Agência France-Presse
postado em 24/09/2009 16:33
México - "O ato de cagar continua sendo um dos mais repetidos ritos de criação e realização, e, nesse contexto, todos somos artistas consumados", sentenciou o antropólogo Alfredo López Austin, ao apresentar a reedição de seu livro "Uma velha história da merda" (Una vieja historia de la mierda).
O livro que López Austin escreveu há 20 anos junto com o artista plástico mexicano Francisco Toledo foi reeditado recentemente e reúne "relatos e saberes mesoamericanos sobre as fezes".
Entre suas escatológicas histórias o livro conta, por exemplo, que "em Tenochtitlan um escravo podia obter a sua liberdade se, ao fugir de seu amo, entrasse em um tianguis (mercado) e pisasse na merda".
Para os indígenas "nahuas e os purépechas antigos, o ouro e a prata eram o excremento dos deuses", acrescentou López Austin, especialista em história mesoamericana.
A ideia do livro, que reúne ilustrações sobre as fezes, surgiu porque ambos os estudiosos se sentiram atraídos pelos "enigmas da defecação", segundo o resumo da apresentação realizada na quarta-feira na XXI Feira do Livro de Antropologia e História.
O antropólogo mexicano considerou: "estávamos com a maturidade suficiente para não nos horrorizarmos com o fato de algum de nós escrever sobre esse tema".
"Nas sociedades humanas, a cotidiana produção de excrementos se encontra na exata fronteira entre a natureza e a cultura, nos limites incertos entre a fisiologia, a comunicação simbólica e a mais pura criação coletiva e privada", ressaltou o especialista.