Agência France-Presse
postado em 23/09/2009 12:23
Roma - Uma exposição sem precedentes revela a sabedoria dos pintores do Império romano com quase 100 obras exibidas na capital italiana a partir desta quinta-feira.
A mostra "Roma, a pintura e o império", que contou com a colaboração de prestigiosas instituições como o Louvre, o British Museum e os museus de Roma e do Vaticano, reúne obras que vão do século III antes de Cristo ao século IV de nossa era.
"Tanto para os gregos como para os romanos, a verdadeira grande arte era a pintura, mais que a escultura", explica o curador da exposição, Eugenio La Rocca. O especialista destaca que a pintura romana foi "uma ponte para o posterior desenvolvimento da pintura bizantina e medieval.
Estas pinturas, cobertas com uma luz difusa, se destacam sobre um fundo cinza e parecem flutuar no ar. As cenas teatrais de cores vívidas são dignas das moradias dos deuses do Olimpo.
"A pintura romana não tenta reproduzir o cotidiano, leva o espectador a um universo onírico", segundo La Rocca. Sobre um fundo negro se destaca uma paisagem vaga de colunas e personagens apenas esboçados, que devem ser imaginados com a ajuda da vacilante luz das velas.
As obras expostas vêm de locais prestigiosos: Pompéia, Herculano, o oásis egípcio de Fayum, assim como de Roma, com os soberbos afrescos descobertos na Vila Farnesina.
Ao percorrer a exposição se observa a repetição dos mesmos temas: paisagens imaginárias e bucólicas ou cenas mitológicas, com uma ausência total de perspectiva. Muitas cenas são emocionantes, como a do camponês com um bastão apoiado em uma árvore que parece conversar com um cão, que estende a pata.
Mais afastado, figos e uvas colocados sobre uma mesa formam uma natureza morta sobre fundo negro digna de Caravaggio.
Outra obra de arte da época de Augusto é "O Casamento de Aldobrandini", um extraordinário claroescuro de tons pastéis em que se observa a Vênus tentando convencer uma jovem a casar.
Com as obras de Fayum se descobrem retratos clássicos, assim como rostos menos definidos que fazem pensar nos impressionistas franceses, e outros que lembra, imagens ortodoxas.
"Graças a esta exposição, o espectador perceberá que muitos procedimentos artísticos utilizados na era moderna já estavam anunciados nas obras dos pintores gregos e romanos", conclui Eugenio de La Rocca.
"Roma, a pintura e o império" ficará aberta ao público de 24 de setembro a 17 de janeiro de 2010 na Scuderie de Quirinale da capital italiana.