Diversão e Arte

TCU cobra dos irmãos Guimarães prestação de contas do projeto Felizes para sempre

Nahima Maciel
postado em 24/09/2009 09:28
O diretor e produtor Adriano Guimarães foi condenado pelo Tribunal de Contas da União (TCU) a devolver a quantia de R$ 301.468,77 ao Fundo Nacional de Cultura por não ter conseguido fechar a prestação de contas do projeto Felizes para sempre, realizado em 2000 com recursos captados via Lei Rouanet. O TCU alega que o Ministério da Cultura (MinC), responsável pela aprovação dos projetos candidatos à captação, ofereceu quatro prorrogações de prazo para que o diretor comprovasse a aplicação dos recursos, mas Guimarães não atendeu a nenhuma. O tribunal também exige o pagamento de multa de R$ 20 mil.

Encenada em Brasília, Rio de Janeiro, São Paulo e Palmas, Felizes para sempre reuniu três textos de Samuel Beckett em montagem interdisciplinar que integrava teatro e artes visuais. O trabalho recebeu elogios da crítica e foi co-dirigido pelos irmãos Adriano e Fernando Guimarães, que contaram com a participação de atores como Vera Holtz e Nathalia Timberg.

Em 2000, o MinC autorizou Guimarães a captar R$ 396.850 para executar o projeto. O diretor conseguiu R$ 385.936 e encaminhou uma prestação de contas em 2002, mas o ministério solicitou esclarecimentos. ;Encerrado o prazo para prestação de contas, o MinC adotou inúmeras medidas administrativas objetivando a prestação de contas pelo referido proponente (;), inclusive prorrogando o prazo limite por quatro vezes, a pedido do responsável;, destaca o relatório.

Entre outras irregularidades, o TCU questiona gastos com um coquetel não incluído na previsão de despesas, pagamento de bebidas alcoólicas e despesas superiores aos especificados no projeto. O relatório aponta ainda uma diferença não justificada de R$ 17 mil entre o valor previsto para os honorários do produtor, diretor e assistente, além do não pagamento de saldo negativo após a conclusão do projeto. ;Tal comportamento denota descaso com os órgãos da administração pública, os quais tempestivamente atenderam a sua demanda inicial, aprovando o projeto nos moldes propostos, e com este órgão de controle;, diz o ministro André Luís de Carvalho no relatório do processo.

Em São Paulo, para organizar apresentações de A casa, encenado em Brasília durante o Cena Contemporânea, Fernando e Adriano Guimarães evitam comentar a condenação do TCU. ;Fico com medo de falar e piorar a situação. O projeto foi feito. Não entendo por que eles não aceitam a prestação de contas. Eles reconhecem que o trabalho foi feito;, diz Fernando, que há quatro anos contratou uma produtora para cuidar da captação de recursos para seus projetos. ;Não tenho talento para isso. Foi uma ingenuidade nossa.;

O número
R$ 301 mil
Valor que os diretores têm de devolver ao Fundo Nacional de Cultura por não ter conseguido fechar a prestação de contas, segundo o TCU

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