Diversão e Arte

Cresce a procura por obras de arte na cidade

postado em 08/10/2009 08:38
Brasília se consolidou como o terceiro mercado de obras do arte do país, perdendo apenas para Rio e São Paulo. E, segundo os especialistas, tem tudo para ocupar em breve a segunda posição. Uma das molas propulsoras desse mercado são os leilões. Entre um lance(1) e outro, muita gente tem conseguido arrematar grandes obras de arte para expandir ou até mesmo iniciar uma respeitável coleção. ;O brasiliense gosta de arte e tem grandes coleções, apesar de aqui eu nunca ter visto ninguém comprar algo muito caro, como uma pintura de R$ 1 milhão, por exemplo. O hábito do leilão ainda não está arraigado, mas Brasília tem um grande potencial e eu acredito que ela possa superar o Rio e se tornar o segundo mercado;, opina Sílvia de Souza, proprietária e leiloeira oficial da Casa Amarela, uma das casas de leilão mais reconhecidas no cenário nacional. Interessado por obras de arte, Clayton Ayub analisa escultura durante leilãoNão só telas de grandes nomes das artes plásticas como Di Cavalvanti, Portinari, Anita Malfatti e Carybé estão à disposição dos frequentadores de leilões, mas desenhos, gravuras, e esculturas também são bastante comuns nos pregões. ;Na minha opinião, o leilão é uma das melhores alternativas para se adquirir uma obra de arte porque ele te indica realmente o valor de mercado daquela obra. Na maior parte das galerias, a obra é supervalorizada. Além do mais, é um ambiente interessante, que me relaxa também;, afirma o assessor parlamentar Clayton Ayub, frequentador há 30 anos desses eventos. Colecionadores Para a diplomata Maria Sílvia Laurindo, que se tornou colecionadora de obras de arte meio que ;por acaso;, o leilão é um local, antes de tudo, de encontro com amigos e também uma possibilidade de adquirir importantes peças. Segundo ela, quando compra um quadro, escultura ou gravura, tenta conciliar qualidade, estética, importância e o potencial de valorização. ;O que eu gosto do leilão é a variedade de opções aliada à grande qualidade, e o próprio ambiente também. Eu prezo, sobretudo, o prazer em adquirir uma obra de arte, mas não descarto a possibilidade de valorização no mercado. No entanto, não saio de casa com essa obrigação de ter que comprar algo para o meu acervo. Deixo as coisas fluírem naturalmente;, reitera. [SAIBAMAIS]Quem convive há pouco tempo nesse universo também comenta sobre as vantagens do evento. Para o advogado Tiago Correia, o leilão é uma boa oportunidade não só de um bom negócio, mas de conhecer obras de artistas renomados. ;De vez em quando, a gente consegue encontrar obras boas e ainda com um preço razoável. Eu, particularmente, gosto de ter um belo quadro em casa, mas para decorar mesmo. No entanto, nem sempre vou com esse intuito de comprar. É uma chance a mais de ver obras de grandes artistas como Carybé, Anita Malfatti, Bruno Giorgi;, destaca. Ambiente requintado? Muita gente ouve falar em leilão e acha que é um local só frequentando por gente muita rica, importante e, por isso, nem se atreve a pisar em um. Entretanto, a leiloeira Sílvia de Souza desmistifica essa imagem e assegura que é um evento para todos os gostos e bolsos. ;Muitas pessoas têm receio de ir a um leilão, de entrar num antiquário. Ficam com medo de pisar no tapete, quebrar alguma coisa de valor. Mas não tem nada disso. Leilão é um local público, pode entrar quem quiser e é a melhor forma de comprar e vender. É rápido, eficiente, e uma maneira democrática de comprar porque você acaba vendendo o preço que o público aceita pagar;, justifica. Sílvia ainda defende a tese de que as obras de arte ainda são um bom investimento, mas alerta que não se pode adquirir algo hoje e já querer vender no dia seguinte e que, como em todo mercado, elas necessitam de valorização e tempo. ;Um Di Cavalcanti chega a ter uma valorização de 20% ao ano, um Portinari, de 25% a 30%. E tem muitos artistas que hoje podem estar em baixa, e amanhã ou depois voltam a ficar valorizados. Sempre vale a pena investir em arte;, analisa. 1 ; Curiosidades Entre uma taça de champanhe e um acepipe mais saboroso, os frequentadores de leilões dão os seus lances e podem ou não arrematar aquela obra de arte ou objeto dos seus sonhos. Geralmente, são servidos comes e bebes nesses eventos e, vez por outra, uma mãozinha levantada para chamar o garçom pode ser confundida com um lance. ;Isso pode acontecer mesmo e já teve gente que levantou a mão e comprou sem saber. É só uma questão de mal entendido. Mas aqui não levamos tudo a ferro e fogo e a pessoa desfez a compra;, conta a leiloeira Sílvia de Souza. Dicas importantes Se você realmente pretende frequentar leilões com o intuito de adquirir alguma obra de arte, procure algum especialista de sua confiança como um marchand (negociante que compra e/ou vende obras de arte) ou o próprio leiloeiro para se inteirar sobre o assunto. Só compre se conhecer o que está comprando. Outra dica para quem quer ingressar no universo das artes é sempre estudar o assunto. Seja por meio dos livros, ou mesmo frequentando galerias, exposições, museus, vernissages, e claro, os leilões. As fotografias dos catálogos de leilões são meramente ilustrativas e, portanto, incapazes de revelar os detalhes e as especificidades das obras. Por isso, é recomendável que os interessados compareçam pessoalmente ao local do leilão, antes da realização do evento, a fim de conhecerem informações detalhadas sobre as obras de seu interesse, bem como para procederem a um criterioso exame delas. Em leilões, não se encontra apenas obras de artistas consagrados, como Portinari, Ceschiatti e Tarsila do Amaral, mas é possível também se deparar com obras de muita gente boa que está começando (e essas geralmente têm um preço mais acessível) ou de artistas contemporâneos, como o brasiliense Galeno e até Chico Anysio. Fique atento aos seus movimentos na hora do leilão. Como para fazer o lance é necessário levantar as mãos, o leiloeiro pode interpretar um simples aceno como um palpite.

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