Mauro Trindade
Não há uma nova fórmula para o Dia dia, exibido pela Band de segunda a sexta, às 9h45. Existe apenas Silvia Poppovic. Desde o último dia 26, a carismática apresentadora empresta a credibilidade de sua imagem e seu poder de comunicação para o programa matutino, que vinha perigosamente patinando em traços do Ibope. A entrada da jornalista, porém, não provocou mudanças significativas na audiência.
As outras emissoras também sofrem no horário. Tanto o Hoje em dia, da Record, quanto o Mais você, da Globo, não parecem motivar muitos espectadores. Os desenhos animados do Bom dia e cia, do SBT, costumam parear e até ganhar desses programas.
Quando surgiu, em agosto de 2005, o Hoje em dia renovou as manhãs na televisão. Era um programa capaz de dosar com inteligência serviço, notícia, culinária e diversão. A combinação de uma modelo pernalta, dois jornalistas e um chef oferecia personalidade e arejadas discussões, em um horário pontificado por apresentadoras loquazes a respeito de todo e de qualquer assunto, tenham ou não domínio sobre ele. O Hoje em dia trocava o ;achismo; generalizado por uma combinação de vivências e ;expertises;, o que arejava o programa com debate de ideias e algum bom senso. Uma fórmula que se desgastou com muita rapidez e não conseguiu mais atrair tanta audiência como no passado.
O Dia dia, por sua vez, retorna ao tom opinativo, com exceção das boas receitas e do bom humor de Daniel Bork no comando da cozinha. Nem mesmo a presença de especialistas convidados redime o programa de sua superficialidade. Pior ainda é a plateia montada no estúdio, dentro desse novo formato. Em desconfortáveis bancos sem encosto, pessoas constrangidas ; e que, em sua maioria, sequer são entrevistadas ; comentam a respeito de temas como tatuagens e traição, sem oferecer ao telespectador nada além do óbvio. O programa não consegue ser nem profundo nem descontraído. É apenas lugar-comum.
As manhãs da televisão brasileira continuam a ser território de uma certa visão do feminino, que reproduz nos estúdios o sofá da sala de estar dos lares brasileiros. Ali conversa-se a respeito de qualquer assunto. A apresentadora de tevê faz o papel de uma amiga mais desinibida. Na verdade, ser opinativo não implica ter informação. O adjetivo também remete à incerteza e suspeição.