postado em 01/10/2009 08:41
Há uma frase do escritor russo Liev Tolstói que diz: ;Se queres ser universal começa por pintar a tua aldeia;. E é aplicando essa máxima que muitos artistas, cineastas e grupos de Brasília têm conseguido despontar mundo afora levando o que de melhor da linguagem cultural produzida por aqui. ;A arte atinge o seu potencial quando é bem feita, é verdadeira. E quanto mais raiz, mais perto das nossas origens a gente tiver, mais universal e global podemos ser, sem perder nossas características, nossa essência;, defende Luciano Porto, um dos fundadores do Circo Teatro Udi Grudi, grupo que mistura uma linguagem própria baseada no clown, no teatro experimental e na música. O pessoal do Udi Grudi tem feito sucesso em vários países ao longo de sua trajetória.
[SAIBAMAIS]A trupe já encantou muitos estrangeiros e chegou a conquistar prêmios nacionais e internacionais importantes como o The Herald Angel Award, em 2000, no Festival Fringe de Edimburgo, Escócia, com o espetáculo O Cano, que também foi um sucesso de crítica aqui e lá fora. Segundo a diretora do grupo, a inglesa Leo Sykes, o prêmio foi um divisor de águas na vida do Udi Grudi, mas não o suficiente para alavancar a carreira da trupe. ;O prêmio foi fundamental, mas não foi só isso. As boas críticas também ajudaram a nos vender pela Europa e depois em outros lugares. Mas é preciso também ter uma estratégia de produção, vitrines. O trabalho é árduo para conquistar o mercado internacional;, declara.
Apesar do reconhecimento internacional, Leo reclama da falta de apoio local e também da ausência de um espaço próprio para ensaios e oficinas. ;Quando estamos no exterior, fazemos questão de falar que viemos de Brasília. Mas não somos valorizados aqui. Não temos nenhum apoio do governo, de empresários. Recentemente conseguimos um patrocínio da Petrobras, mas nada vinculado a Brasília. Temos um renome internacional, 27 anos de estrada, e ainda estamos em busca de um espaço próprio para ensaios, cenários;, reivindica. O Udi Grudi estreia dia 10 de dezembro A devolução industrial, na Funarte.
O grupo de percussão e música eletrônica Patubatê também vem sentindo o gosto de ser reconhecido nos palcos de vários cantos do planeta. O músico Fred Magalhães, um dos integrantes e fundadores do conjunto, conta que um dos momentos mais marcantes foi, em 2008, quando participaram de uma ação promovida pela Embratur no Rock In Rio Lisboa e Madri, para promover o Brasil. ;A receptividade, especialmente em Madri, foi muito grande e até meio surpreendente. Tocamos até para a princesa da Espanha;, lembra.
Em seguida, a empreitada foi Nova York, onde eles se apresentaram em pleno Central Park e também nas ruas da Big Apple. ;O povo parava, se empolgava. O ritmo brasileiro conquistou todo mundo. As nossas apresentações internacionais sempre foram muito legais. Este ano diminuiu um pouco com a crise, mas temos feito contatos. E o mais interessante é que mesmo em outros países, Brasília tem uma fama musical muito boa, de que é um pessoal que saca de ritmos ;, destaca Fred. Em novembro, o Patubatê completa 10 anos de carreira e prepara uma grande festa na Oca da Tribo. No fim de outubro, o grupo participa da Womex,na Dinamarca, a maior feira de negócios culturais do planeta.