Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Livro comemorativo reúne 50 artistas para criar histórias com os personagens de Mauricio de Sousa

Quem nunca leu uma historinha da Turma da Mônica que atire o primeiro gibi! Além de terem ajudado na alfabetização de milhares de crianças brasileiras, as revistas dos personagens de Mauricio de Sousa foram, para muita gente, o primeiro contato com o universo das histórias em quadrinhos. Também não são poucos os desenhistas que, influenciados pelas criações de Mauricio, começaram a fazer suas primeiras HQs. Não à toa, o jornalista Sidney Gusman comenta no prefácio de MSP 50 que quase todos os convidados para participar do título responderam prontamente com um sim.


MSP 50 significa "Mauricio de Sousa por 50 artistas". O livro-homenagem nasceu por ocasião das cinco décadas de produção do pai da Mônica, Cebolinha, Cascão, Magali e Chico Bento. Entre novatos e veteranos, profissionais dos quadrinhos, do cartum, da charge, da caricatura e da ilustração, os participantes dão sua visão para a turminha do bairro do Limoeiro e tantas outras criações de Mauricio. A seleção é um verdadeiro quem é quem da chamada nona arte no Brasil. Angeli, Laerte, Fernando Gonsales, Ziraldo, Ivan Reis (desenhista do Lanterna Verde) e os gêmeos Gabriel Ba e Fábio Moon são apenas alguns dos nomes mais conhecidos.


O projeto é interessante pela liberdade de criação dada aos artistas. Assim, vemos Mônica e Magali como senhoras de idade bebendo chá e conversando sobre a infância, os personagens de Maurício se encontrando com os dos outros autores ou apenas atuando como coadjuvantes e o mais legal, a variedade de traços apresentados ao longo das 180 páginas de histórias. O marco zero da produção de quadrinhos de Mauricio de Sousa é uma história curta, sem palavras, com Franjinha e seu cachorro Bidu. A tirinha, vertical, está reproduzida no prefácio de MSP 50. Não é coincidência então que o álbum comece com uma história (produzida por Laerte) estreladas pelos dois personagens.


Se muitos dos participantes limitaram-se a fazer uma protocolar homenagem ao cinquentenário, tantos outros aproveitaram a oportunidade para brincar com as crias de Maurício e seu universo. Erica Awano, com desenhos no estilo mangá, emociona ao falar de amor materno numa história estrelada pelo Chico Bento. Fernando Gonzales, autor do rato Níquel Náusea, se sai muito bem numa reflexão sobre o pensamento ; equivocado ; de que qualquer um consegue desenhar a Turma da Mônica. Fido Nesti lembra como a dentucinha já faz parte do inconsciente coletivo brasileiro, uma personagem tão ou mais conhecida quanto um Pato Donald, um Mickey Mouse. O título tem menos histórias boas do que o ideal, mas isso não tira o brilho da ótima ideia que é o projeto ; que poderia ser repetido mais vezes, independente de efemérides. Mauricio merece.


MSP 50 ; Maurício de Sousa por 50 artistas
Diversos autores. 192 páginas. Editora Panini. O título é vendido em duas edições: capa dura (R$ 98) e capa cartonada (R$ 55).