Diversão e Arte

Jornalista Paulo Fernando Craveiro lança o livro O boneco íntimo

postado em 15/10/2009 10:33 / atualizado em 19/10/2020 13:21

De Paulo Fernando Craveiro. Nossa Livraria Editora. 384 páginas, R$ 38Há algo de sinistro no romace O boneco íntimo, o mais recente trabalho lançado pelo jornalista e escritor Paulo Fernando Craveiro. Narrado na primeira pessoa, a obra investiga os recônditos mais tenebrosos da alma humana pela ótica de uma bizarra criatura inanimada que misteriosamente ganha vida. Oriundo da Romênia, Buzau desmistifica os limites da ficção e da realidade ao confrontar o caráter de um ventríloquo. A ideia para a trama teve como ponto de partida o clássico do horror inglês Na solidão da noite.(1) ;Era um filme de episódios realizado na época da 2; Guerra Mundial, um deles, aliás, dirigido pelo brasileiro Alberto Cavalcanti, nome importante do cinema no exterior, mas completamente desconhecido por aqui;, comenta o autor, um grande amante da sétima arte. ;O cinema é uma paixão de infância, mais tarde cheguei a fazer críticas de filmes e agora transfiro essa admiração nessa homenagem com várias referências dentro do livro;, destaca. Com extensa carreira no jornalismo brasileiro, constituída em quase meio século de trabalho e vasta experiência como correspondente em vários países, Paulo Fernando Craveiro conta que, estranhamente, ambientou a trama de seu 12; livro num lugar que nunca pôs os pés, a cidade romena de Rasnov. ;Viajei bastante o mundo e estranhamente escolhi iniciar o enredo deste livro numa cidade que não conheço;, ri, o autor, que debruçou-se num minucioso trabalho de pesquisa para construir as circunstâncias geográficas que fazem parte da história. ;Talvez pelo fato de o desconhecimento possibilitar uma expectativa sobre aquela cidade ou aquele país. Mas fui atrás de informações sobre o lugar, buscando nome de ruas e restaurantes;, detalha o autor. [SAIBAMAIS]Depois de ganhar vida ao perceber o mundo, o estranho boneco se vê embalado dentro de uma caixa que atravessa de ponta a ponta a Romênia. ;Recebi a vida pronta. Então apalpei minhas mãos, meus ossos, minhas veias, tentando me reconhecer, aflito;, narra, o escritor, logo nas primeiras linhas. Inquieto e incomodado com a viagem, a criatura vislumbra, pela fresta do baú, uma terra diferente, habitada por florestas e pessoas desconhecidas. A ambígua narrativa construída por Paulo Fernando Craveiro conduz o leitor a impressões físicas e sensoriais que remetem ao Brasil, mas também a qualquer outra parte do mundo, um recurso que se confunde com o próprio discurso do personagem. ;Não há uma impressão de realidade muito grande, às vezes dá a entender que seja, vagamente, Recife, mas também qualquer outra cidade que comece com a letra ;r;, há esses códigos;, diz, enigmático, Craveiro, paraibano de nascimento, mas radicado desde criança na capital pernambucana. ;As primeiras reações do boneco diante do mundo são bastante pessimistas e ele lida com essas impressões de forma ambígua, a partir da convivência com o ventríloquo, questionando o seu caráter. O livro recorre à dualidade para falar sobre as angústias, a hipocrisia da alma humana, nada que Shakespeare não tenha dito;, observa. 1- Na solidão da noite Um dos primeiros filmes de horror realizados na Inglaterra, Dead of night (no original), uma produção da Earling Studios, é dividido em cinco pequenas histórias macabras que se intercalam dramaturgicamente. A trama que deu origem ao livro O boneco íntimo, The ventriloquist;s dummy, é dirigido pela carioca Alberto Cavalcanti (1897 ; 1982) e narra a história de um ventríloquo que começa a surtar quando seu boneco ganha vida e procura por um novo dono.

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