As novidades em torno da 42; edição do Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, com a divulgação, ontem, da lista dos indicados ao troféu Candango, chegam embaladas pelo espectro de um fantasma que há tempos vem, literalmente, assustando a classe artística e público de Brasília: o precário estado físico do Cine Brasília, palco do mais tradicional evento cinematográfico do país. Esse desleixo é similar a vários espaços culturais da cidade como tem mostrado uma série de reportagens publicadas pelo Correio nos últimos meses. Abandonado, o cinema hoje se encontra com sérios problemas de iluminação, banheiros precários, carpetes e cortinas rasgados e grande parte das poltronas quebradas. A segurança também preocupa. Indignado com o problema, um grupo de artistas organizou, há duas semanas, um barulhento protesto em frente ao cinema, empacotando, simbolicamente, uma maquete do local. Coordenador do Festival de Brasília desde sua criação, o baiano Fernando Adolfo lamenta a situação. Ele explica que um ofício da Secretaria de Cultura já foi encaminhado no último mês de agosto ao Ministério do Turismo. O órgão federal é um dos possíveis parceiros do GDF no processo de reforma do Cine Brasília, orçado em R$ 2,4 milhões. ;A questão da restauração está burocraticamente andando ainda;, comenta. ;O plano era fechar o Cine Brasília a partir de janeiro para uma reforma estrutural, completa, que levaria entre seis a oito meses, mas isso é impossível, pelo menos este ano;, emenda. O secretário adjunto Beto Sales foi mais enfático com relação ao assunto, ontem, durante a cerimônia de divulgação dos filmes que concorrerão à mostra competitiva da 42; edição do Festival de Brasília. ;A questão da restauração não só do Cine Brasília, mas de todos os aparelhos culturais da cidade envolve uma política pública de longo prazo, com um orçamento na casa de quase R$ 200 milhões. É um grande desafio e vamos assumir esse compromisso;, destaca. [SAIBAMAIS]Enquanto isso, uma medida paliativa usada nos últimos anos entrará em cena com retoques na pintura, reparos no banheiro e a construção da praça de alimentação. Equipamentos de som e projeção serão ajustados. ;Não é reforma, apenas uma maquiagem;, reconhece Adolfo. Rosto conhecido dos brasilienses por encarnar até alguns anos atrás o papel de Jesus Cristo na via sacra de Planaltina, o deputado distrital Cláudio Abrantes (PPS) manifestou preocupação com a situação do espaço. ;O Cine Brasília é um marco, o principal palco do cinema brasileiro. Temos que buscar recursos, tanto na esfera federal, quanto local, para reverter a situação;, lamenta o distrital, que promete brigar pela causa. ;Já fizemos uma audiência pública para discutir a questão e acho que temos que evoluir;, observa. Pelo menos um primeiro passo já foi dado com a proposta de reajuste das premiações do Troféu Câmara Legislativa do DF (1)para os participantes do festival. A iniciativa, apoiada por alguns parlamentares e por integrantes da Associação Brasiliense de Cinema e Vídeo (ABCV), partiu do próprio Abrantes. ;Existe um consenso de que esse prêmio é interessante para o Festival de Brasília porque prestigia a produção local;, destaca. ;Mas desde sua criação, em 1996, ele nunca foi corrigido;, admite. A proposta, que pretende ser votada ainda esta semana, promete dobrar o valor da premiação que atualmente é de R$ 65 mil para longa-metragem e R$ 10 mil para curtas. ;É uma excelente iniciativa, sobretudo agora que a cidade se tornou, definitivamente, no terceiro pólo de cinema do país, com produções de alta qualidade;, defende Fernando Adolfo, referindo-se aos 52 filmes brasilienses inscritos nessa edição do Festival de Brasília. Ouça entrevista com o coordenador do Festival de BrasÃlia Fernando Adolfo.
Mostra Competitiva Digital Curtas digitais selecionados * A Última Quinta, de Fernando Arze, 14min40, RJ * Apreço, de Gabriel Trajano, 18min, BA * Cerol, de Bruno Mello Castanho, 17min30, SP * De muro a muro, de Marina Watanabe e Rebeca Damian, 20min, DF * Dois Mundos, de Thereza Jessouroun, 19min, RJ * Dois Pra Lá, Dois Pra Cá, de Marcela Bertoletti, 19min , RJ * Ensaio de Cinema, de Allan Ribeiro, 16min, RJ * Inexorável, de Juliano Coacci Silva, 3min, DF * Lembrança, de Mauricio Osaki, 17min, SP * Mas na verdade uma história só, de Francisco Craesmeyer, 12min, DF * O canalha, de Latege Romro Filho e Rodrigo Luiz Martins, 13min, DF * Obra Prima, de Andréa Midori Simão e Thiago Faelli, 20min, SP * Os Pais, de Lello Kosby, 20min, DF * Quase de Verdade, de Jimi Figueiredo, 13min, DF * Roteiro para minha morte, de Pablo Gonçalo, 15min, DF * Sala de Montagem, de Umberto Martins, 3min, SP * Santa Bárbara do Oeste, de Tato Carvalho, 7min, SP * Vladimir Palmeira - A História Sem Mitos, de Roberto Reis Stefanelli, 20min, DF