 anos pros meus pais. Minha sorte é que eles não engoliam papo mole de filha e me mandavam desligar o aparelho pra ir andar de bicicleta, nadar, jogar queimada com o pessoal da rua, qualquer coisa que fizesse o sol encontrar a minha pele.

Quando me mudei de novo pra região da Pampulha, aqui em Beagá, pensei que já era hora de encarar uma rotina de caminhadas ou pedaladas diárias. A idade chegava, eu não era mais uma mocinha... Parecia até um sinal: ao participar de uma gincana na tevê, cada um dos integrantes da minha banda ganhou uma bicicleta bacanuda, cheia de marchas e banco macio. O meu pensamento: ;Agora vai! Nada como duas bicicletas novinhas na família pra incentivar a gente!”. Bem, faz 10 anos que moro aqui e continuo com o mau hábito de fazer nada.

Somente quando engravidei, em 2003, segui as instruções da Dra. Cláudia, que é muito incisiva quanto ao cuidado com o corpo durante a gestação. Ela cobra resultado mesmo. Como eu sempre fui boa aluna, nesse ponto tentei cumprir aquilo que me foi determinado. Nadava (de verdade) quase todo dia, mesmo que estivesse friozinho.

Quem sabe agora, depois que minha mãe ler isso e achar um absurdo eu não cuidar do corpo com propriedade, ela vá me mandar fazer umas caminhadas na lagoa ou entrar pra uma academia... Daí, como boa filha, vou tentar obedecer, mas por favor não contem pra ela. Deixem o acaso agir.

Por enquanto, vou tentar melhorar meus recordes aqui na tábua branca do Wii Fit. Posso considerar como um alongamento mental pra eu me acostumar com a ideia de uma rotina de exercícios do mundo real.

Estou preparada para os puxões de orelha gerais. Agora deixa eu correr pra melhorar o meu salto em distância na neve!

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