postado em 16/10/2009 09:32
O boato de que a 28; edição da Feira do Livro correria o risco de não acontecer este ano deixou em polvorosa os artistas da cidade, sobretudo os escritores. O assunto veio à baila na última quarta-feira, durante um debate sobre a importância dos livros para o país, realizado na calçada em frente ao Açougue Cultural T-Bone, na 312 Norte. Preocupados com a situação, o secretário de Cultura, Silvestre Gorgulho, e o secretário adjunto, Beto Sales, reuniram-se ontem com os principais representantes da Câmara do Livro, entidade responsável pelo funcionamento do evento literário. O Correio teve acesso exclusivo ao encontro, que contou ainda com a participação do presidente da Câmara do Livro, Adrian Carvalho, entre outros.
;Isso não pode acontecer, é um processo degradante, são vinte e tantos anos de história;, disse, indignado, o livreiro Ivan da Presença. Dono de um quiosque de livros no Conic, Presença, que já presidiu a Câmara do Livro, cobrou mais empenho do governo. ;Já sentei várias vezes a essa mesa para discutir os rumos da Feira do Livro e todo ano enfrentamos problemas para realizar o evento;, lamenta.
Beto Sales afirmou que a parte do GDF já foi cumprida, com a liberação, dentro do projeto de comemoração dos 50 anos de Brasília, de R$ 700 mil, como informou a reportagem do Correio, na última terça-feira. ;É um ano atípico na cultura por conta da crise financeira, vários eventos, como a Feira do Livro, tiveram dificuldades em fechar o orçamento;, observou.
Beto Sales garantiu ainda que a secretaria de Educação do Distrito Federal mantém o apoio ao evento, com a disponibilização de verba para o projeto Ler é Legal, iniciativa que consiste em oferecer bônus financeiros às escolas públicas de ensino fundamental e médio para a compra de livros. O restante da contrapartida, segundo ele, seria responsabilidade da Câmara do Livro, a partir de processo de captação junto ao o setor privado. O que não aconteceu.
O presidente da Câmara do Livro, Adrian Carvalho, admitiu ter encontrado dificuldades para levantar o restante da verba. ;Só com R$ 700 mil não dá para fazer a Feira do Livro. O valor ideal seria de uns R$ 3 milhões e, assim mesmo, para um evento pequeno;, explicou.
Comitê
Silvestre Gorgulho descartou o cancelamento do evento e agilizou a criação de um comitê formado pelo chefe da Casa Civil, José Geraldo Maciel, pela subsecretária adjunta de Educação, Eunice Santos, e Beto Sales, para resolver o impasse. Disse ainda que pediria ajuda ao governador José Roberto Arruda. ;Vamos falar com os patrocinadores;, garantiu. ;Não existe isso de a Feira do Livro não acontecer, porque prejudicaria a população, os livreiros, os estudantes, os escritores, todo mundo. A Feira acontece nem que seja na minha casa;, emendou Gorgulho.
Há grandes chances do encontro literário não acontecer mais em frente ao Museu da República, como vinha informando a Secretaria de Cultura nos últimos meses. Ontem, durante a reunião com membros da Câmara do Livro, vários locais foram sugeridos, mas nenhum definido. Há possibilidade, inclusive, de o evento se realizar no Pátio Brasil, mesmo espaço das últimas edições. Uma nova data também foi pensada, provavelmente para o início do mês de novembro, antes do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro.