postado em 17/09/2009 08:10
Ele nasceu das work songs dos trabalhadores negros norte-americanos e do spiritual protestante nos Estados Unidos. Mesmo com a sua origem bem popular, o jazz acabou se tornando sinônimo de música sofisticada. E é justamente o apelo ;mais popular; desse gênero musical que o I Love Jazz ; Festival Internacional, cuja etapa brasiliense será realizada de hoje a sábado, pretende resgatar.Em vez de ficar restrito a teatros, pubs e afins, o evento tem como objetivo se aproximar do grande público, realmente ir ;aonde o povo está;. ;A grande novidade é ter apresentações cada vez mais abertas ao público. Não só em teatros, mas também em praças, por exemplo. Tanto que acabamos criando os pocket shows, com intervenções surpresa do grupo The Humdingers (EUA) em diversos locais da cidade. Em 2010, a intenção é fazer grandes concertos abertos em todas as cidades onde ele é realizado;, revela o criador do projeto, o músico Marcelo Costa, que durante seis anos foi diretor artístico do Jazz Brasília, Jazz Gerais e Jazz Festival Brasil. ;É o nosso primeiro I Love Jazz. Queríamos um nome forte e que integrasse mais as pessoas;, acrescenta.
O evento, que também ocorre em Belo Horizonte, Rio de Janeiro e São Paulo, pretende, além de uma maior participação popular, com apresentações gratuitas em lugares de grande circulação, promover um intercâmbio maior entre artistas brasileiros e estrangeiros e também com a participação efetiva de jovens, estudantes e interessados em arte em geral. ;Queremos mostrar que o jazz é, sim, para todos;, reitera Marcelo.
Novidades
Além dos pocket shows, haverá jam sessions com músicos das bandas participantes do evento. Eles vão se reunir para tocar, de maneira improvisada, temas de jazz em locais como bares, cafés e restaurantes. Em Brasília, esse encontro será amanhã, no pub do Hotel Brasília Alvorada, logo após os shows da noite. ;Será algo bem informal e descontraído visando a aproximação dos artistas do festival;, afirma o criador do I Love Jazz.
O público brasiliense poderá assistir a grandes nomes do jazz nacional e internacional. Uma das apresentações mais aguardadas é a do grupo norte-americano Benny Goodman Centennial Band, formado este ano em função do centenário de nascimento de Benny Goodman, um dos maiores nomes do jazz mundial, conhecido como O Rei do Swing . ;O grupo conta inclusive com ex-integrantes da Big Band do Benny e toca arranjos originais dele. É bem interessante;, conta Marcelo Costa.
Outra banda que vai passar por aqui é a brasileira Happy Feet Jazz Band, inspirada nos grandes artistas da época, acrescentando um estilo próprio. Formada por Bo Hilbert (bateria), Leonardo Barreto (saxofonista), Cristiano Caldas (pianista), Yan Vasconcelos (contrabaixo), Marcelo Costa (trompete e voz) e Chon Tai Yeung (vocais), a banda terá a participação especial do saxofonista norte-americano Mike Hashim.
A vocalista Chon Tai, que nasceu em Brasília e mora desde os 11 anos em Belo Horizonte, diz que até a adolescência nunca tinha tido contato com o jazz. Uma professora na escola de música sugeriu esse caminho por achar a voz dela bem apropriada. ;O jazz é bem recente na minha vida. Quando comecei a conhecer o trabalho da Billie Holiday, da Sarah Vaughan e principalmente da Ella Fitzgerald, eu me apaixonei;, revela.
Popularização
A cantora acredita que, aos poucos, o jazz está se disseminando pelo país e conquistando público cada vez maior. Por isso têm proliferado festivais Brasil afora, como o de Ouro Preto (MG) e o de Pirenópolis (GO). ;As pessoas não escutavam porque isso não chegava até elas. Mas a partir do momento em que vão tendo acesso e conhecendo, acabam gostando. O ritmo é envolvente, dançante. Não tem como não gostar. Falta só divulgar mais;, opina.
As outras atrações do festival em Brasília são a cantora norte-americana Catherine Russell, a banda francesa Pink Turtle e The New Orleans Joymakers. Depois da capital federal, o projeto segue para o Rio de Janeiro (de 21 a 23, no Teatro Oi Casa Grande) e para Belo Horizonte (dia 21, no Palácio das Artes, e de 25 a 27, na Praça do Papa).
; Leia mais sobre as atrações que estarão no festival
Benny Goodman Centennial Band com Allan e Warren Vache ; A Benny Goodman Centennial Band foi criada em comemoração aos 100 anos de nascimento de Benny Goodman. Fantásticas canções adoradas pelo público que se tornaram famosas com Goodman são tocadas num ritmo eletrizante. O show apresenta os jazzistas Allan Vache (clarineta) e Warren Vache Jr (trompetista) e músicos de swing, alguns dos quais tocaram com o próprio Goodman.
Catherine Russell ; Natural de Nova York e de uma linhagem musical invejável. O pai dela, o falecido Luis Russell, nasceu no Panamá e se mudou para Nova Orleans (EUA) e, mais tarde para Nova York, tornando-se um dos primeiros pianistas e líderes de banda. Ele trabalhou como diretor musical de Louis Armstrong por um longo tempo. A mãe dela, Carline Ray, apresentou-se com os International Sweethearts of Rhythm. Com tal berço, não é de surpreender que Catherine seja única e especial. Desde o lançamento do seu álbum de estreia, Cat, ela tem conquistado fãs e amigos e arrebatado o público em geral.
Happy Feet Jazz Band ; A brasileira Happy Feet Jazz Band tem no jazz das décadas de 30, 40 e 50 sua principal inspiração. Nomes como Louis Armstrong, Duke Ellington e Ella Fitzgerald são freqüentes em seu repertório. A banda tem se apresentado em grandes eventos do gênero em várias cidades do Brasil, é formada por Bo Hilbert, Marcelo Costa, Yan Vasconcellos, Chon Tai Yeung, Cristiano Caldas e Bernardo Fabris. Em suas apresentações dentro do Festival I Love Jazz contará com a participação do renomado saxofonista Mike Hashim.
Mike Hashim ; O saxofonista norte-americano começou sua carreira musical em Boston aos 17 anos. Depois, ele se juntou à Orquestra Widespread Depression Jazz com a qual gravou seis álbuns e viajou pela Europa e América do Norte. O músico foi várias vezes premiado por sua obra e hoje, além do jazz, também se dedica a trilhas sonoras para programas de televisão e filmes. Dentre suas atividades recentes, Mike formou uma orquestra inteiramente dedicada à obra de Billy Strayhorn, grande pianista do jazz americano, que tocou por muito tempo na banda de Duke Ellington. Os dois formaram umas das duplas mais importantes da história do jazz. No Festival, ele vai se apresentar com a banda brasileira Happy Feet Jazz Band.
Pink Turtle ; O grupo francês usa a ingenuidade do jazz e o efeito do swing para interpretar os grandes sucessos pops dos últimos 30 anos. A vivacidade dessas canções famosas é incrementada pelos sete músicos, que trazem o melhor das canções adicionando harmonias de jazz.
The New Orleans Joymakers ; O Sr. Kellin tem uma longa e admirável carreira e já foi destacado como um dos principais clarinetistas de jazz desde a sua chegada em Nova Orleans em 1966. Na década de 70, Orange Kellin se tornou um instrumentista trazendo à luz antigos e importantes músicos, tais como Jabbo Smith, Preston Jackson, Louis Barbarin e Father Al Lewis. Além de Kellin na clarineta, a New Orleans Joymakers conta com grandes músicos tradicionais de Nova Orleans: Mark Braud (trompete); Fred Lonzo (trombone); Steven Pistorius (piano); Walter Payton (contrabaixo) e Bernard Johnson (bateria).
; Programação
Hoje
20h30 ; Catherine Russell Quartet (EUA)
21h30 ; Pink Turtle (FRA)
Amanhã
20h30 ; Benny Goodman Centennial Band (EUA)
Sábado
20h30 ; Mike Hashim (EUA) & Happy Feet Jazz Band (BRA)
21h30 ; The New Orleans Joymakers (EUA)
I LOVE JAZZ ; FESTIVAL INTERNACIONAL
Shows de hoje a sábado, às 20h30 e às 21h30, no Teatro Brasília (Brasília Alvorada Hotel, SHTN Tc. 1 Lt. 1B). Ingressos: R$ 60 e R$ 30 (meia). Informações: 3424-7169, 3424-7121 ou pelo site www. ilovejazz. com.br. Não recomendado para menores de 14 anos.