Diversão e Arte

Bandas dos anos 1990 de Brasília agitam no segundo dia do festival

postado em 22/09/2009 10:40
Durante o show do Maskavo Roots, uma coisa ficou clara: nem parecia que os sete músicos ali no palco estavam sem tocar juntos havia 13 anos. ;Este é o Maskavo Roots, com todas as letras;, anunciou o vocalista Marcelo ;Salsicha; Vourakis. Mais à frente, ele brincou: ;Somos dinossauros dos anos 1990;. Veteranos sim, mas nada fossilizados. O entrosamento musical entre eles era total. Resultado: a alquimia sonora do grupo ; à base de rock, ska e reggae ; soou tão viva e atual quanto há 15 anos. Durante quase uma hora de apresentação, a banda mostrou um apanhado de canções de seu primeiro disco (lançado em 1995 pelo selo Banguela, o mesmo das estreias de Raimundos e Little Quail), como Besta mole, 45, Blond problem, Far away, Gravidade, Tempestade, uma versão para Qui nem jiló (de Humberto Teixeira e Luiz Gonzaga) e algumas faixas compostas, mas nunca gravadas pelos sete. Se para parte do público o Maskavo Roots era uma novidade, para os fãs (muitos concentrados na frente do palco, cantando e dançando durante todo o show) foi uma grande celebração. Nos bastidores, os músicos, felizes, contaram que a ideia de fazer outras reuniões não está descartada, mas também não é unanimidade entre eles. Pelo visto, a química entre o guitarrista Gabriel Thomaz, o baixista Zé Ovo e o baterista Bacalhau ; o trio Little Quail and the Mad Birds ; não tem prazo de validade. O espírito brincalhão, os riffs incendiários, a bateria incrivelmente rápida e pesada; tudo estava ali, como nos anos 1990. ;Queríamos agradecer aos Paralamas, à Plebe Rude e à Legião Urbana por abrirem o show do Little Quail;, tascou Gabriel. Entre uma piada e outra de Zé Ovo (que dedicou o show à classe dos roadies, da qual também faz parte), a banda disparou um clássico atrás do outro: 1, 2, 3, 4, Berma is a monster, Samba do Arnesto (versão turbinada para Adoniran Barbosa), Aquela, Família que briga unida permanece unida, Azarar na W3, Galera do fundão e Cigarette (que Bacalhau dedicou para Fejão), só para ficar nos mais conhecidos. O clima de festa quase foi interrompido quando um homem invadiu o palco e foi detido pelos seguranças. ;Viemos em paz!”, retrucou Zé Ovo. Já passava de 1h quando os Raimundos subiram ao palco. O público, pouco a pouco, deixava a Esplanada. Aproximadamente duas mil pessoas assistiram o quarteto desfilar hits da carreira (Nega Jurema, Me lambe, O pão da minha prima, Eu quero ver o oco;). Os mais animados abriram rodas de pogo. ;Aqui é a capital do rock. E não adianta que ninguém vai tirar essa majestade;, afirmou o vocalista Digão. Depois de três representantes do rock brasiliense da década passada, a programação do palco principal chegou aos anos 2000 com os shows de Rafael Cury & the Booze Bros. e Móveis Coloniais de Acaju. Rafael e sua trupe blues-roqueira não desanimaram diante do público minguado e fizeram sua apresentação como de costume ; ou seja, com o coração. O clima foi de Woodstock, com direito a uma longa With a little help from my friends (de Lennon e McCartney) na versão imortalizada por Joe Cocker. Nem a ameaça de chuva nem a demora para o palco ficar pronto (uma queda de luz deixou tudo ainda mais demorado) tiraram o ânimo dos fãs do Móveis. A banda respondeu à altura, com o pique de sempre. ;Antes do nosso show, passou por este palco 30 anos de rock de Brasília. Agora chegou a nossa vez. E são quatro da manhã!”, disse o vocalista André Gonzales. A grade que separava a área vip foi aberta e cerca de 200 pessoas assistiram ao show ; que encerrou o Porão do Rock 2009 às 5h. Uma festa que deveria ter sido compartilhada com mais pessoas. Altos; ; A programação da noite de domingo, totalmente dedicada ao rock de Brasília. O Porão acertou com a homenagem à Legião Urbana e as reuniões de bandas aposentadas como Escola de Escândalo e Fallen Angel. A homenagem ao cinquentenário de Brasília rendeu shows históricos do Maskavo Roots e do Little Quail and the Mad Birds. ; O elenco de convidados internacionais, ainda que mirrado, marcou posição. O melhor ficou com os americanos do Eagles of Death Metal. Liderado pelo boa-praça Jesse Hughes, o grupo venceu pelo carisma, bom humor e doses reforçadas de garage rock. Um dos ótimos momentos da edição. ; O Palco Pílulas não atraiu uma multidão, mas chegou a superar a qualidade de som do palco principal, que decepcionou pelas falhas técnicas. Principalmente no sábado, se destacou. ... e baixos ; Depois de uma edição pontual em 2008, o Porão voltou a sofrer com atrasos. Sábado, os shows terminaram às 5h. A madrugada de segunda-feira foi desastrosa: o Móveis bateu de frente com com falhas técnicas de todo tipo. Às 4h da madrugada. ; Os problemas técnicos no palco principal provocaram momentos constrangedores. Interferências mil. ; A curadoria do festival precisa, urgentemente, abrir os olhos para o que acontece na cena brasiliense ; a geração 2000 saiu prejudicada da festa no palco principal.

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