Diversão e Arte

Bandas de baile afinam os instrumentos para o fim do ano

postado em 18/10/2009 08:00

Vinte e três horas. O baile, seja de casamento, formatura ou de debutante, está começando. A banda, posicionada, começa a tocar clássicos de Frank Sinatra, da bossa nova, jazz, ou mesmo um bolero. É a hora em que os convidados estão chegando, os anfitriões tirando as fotos e recebendo os cumprimentos, as pessoas circulam e reparam os figurinos uma das outras. ;O roteiro é sempre o mesmo. Não dá para começar tocando um axé, porque ninguém ainda está ;animado; a esse ponto e nem podemos tocar uma música mais lenta no auge da festa. Tem que seguir um certo script;, comenta o fundador e diretor da Banda Imagem, o músico Cacá Silva.

<i>Festa de debutantes é um dos mercados das bandas</i>Uma hora e meia após o início do evento, o cerimonial organiza a valsa. Mas, após a dança tradicional; Sai de baixo! É aí que o baile começa de verdade. Hits dos anos 1960 e 1970, forró, axé, funk, samba, vale tudo!



;O início da festa é a hora da banda mostrar toda a sua musicalidade, que toca de verdade. Mas depois da valsa, a pista pega fogo. As pessoas já começam a beber, se animar, não se importam mais com o visual para as fotos. E aí tem que tocar de tudo mesmo;, acrescenta Cacá.



Com a chegada do fim do ano, começam a proliferar os eventos típicos dessa época em que as bandas de baile fazem a festa em todos os sentidos. ;Fim de ano é que acontecem as confraternizações de empresas, muitas festas particulares. Em média, a gente deve fazer de 25 a 30 shows até dezembro;, comenta Paulo Delegado, 41 anos, fundador e contrabaixista da Banda Soñadora, uma das caçulas de grupos desse gênero em Brasília e que surgiu há 8 anos.

<i>Baile não é só para o pai e a mãe. Hoje está muito voltado para a garotada também%u201D. Paulo Delegado, dono da banda Soñadora</i>O vocalista e band leader da Terminal Zero, Luís Cláudio Lucca, explica que esses conjuntos costumam tocar em outros eventos como carnaval, shows corporativos e até exposições agropecuárias, mas a hora de ganhar dinheiro mesmo é com as formaturas, casamentos e bailes. ;A gente faz apresentações esporádicas ao longo do ano, mas de outubro a março, é que os eventos bombam;, diz.

Com relação ao rótulo de brega, Lucca defende que a banda de baile é a maior escola que um músico pode ter, exatamente pelo seu caráter eclético, e que grandes artistas do país passaram pelo baile. ;Tem que tocar de A a Z, nem na escola se aprende isso. Milton Nascimento, Ivan Lins e Ana Carolina são alguns dos que cantaram muito nos bailes da vida;, destaca.

Equipe grande

<i>Banda Imagem no palco: músicos, cantores e bailarinos animam as festas de fim de ano</i>A maioria das bandas de Brasília não segue muito os padrões dos grupos de São Paulo e Minas Gerais, que são conhecidos por ;bandas de baile completas;, ou seja, aquelas que além dos músicos traz bailarinos com seus figurinos e adereços. Uma das poucas no Distrito Federal com essa característica é a Banda Imagem, que conta com uma equipe total de 28 pessoas, sendo 14 só no palco.

O fundador e presidente da Imagem, Cacá Silva, explica que quando o conjunto começou a fazer bailes, por volta de 2000, apesar de a banda ser de 1991, ele decidiu se inspirar nas grandes bandas de São Paulo que costumam utilizar bastante o balé que, juntamente com os músicos, apresentam coreografias e figurinos em sintonia com o ritmo que está sendo executado. ;Acho que em Brasília isso não é muito comum porque alguns espaços de eventos na cidade não disponibilizam camarim, o próprio palco é pequeno. Pra mim, o show fica completo com uma banda que reúne músicos e bailarinos;, opina Cacá.

Já Luís Cláudio Lucca, da Terminal Zero, banda que existe há mais de 10 anos e que deve lançar em 2010 os primeiros CD e DVD, acredita que o público brasiliense costuma ir aos bailes para dançar mesmo e não se importa muito com essa ;coisa meio performática e de teatro de revista;. ;A cidade é um celeiro musical, e por isso as pessoas daqui prestam atenção mais na música. Vez por outra algum cliente nos pede bailarinos, aí a gente contrata. Mas não é algo muito comum;, revela.

Repertório

Clássicos de todas as épocas não podem faltar e alguns artistas como Roberto Carlos, Frank Sinatra, Madonna e Beatles são tidos como ;obrigatórios; no repertório dessas bandas. No entanto, alguns músicos acreditam que está havendo uma mudanças no set list dos grupos. O baixista João Barbosa da Silva Filho, o Joãzinho, da Banda Matuskela, criada em 1968 e que após algum tempo inativa voltou a se apresentar, revela que a essência das bandas de baile é a mesma, mas tem percebido que o público, especialmente o mais jovem, tem requisitado bastante os clássicos do rock como Led Zeppelin, Black Sabbath, Queen, Deep Purple e Rolling Stones. ;O interessante é que é uma geração que nem viu essas bandas tocando, mas sabe tudo. Conhece até os arranjos. Isso é bem interessante;, comenta.

Já a Banda Soñadora surgiu em 2001 justamente com uma nova proposta de banda cover e de baile. Segundo Paulo Delegado, os bailes estão se modernizado e o público vem exigindo algo diferente ;Baile não é só para o pai e a mãe. Hoje está muito voltado para a garotada também, por isso a gente surgiu com esse diferencial de tocar músicas mais recentes como hits dos anos 1980, como U2, Jota Quest, algo meio radiofônico mesmo. E isso ampliou os nossos horizontes. Se é uma festa maior, a gente acaba tocando um outro estilo, mas o nosso foco é o pop;, reitera Paulo.

O SET LIST
O que não pode faltar em um baile
Frank Sinatra (especialmente New York, New York)
Beatles
Roberto Carlos (principalmente Emoções e Amigo)
Temas de novelas
Forró
Disco Club
Michael Jackson (voltou às paradas de sucesso)
As músicas do momento, sejam elas de funk, axé ou outro gênero musical

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