postado em 18/09/2009 10:32
Dentro do circuito independente nacional, Belo Horizonte parece um caso à parte: uma via de mão única. Se grupos de outros estados passam com alguma frequência pela capital mineira, seja em festivais ou nas casas noturnas que abrem espaço para bandas novas, a atual produção belo-horizontina parece ainda não ser tão conhecida fora da cidade ; um desequilíbrio mais bem equacionado por bandas de outras capitais do país. ;Na verdade, a produção musical aqui é bem intensa. Existem muitas, mas muitas bandas mesmo, e com grande variedade de estilos. Mas ;fazer o nome; fora de Belo Horizonte, longe dos principais meios de comunicação do país, pode ser uma tarefa difícil mesmo;, comenta Leonardo Marques, guitarrista do quinteto Transmissor, uma das recentes revelações no cenário mineiro. ;Pra gente, tem sido surpreendente. Desde que lançamos o disco ; e até um pouco antes disso ; fomos percebendo que de show em show nosso público se multiplicava bastante. Dos rostos conhecidos de amigos, passamos a não reconhecer mais a maioria do público e a ter o privilégio de ter uma plateia cada vez mais participativa, cantando todas as músicas junto com a gente;, conta o músico.
Sociedade do crivo coletivo, disco de estreia do Transmissor, apresenta a primeira leva de composições da banda, principalmente, músicas de autoria de Leonardo e do baixista Thiago Corrêa ; algumas feitas até antes da formação do grupo. Os dois são ex-integrantes do Udora, banda que durante seis anos tentou a sorte nos Estados Unidos. ;Leo e eu estávamos morando em Los Angeles desde 2001 e começamos a compor músicas em português por volta de 2006. Chegamos a nos apresentar por lá no formato voz e violão, em pequenos cafés, e ficamos bem entusiasmados com a receptividade, mesmo apresentando músicas em outra língua;, lembra o baixista sobre a semente do Transmissor.
De volta ao Brasil, eles chamaram os amigos Henrique Matheus (guitarra), Jennifer Souza (vocal, guitarra) e Pedro Hamdan (baterista que após a gravação do CD passou o posto para Bruno Santos) para a empreitada. ;Nunca tivemos uma preocupação formal quanto ao estilo ou proposta sonora da banda. A nossa ideia é sempre fazer algo que nos deixe felizes tocando entre amigos. Gostamos de experimentar novos instrumentos e tocar de tudo um pouco na banda. Não tem baixista, guitarrista ou vocalistas fixos. Acho que isso deixa todo o processo mais divertido e empolgante pra todo mundo;, explica Thiago.
Gravadas na casa do baixista, as 11 faixas de Sociedade do crivo criativo refletem bem essa liberdade, com influências sonoras diversas (ecos de Los Hermanos, Wilco e Clube das Esquina são perceptíveis), ainda que usadas de maneira coesa nas canções (que, por sua vez, versam com sensibilidade sobre relacionamentos e vivências cotidianas). Atualmente, a banda divide seu tempo entre a divulgação do primeiro disco e a composição do segundo (com lançamento previsto para o primeiro semestre de 2010). Para Leonardo, a graça da coisa está em manter a produção sempre constante: ;Nossos esforços e preocupações estão sempre voltados à composição de mais músicas e ao lançamento de mais discos. Acreditamos que esse seja o caminho pra construir uma carreira sólida e, por consequência, notoriedade fora da nossa cidade;.
TRANSMISSOR
Conheça a banda em www.myspace.com/transmissor. Baixe o disco em www.tramavirtual.com.br/transmissor. O quinteto lançou o primeiro CD, Sociedade do crivo criativo, em parceria com o selo Ultra Music. Preço médio: R$ 15.
Tubo de Ensaio ; Superquadra
Uma das atrações do Porão do Rock 2009, a banda brasiliense Superquadra já tem seu segundo disco, Norte, parcialmente gravado, adianta o vocalista Cláudio Bull. ;Serão 11 faixas. Antes de ir estudar na República Tcheca, Badá, o nosso baixista, deixou todos os baixos prontos. Algumas baterias também estão gravadas.; A produção será assinada pela banda em parceria com Wilsinho (Power Studio), o francês radicado em Brasília Arnaud Devos e os músicos Rafael Farret (ex-Bois de Gerião) e Zepedro Gollo (ex-Superquadra). ;Gosto da ideia de várias pessoas interferindo na produção. Aprendi a trabalhar com a ideia de coletivo;, avalia. Quatro das novas músicas serão mostradas no show deste sábado.