Diversão e Arte

Vocalista da banda The Exploited diz que diferenças sociais são combustível para o movimento

postado em 06/11/2009 07:46
Se hoje em dia, crianças, atletas, colegiais, galãs de novela e até ; pasmem ; Júnior Lima (o irmão da Sandy) usam o cabelo moicano (raspados nos lados e arrepiado no meio) culpe Wattie Buchan, vocalista da banda The Exploited, segundo ele mesmo, o primeiro a usar o penteado (inspirado nos guerreiros de uma tribo indígena norte-americana) dentro do contexto punk no finalzinho dos anos 1970. Na verdade, Wattie não tem culpa se o punk foi usado e diluído das mais diferentes formas ao longo das décadas ; um processo até inevitável. Mas o legado da banda surgida em Edimburgo permanece underground. O vocalista e seus então companheiros de grupo pegaram o som e a fúria das bandas da primeira leva do punk britânico (Sex Pistols, Clash, Damned) e os levaram a um outro patamar: mais rápido e agressivo. Mais à frente, adicionariam ao som influências do metal. Na entrevista a seguir, Wattie fala sobre o punk hoje em dia, suas lembranças do Brasil e os planos da banda para o futuro. Algumas pessoas pensam que o punk está morto, não como um estilo musical, mas como atitude. O que você acha disso, o quão vivo está o punk em 2009? O punk ainda está vivo na Europa, tem muita gente contra os políticos no continente. O punk era mais político nos anos 1980 porque existia muita pobreza, adversidade e ódio na época no Reino Unido. As coisas ainda são uma m., mas no geral estão muito melhores agora do que antes. Mas o punk nunca vai morrer. Para mim, punk é um estilo de vida. É sobre questões sociais; ainda existe um monte de coisas erradas no mundo. Sempre existirão assuntos para se escrever. Com o Exploited, você viajou ao redor do mundo e conheceu diferentes realidades ; muitas vezes, piores que no Reino Unido. Como isso lhe influenciou? Temos sorte de viajar pelo mundo e ver o que está acontecendo em diferentes países, não apenas as besteiras que você lê nos jornais. E quanto aos shows no Brasil? Qual será o repertório? Eu realmente não sei o que esperar. Esperamos que os shows sejam ótimos e sem problemas. Vocês já tocaram no Brasil antes. Guarda boas memórias de suas outras visitas por aqui? Claro, conhecemos pessoas ótimas e fomos para um lugar chamado Paraty, que é como o paraíso. Também fomos a uma loja de discos para dar autógrafos. Na verdade nem chegamos lá: houve uma grande confusão em que 600 pessoas estavam se batendo. E nós levamos a culpa. Achei bem divertido. Centenas de bandas brasileiras de punk/hardcore são influenciadas pelo som do Exploited. Você conhece e gosta de alguma delas? Eu conheço e vi algumas delas, mas agora não consigo lembrar seus nomes. Sepultura é provavelmente a mais famosa que eu já ouvi. A caveira com moicano, símbolo do Exploited, é uma imagem diretamente associada ao punk. Como você criou isso? [SAIBAMAIS] Eu fui o primeiro a usar um moicano na época. Não era algo aceitável, era a pior coisa que você poderia ter. Toda noite era uma luta. As pessoas olhavam como se você fosse louco e nojento. Por esta razão eu fiz isso, porque significava alguma coisa. Você acha que é possível viver uma vida punk no Brasil, um país onde não existem squats (imóveis abandonados apropriados e usados como comunidades) e nem seguro desemprego dado pelo governo? O jeito do governo brasileiro encoraja um estilo de vida punk de anarquia e caos. Existem dois lados, os ricos e os pobres. Se você é pobre, você se f. e isso é injusto. E a opressão leva a um estilo de vida punk. O último disco de estúdio da banda saiu em 2003. Planos de gravar alguma novidade em breve? Sim, esperamos entrar em estúdio no ano que vem. THE EXPLOITED Hoje, às 21h, no Arena Futebol Clube (Setor de Clubes Sul). Abertura com as bandas Cabeloduro, Galinha Preta, DFC, Lobotomia (SP), Mukeka Di Rato e The Exploited (Escócia). Ingressos: R$ 20 (no local) ou R$ 15 (antecipados) à venda na Kingdom Comics (Conic), Abril Pro Rock (GamaShopping), Porão 666 (Taguatinga, atrás do Alameda Shopping) e na bilheteria do Arena. Não recomendado para menores de 18 anos. ; Assista a vídeo da banda The Exploited

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