Diversão e Arte

Zoombido, programa de Moska no Canal Brasil, ganha o segundo volume em DVD

postado em 05/11/2009 09:59
André Abujamra tinha a cabeça tão grande que a mãe, preocupada, decidiu procurar um médico. O menino não tinha problema nenhum, o médico só achava que ele tinha de ;unir a mão com a cabeça;, ou seja, fazer arte. O pai, então, levou o garoto de 4 anos para assistir a uma aula de pintura. ;Tinha uma mulher pelada, fiquei com medo e saí chorando. Porque tenho medo de mulher até hoje, mas na época era mais;, brinca André. ;Aí ele me levou para uma escolinha de música. E eu chorei para não ir embora. Senti que era gostosinho estar ali. Odiava a escola normal, mas a de música, meu Deus;;

A história é contada pelo cantor e compositor paulista no DVD Zoombido ; Volume 2, com sete episódios do simpático programa que Paulinho Moska apresenta às quintas-feiras no Canal Brasil (nesta quinta, às 21h30, quem conversa com Moska é Rogério Flausino, vocalista do Jota Quest). Nesse DVD, lançado pela gravadora Biscoito Fino (o primeiro volume saiu em março, a ideia é lançá-los como ;fascículos;), os sete convidados são Nando Reis, Zélia Duncan, Leoni, Frejat, George Israel, Toni Garrido e André Abujamra.

Pés descalços, bem à vontade na casa onde é gravada a entrevista, no Rio, todos falam sobre as imagens mais antigas que têm da música, os primeiros instrumentos, as primeiras composições, o processo de fazer uma canção. No fim da cada episódio, cada um apresenta duas músicas ao violão e divide uma terceira com o anfitrião.

Frejat, por exemplo, se lembra de ouvir Lapinha (de Baden Powell) no rádio da cozinha de casa e da sensação de descobrir o calhambeque, ;aquele carro envenenadíssimo;, pelo menos na imagem que Roberto Carlos passava para quem ouvia. Fala da ;paixão total, profunda; pela guitarra, da coleção de discos que tinha aos 10 anos, da parceria com Cazuza. Zélia Duncan recorda-se do choro da avó, na porta de casa, quando a família se mudou de Niterói para Brasília ; e da mãe, de voz linda, cantando aquela saudade, ouvindo Nat King Cole, Claudette Soares.

Leoni, por sua vez, conta que achou que podia tocar violão aos 10, 11 anos. Mas sempre foi péssimo para decorar. Daí achava mais fácil cantar as músicas que ele mesmo inventava. George Israel não esquece o dia em que assistiu ao filme dos Beatles e saiu de lá para comprar o disco Help. E assinou ;George; na capa, com aquela letrinha de menino de seis anos. Já Toni Garrido comenta os discos que ouvia na casa onde a mãe trabalhava como empregada doméstica, os bailes black da favela, a adoração por Tony Tornado, com aquele cabelão redondo. Aos 3 anos, Toni já pegava uma vassoura, improvisava uma capa e saía pela casa imitando, claro, o mestre Tornado.

Nando Reis era outro que queria ser artista desde cedo. O pai gostava de Jorge Ben; a mãe, de bossa nova; a irmã, dos tropicalistas; o irmão, de rock;n;roll. ;Eles compravam muitos discos. Isso era 1969, 1970. Eu tinha um brinquedo feito de tirinhas de madeira, com ele eu construía uma guitarra. Mais tarde, 1972, por aí, eu idolatrava Alice Cooper. Passava muito tempo em frente ao espelho. Pegava uma vassoura, colocava uma bota da minha irmã, me pintava e ficava dublando. Aquilo, para mim, era um grande momento.; Sim, ele também adorava dublar o baterista do Yes. Com almofadas e agulhas de tricô.

Apesar de ter começado adolescente nos palcos (antes do Titãs, ele tinha uma banda chamada Os Camarões), Nando diz que só adquiriu confiança para se considerar compositor ; e não um esporádico fazedor de música ; depois que Marisa Monte gravou Diariamente. ;Essa música dissolve angústias;, observa ele, que tem dificuldade em escrever sobre o que não está sentindo. ;A música é a forma de expressão do meu estado de espírito. As palavras tentam precisar, dar cores e formas àquilo que é uma emoção, absoluta e obscura até então. Acho que faço música como necessidade de autoentendimento. Não tenho dúvidas de que faço música para me salvar. Se não, entro em desespero.;

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