Ricardo Daehn
postado em 30/10/2009 08:00
A mistura de idiomas, representações culturais e ecletismo temático já está organizada. Feito o processo de seleção de filmes, que atravessou dois meses, a 11; edição do FicBrasília (Festival Internacional de Cinema de Brasília) ; marcada para o período entre 4 e 15 de novembro ; começa a etapa decisiva de fisgar um público estimado em mais de 20 mil espectadores. Para a tarefa, entra em cena a exibição de 87 longas-metragens, num bloco de produções originadas por 33 países. A Mostra Primeira Visão e seções que contemplam filmes nacionais, franceses e sul coreanos, além da seleção competitiva e de agrupamento de fitas dedicado a homenagear a cinematografia do japonês Ryuichi Hiroki, são os segmentos que ajudam a formatar a ideia geral sobre o que será o evento.Abrindo o apetite dos cinéfilos, o diretor austríaco Michael Haneke terá o badalado A fita branca (vencedor da Palma de Ouro, em Cannes) exibido logo na abertura. Sempre associado a obras violentas (Caché e Violência gratuita são exemplos), desta vez, ele trata da perversidade infantil fomentada em meio à opressão de uma vila alemã que sofre os efeitos da Primeira Guerra Mundial.
Haneke integra a lista dos seletos diretores que têm obras escaladas para o FicBrasília, tendo o renome como atestado de qualidade ou chamariz. Sempre munido de controvérsia, Lars von Trier está à frente de Anticristo, outro escalado, que rendeu prêmio de atriz, em Cannes, para Charlotte Gainsbourg, intérprete de atormentada mãe enlutada que conta com a ajuda do marido psicanalista.
Outros nomes que sempre suscitam interesse, Ken Loach, Oliver Hirschbiegel (premiado em Sundance), Andrzej Wajda e François Ozon, respondem, respectivamente, por À procura de Eric, Five minutes of heaven, Tatarak e Ricky. Enquanto os três primeiros estabelecem dramas familiares, que envolvem adultérios e até assassinatos, o filme de Ozon (exibido no Festival de Berlim) examina o cotidiano fantástico de um menino nascido do mais incondicional dos amores. Saído do sucesso de Medos privados em lugares públicos, o octagenário Alain Resnais, à frente de outra atração, Ervas daninhas, impregna de clima onírico uma comédia romântica na qual uma dentista perde a carteira que servirá de elo entre ela e um homem casado.
Mais experiente do que Resnais, o centenário Manoel de Oliveira se apropria de texto de Eça de Queiroz para dar estofo ao longa Singularidades de uma rapariga loura. O rol de cineastas badalados fica completo com Lucía Puenzo (de XXY), que entrou na mostra competitiva do Fic, com El niño pez (em torno da atração lésbica vivida por uma jovem endinheirada e a assídua empregada paraguaia da família dela) e do sérvio Emir Kusturica, diretor do documentário Maradona by Kusturica, que examina a vida do ícone argentino. Do terreno esportivo, surge outra cinebiografia, Tyson, que coloca James Toback (reconhecido por Exposed) como mediador da série de confissões de um espontâneo Mike Tyson, num trabalho que chegou a render prêmio bem paralelo em Cannes.
11; FICBRASÍLIA ; FESTIVAL INTERNACIONAL DE CINEMA DE BRASÍLIA
Academia de Tênis José Farani (SCES, Tr. 4, 3316-6373). De 4 a 15 de novembro. Na abertura, com a exibição do longa A fita branca (de Michael Haneke) e do curta O teu sorriso (de Pedro Freire), os ingressos custarão R$ 40 e R$ 20 (meia). Valores da bilheteria regular: R$ 14 e R$ 7 (meia). Não recomendado para menores de 18 anos.
OS NÚMEROS
87 - Longas-metragens serão exibidos durante a mostra
33 - Países estão representados no festival