postado em 30/09/2009 07:56
Um novo dispositivo de capacitação de recursos para a área de cinema promete agitar o mercado cultural no Distrito Federal. Trata-se do Funcine (Fundo de Financiamento da Indústria Cinematográfica Nacional), projeto de incentivo à indústria cinematográfica e que em BrasÃlia envolve uma parceria entre o BRB e a Secretaria de Cultura. Criado em 2001 pelo governo federal, a "novidade" apresentada ontem, no auditório da sede da instituição bancária, mobilizou toda a classe cinematográfica. A expectativa é de que o fundo arrecade até R$ 100 milhões a partir do uso de parte dos impostos recolhidos tanto de pessoa fÃsica ou de empresa.
Além de destinar verbas para a produção de filmes, o fundo também apoiará a distribuição e comercialização de obras audiovisuais, e dará incentivos a projetos de infraestrutura, como a construção de salas de cinemas no Distrito Federal e a restauração de vários aparelhos culturais da cidade, que estão em estado crÃtico. Entre eles, o próprio Cine BrasÃlia. Todos os projetos terão de passar pelo crivo da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Só falta o registro da Comissão de Valores Mobiliários (CVM), que deve ser dado amanhã. A captação de recursos começa no dia 20 de outubro. O anúncio oficial do fundo deve acontecer na 42ª edição do Festival de BrasÃlia do Cinema Brasileiro, que será realizado entre os dias 14 e 24 de novembro.
Prestes a rodar o longa-metragem Faroeste caboclo, inspirado na canção homônima escrita por Renato Russo, no final dos anos 1970, o cineasta Renê Sampaio está otimista com a novidade, mas faz ponderações. "A gente recebe muito bem a iniciativa, porém estamos aguardando como vamos aplicar esse dinheiro na revitalização do sistema cultural brasiliense", destacou.
"O Funcine força a gente a pensar já num tipo de investimento que possa dar algum retorno, é um modelo de pensamento que ainda não estamos acostumados a fazer e é importante", disse Iberê Carvalho, diretor de filmes como SuicÃdio cidadão.
As discussões entre dirigentes do BRB e a Secretaria de Cultura em torno da criação de um fundo que apoiasse os diversos segmentos do cinema em BrasÃlia, aproveitando os benefÃcios fiscais, começaram no ano passado. "Quem sabe se o nosso Polo de Cinema de Sobradinho não encontre no Funcine um modelo de negócio sustentável e revitalizador? Quem sabe nossas cidades não terão a oportunidade de hospedar salas de cinema que estarão articuladas com programas de incentivo ao consumo cultural, como o Vale-Cultura? Quem sabe não revitalizamos os 'Karims' da vida antes que se transforme em igreja?", destacou o secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, referindo-se à antiga rede de cinema construÃda na cidade pelo empresário Abdala Karim Nabut, um dos presentes no encontro.
"Essa é uma forma de alavancar a indústria de cinema no Distrito Federal, um segmento que gera emprego de qualidade, promovendo sinergias com outras atividades inteligentes como softwares, tratamento de imagens e roteiristas", defendeu Ronaldo Medina, diretor-presidente do BRB DTVM (Distribuidora de TÃtulos e Valores Mobililiários).
O que é
O Funcine foi criado em 2001, regulamentado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM). O sistema é formado a partir de cotas administrativas por instituições financeiras debitadas a partir do recolhimento de impostos tanto de pessoa fÃsica ou de empresa. Atualmente, existem no mercado quatro fundos de cinema, destaques para a Rio Bravo, do Rio de Janeiro, e o Grupo Lacan, em São Paulo. O primeiro já viabilizou projetos cinematográficos como Carandiru, de Hector Babenco, e Olga, de Jayme Monjardim. O segundo, projetos como Divã, de José Alvarenga Jr., e Salve geral, produção de Sérgio Rezende que entra em cartaz este fim de semana na cidade.
Objetivos do fundo
Produção de filmes
Construção de novas salas de projeção nas cidades do DF
Comercialização do material audio-visual produzido (distribuição)
Infraestrutura, como a recuperação de instalações, manutenção de equipamentos
Ouça repercussão com o cineasta Manfreldo Caldas sobre o Funcine