Diversão e Arte

Músicos que tocam em restaurantes conseguem conquistar fãs

postado em 20/09/2009 10:10 / atualizado em 22/09/2020 17:47

Entre uma garfada e outra, ;Detalhes tão pequenos de nós dois;;, ;Quisera ser um peixe;,; ou quem sabe até ;Às vezes no silêncio da noite;;. Não é fácil para os cantores de restaurantes e churrascarias concorrer com picanhas, carnes de sol, lombos, galinhadas e outras iguarias. ;A atração principal é sempre a comida. Quando a gente toca, a música é pano de fundo. Tem cliente que nem olha para o músico. A gente toca até mais suave, numa altura mais baixa para o povo poder conversar tranquilo durante a refeição;, conforma-se o músico maranhense Chaguinha dos Teclados, 50 anos.

Mas apesar de não ser o grande atrativo, ele não se importa com isso e segue com seu ofício. Quando chega ao Restaurante Palhoça, no Núcleo Bandeirante, onde toca há 15 anos, as cadeiras ainda estão vazias. Às 11h em ponto, lá está Chaguinha no estabelecimento. Almoça, descansa, faz o aquecimento vocal e meio-dia, de sexta a domingo, começa a cantoria. ;Há casos de gente que até reclama quando não estou tocando. As pessoas se acostumam com aquilo. Pedem música para o garçom e a gente tem até fã;, revela ele, que conheceu a esposa no Palhoça durante um dos seus shows. ;Ela estava passando na porta e me escutou cantando. Ela se apaixonou pela minha voz e quis ver quem era. Aí, no fim do show, a gente foi apresentado e estamos juntos há 12 anos;, lembra.

Cachês Chaguinha dos Teclados é um caso raro entre os músicos que se apresentam em restaurantes e casas do gênero pela cidade. Ele é funcionário do local, onde canta com direito à carteira assinada e tudo mais. ;Ele é nosso funcionário. A gente prefere que seja assim. É mais vantajoso para os dois lados;, explica um dos proprietários do Palhoça, Jorge Eustáquio. No entanto, isso não o impede de se apresentar em eventos, por exemplo. Aliás, os artistas são unânimes em afirmar que casamentos, aniversários, batizados e cia limitada garantem melhor cachê do que restaurantes e afins, que costumam pagar entre R$ 150 e R$ 200 por apresentação. Já as festas, dependendo do músico, podem render uma remuneração que varia de R$ 400 a até R$ 1.500.

A dupla de Brazlândia Valério e Alexandre, juntos há quase uma década, é um exemplo de quem está cada vez mais preterindo os restaurantes e churrascarias em função dos eventos. ;Ainda mais aqui em Brazlândia, que tem muita festa em chácara e clube. A gente tem investido mais nisso;, revela Valério, 47 anos. Apesar do sertanejo ser o forte dos dois, os cantores garantem que são ecléticos. ;Músico tem que tocar de tudo, ainda mais porque a gente toca em vários lugares. Festa, casamento, bar, restaurante. Tem que ser igual à artista de banda.;, diz Alexandre, 33 anos.

Cristóvão Sena, que é músico formado pela Universidade de Brasília (UnB) e esporadicamente faz apresentações na Churrascaria Espeto de Ouro, no Setor Hoteleiro Norte, e no restaurante Picanhas do Sul, na Asa Norte, também admite que, cada vez mais, tem optado por se apresentar em eventos e que o repertório não costuma mudar muito. Ele concorda que, no caso dos restaurantes, a comida sempre faz mais sucesso do que os artistas, mas que, mesmo assim, é possível agradar em cheio.

Longa estrada Eles já tocaram muito nos bares, restaurantes e churrascarias da vida e hoje são uma das principais atrações do restaurante Picanhas do Sul, onde se apresentam, geralmente, nas noites de sexta. O cantor e baixista Wilson Borba, 58 anos, e o baterista Wladimir Suaid, de 55, resgatam o que tem de melhor na música popular brasileira, desde Chiquinha Gonzaga, passando por Nelson Gonçalves, Roberto Carlos, Tim Maia, até os cantores mais modernos, incluindo os sertanejos. A dupla de artistas mineiros se conheceu há três décadas em um bar de Taguatinga e desde então nunca mais se separou.

Confira a música Garota Garbosa do cantor Cristóvão Sena

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