Diversão e Arte

Grupo brasiliense Choro Livre encanta espanhóis com quatro apresentações

Irlam Rocha Lima
postado em 10/10/2009 15:30
La Coruña - Os frequentadores das seculares igrejas de Santiago de Burgo, em Culleredo, e de Santa Maria de Cambre, em Cambre, pequenas cidades da região metropolitana de La Coruña, acostumados a apreciar o canto sacro dos corais e peças clássicas de grandes compositores universais executadas por orquestras, se entusiasmaram ao ouvir a música tradicional brasileira, o samba. Mas não foi um samba qualquer e, sim, Aquarela brasileira, de Ary Barroso, na interpretação de Reco do Bandolim e do grupo Choro Livre, de Brasília. Participante do Festival Internacional de Música de Pulso & Púa, o quinteto levou à região da Galícia, na Espanha, um repertório que é uma espécie de painel da MPB. Com Reco à frente, tendo o pandeirista Tonho como integrante da formação original, o Choro Livre encantou os espanhóis com uma formação em que predominam jovens instrumentistas, na faixa dos 20 anos: Henrique Neto (violão 7 cordas), Rafael dos Anjos (violão 6 cordas) e Márcio Marinho (cavaquinho). O que eles fizeram, efetivamente, ao longo da temporada de uma semana na terra galega, foi um passeio pelos diferentes ritmos de nossa cultura musical, indo do samba à valsa, da bossa nova ao baião, embora o choro tenha tido predominância. Os concertos (1) - que ocorreram também no Teatro Coliseu Noela, em Noia, e no Salão de Actos do Conservatório Superior de Música de La Coruña - foram abertos pelo Choro Livre (que também deu espaço no programa para o trio Cai Dentro, de Henrique, Rafael e Márcio) sempre com Escovado, choro pouco difundido de Ernesto Nazareth. Do roteiro fizeram parte Desafinado (Tom Jobim e Newton Mendonça), Lamento do morro (Garoto), Santa morena e Noites cariocas (Jacob do Bandolim), Isso aqui é o que é (Ary Barroso), Canta Brasil (Alcyr Pires Vermelho e David Nasser) e o medley de Qui nem jiló (Luiz Gonzaga) e Feira de Mangaio (Sivuca). O final, com reação frenética da plateia, se deu sempre com o hino do choro brasileiro, Brasileirinho (Waldyr Azevedo). Elegantemente trajados de ternos pretos, os músicos do Choro Livre angariaram simpatia e admiração de todos. Repercussão Para Celestino Poza, conselheiro cultural de Culleredo, o que ele viu e ouviu foi uma demonstração de música da mais alta qualidade com o legítimo tempero brasileiro. "Santa morena se aproxima do flamenco e traz o choro para o ambiente da música espanhola", comentou. Espectador de praticamente todas as apresentações do Choro Livre, Antonio Gundin Fandiaño, presidente da Agrupación Musical Albéniz, organizadora do evento, classificou como "fabuloso" o concerto dos brasileiros: "Ao ouvir Desafinado, me reportei ao Rio de Janeiro, cidade que conheço, admiro e saúdo por ser escolhida para a sede dos Jogos Olímpicos de 2016%u201D" "A presença do Choro Livre em La Coruña, com o apoio decisivo do Ministério das Relações Exteriores, foi importante pela série de concertos e também pela possibilidade de troca de informações e experiências com os músicos espanhóis, russos, venezuelanos e o francês que tomaram parte do evento", afirmou Reco do Bandolim. O encontro das delegações na prefeitura de La Coruña foi o momento oficial da mostra. O subprefeito e secretário de Cultura, Carlos Gonzalez Garcés Santiago, festejou: "Comemorar 20 anos do Festival Internacional de Pulso & Púa, em tempo de globalização, com a participação de músicos talentosos como esses, é um privilégio para nós. Estamos muito felizes com a presença de vocês". O concerto de encerramento do festival, no último domingo, ocorreu com pompa e circunstância no Teatro Rosalia de Castro, em La Coruña. No palco, ambientado com palmeiras, flores e bandeiras dos países participantes, houve uma rápida apresentação de todos os músicos. Ao final, eles se juntaram para tocar uma música em louvor à cidade. O encerramento também contou com a exposição de instrumentos musicais venezuelanos criados pelo luthier Alfonso Sandoval. 1 - No palco Além do Choro Livre, participaram da 20ª edição do festival o Dúo Sandoval & Collet, formado por um venezuelano e um francês; o grupo Gijón, de Astúrias (Espanha); Irina Kazimirskaia (Rússia) e Los Trovadores de Logroño, de Rioja (Espanha); Izumrud-Esmeralda, Teatro de La Comedia Musical, de Ekaterimburgo (Russia), e a Orquestra da Agrupación Musical de Albéniz, de La Coruña.

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