Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

O filme O Maníaco do Parque será exibido em sessão de pré-estreia no CCBB

A história não deixa mentir. Pelo menos cinco filmes importantes da cinematografia brasileira tiveram como personagem central um marginal. Dois deles, obras marcantes como o impactante O Bandido da Luz Vermelha (1968), baseado na trajetória de João Acácio Pereira da Costa, e o grande sucesso de público Lúcio Flávio, o passageiro da agonia, longa de Hector Babenco de 1975 inspirado na trajetória do meliante homônimo. E, agora, mais uma produção chega às telas de cinema, hoje, em forma de pré-estreia dentro da mostra Horror no Cinema Brasileiro, em cartaz até 18 de outubro no Centro Cultural do Brasil (CCBB). Só que o tema é muito mais delicado. Dirigido por Alex Prado, cineasta afinado com a estética "trash" e mais de 60 títulos no currículo, O maníaco do parque pode chocar os espectadores, em razão da interpretação dada pelo diretor para os atos do protagonista do filme de ficção, baseado em fatos verídicos "O público gosta deste tipo de filme", argumenta Prado, que trabalha no projeto desde 1999, época em que a polícia paulista prendeu o serial killer, confessor do assassinato de 11 mulheres nas matas do Parque do Estado, em São Paulo. Ele alega que contar a história de Francisco de Assis Pereira partiu de uma necessidade existencial. "O cinema brasileiro estava em decadência por conta da crise causada no setor pelo (então presidente) Collor, eu não filmava desde os anos 1980, então vendo esse caso na televisão, vislumbrei a possibilidade de trabalhar num novo projeto", comenta o diretor. Panorama do horror brasileiro Em cartaz no CCBB até 18 de outubro, a mostra, programa imperdível, conta com 25 filmes sobre o gênero terror produzidos no Brasil. Alguns títulos são raros como o pesado Ritual macabro (The ritual of death), produção nacional feita especialmente para o mercado norte-americano e inédita no país, além dos seminais O jovem tataravô (1936) e Fantasma por acaso (1946). Obras clássicas como O segredo da múmia (1982) e As setes vampiras (1986), ambos de Ivan Cardoso, além da trilogia macabra À meia-noite levarei sua alma (1963), Esta noite encarnarei no teu cadáver (1967) e Encarnação do demônio (2008), projeto idealizado nos anos 1960 por José Mojica, em cima do personagem Zé do Caixão, mas só finalizado no ano passado com Encarnação do demônio. Perfil do diretor Pseudônimo de Rubens da Silva Prado, o diretor paulista foi um dos nomes mais ativos da Boca do Lixo, polo de cinema que nos anos 1970 e 1980 produziu inúmeros filmes populares, potencializados com temas picantes ou "trash". Produtor e diretor de mais de 60 títulos, é um dos responsáveis por introduzir o gênero faroeste no cinema brasileiro com sucessos de bilheteria como Gregório 38 (1969), Gregório volta para matar (1974) e A vingança de Chico Mineiro (1979). Desde 1989 não filmava. O maníaco do parque marca o seu retorno ao cinema. O maníaco do Parque Pré-estreia, hoje, às 20h30, do filme O maníaco do parque, dentro da mostra Horror no Cinema Brasileiro, em cartaz até 18 de outubro no CCBB.