postado em 13/10/2009 08:23
Fausto Godoy, atualmente cônsul-geral do Brasil em Mumbai (ex-Bombaim, na Índia), sempre teve fascínio pela cultura asiática. Depois de servir em 14 países daquele continente, acumulou, ao longo de 25 anos, objetos que retratam um pouco da cultura e da magia de lugares como a China, a própria Índia, o Paquistão e o Japão. Uma pequena parte desse acervo pode ser conferida a partir de hoje na exposição O mundo mágico dos ningyos, que, em japonês significa forma humana.A mostra traz 118 bonecas, que medem entre 15cm e 20cm, da coleção particular de Godoy. São obras que vão do século 18 até os dias atuais e representam integrantes da nobreza, guerreiros, damas, serviçais, bebês, anciãos, exibidos e muitas vezes cultuados em diferentes festas no Japão.
;São muito mais do que simples bonecas. São símbolos de uma cultura, de uma época. E tanto é que mesmo sendo dados de presente para as crianças, as bonecas são colocadas em um altar. Não são para brincar;, reitera. Godoy explica que as bonecas do Dia das Meninas, comemorado em 3 de março, no Japão, também conhecidas por Hina-ningyos, são extremamente belas para estimular as meninas a serem bonitas e conseguirem um casamento ideal. Já os Musha-ningyos (guerreiros do Dia dos Meninos), celebrada em 5 de maio, geralmente são samurais, imperadores e sábios para estimular os valores de lealdade, sabedoria e valentia nas crianças.
Desde sua criação (estima-se que há mais de mil anos), os ningyos são usados como figuras humanas em uma grande variedade de rituais. São, ao mesmo tempo, celebrações da infância e representações dos desejos dos pais para seus filhos. ;Essas bonecas representam o que os japoneses aspiram de melhor para seus filhos. Resolvi traçar um objetivo na minha vida que é mostrar um pouco da cultura da Ásia para os brasileiros. É um continente fantástico, e que é pouco divulgado. Tanto que sempre falo que quando adquiro um objeto não é para a mim, mas para o Brasil. É um legado que quero deixar, pois pretendo doar todo o meu acervo;, frisa o diplomata.
Ele conta que cada peça tem uma história especial e o mais interessante é todo o processo de busca e pesquisa até chegar ao ningyo. Godoy reitera que não compra só pelo prazer de comprar, mas adquirir esses objetos é, sobretudo, uma maneira de penetrar na cultura nipônica. ;Eu leio sobre a boneca que quero comprar ou estudo depois. A qualidade dos ningyos é algo impressionante. Elas têm um acabamento excepcional e encantam a todos;, afirma.
Além dos ningyos, a exposição reúne seis ukiyo-e (tradicionais gravuras japonesas) assinadas por artistas de renome como Hiroshige, Kunyioshi e Kougyo, e cinco mangás, todos do acervo pessoal.
O MUNDO MÁGICO DOS NINGYOS
Em cartaz de hoje até 10 de janeiro, na Sala Multiuso do Centro Cultural Banco do Brasil (SCES, Tc. 2). De terça a domingo, das 9h às 21h. Entrada franca. Classificação indicativa livre. Informações: 3310. 7087.
Coleção dividida em módulos
1 Hina Matsuri (Dia das Meninas)
3 conjuntos de imperador e imperatriz e sua corte
8 casais de imperadores dos períodos de Edo, Meiji, Taisho e Showa
3 jovens beldades;
2 sacerdotisas shintoístas;
2 Tango no Sekku (Dia dos Meninos):
7 guerreiros samurais (símbolo de virilidade e ética)
1 conjunto de samurais
15 figuras de meninos com brinquedos
2 figuras de recém-nascidos (sinal de saúde e felicidade)
3 Outros:
teatros Nô e Kabuki, figuras representando a Sabedoria, ningyos protetores e Japop (bonecas contemporâneas)