Diversão e Arte

Compositor de sucessos como Amado e Longe, Marcelo Jeneci estreia hoje em Brasília com show no CCBB

postado em 13/11/2009 08:10
Marcelo Jeneci divide o palco do CCBB com a cantora Laura Lavieri: duplinha no estilo dos CarpentersMarcelo Jeneci é daqueles compositores que acham que música, depois de terminada, passa a ser do mundo, como todas as outras. ;A gente corta o cordão umbilical, perde a ligação;, diz o paulistano de 27 anos que escreveu várias canções de 2007 para cá, emplacou duas em trilhas de novela (Amado, na voz de Vanessa da Mata, entrou em A favorita, e Longe, com Leonardo, em Paraíso), mas só se apegou muito a uma, Feito pra acabar. ;Estou apaixonadíssimo por ela;, confessa ele, que escolheu a faixa como título de seu primeiro disco (independente), a ser gravado em dezembro e janeiro, e, claro, vai cantá-la todo orgulhoso no show de hoje, às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil.

Atração do projeto Pode Apostar(1), Marcelo Jeneci vem a Brasília pela primeira vez com seu show solo ; ele já esteve aqui outras vezes como instrumentista, as últimas como tecladista da banda de Arnaldo Antunes. O espetáculo, que vem apresentando há mais de um ano em São Paulo, sempre ao lado da cantora Laura Lavieri, foi a forma que encontrou para amadurecer o repertório antes de ir para o estúdio. ;Queria girar o show primeiro e depois gravar o disco, para não me arrepender depois;, explica.

Jeneci começou na música aos 17 anos, tocando acordeom e piano com Chico César. Foi o paraibano, inclusive, quem conseguiu dispensar o rapaz do serviço militar. ;Me lembro até hoje do dia em que fui entregar a carta do Chico para o tenente, lá na Zona Leste, pedindo para ele me liberar do Exército porque tinha uma turnê pela Europa e os Estados Unidos;, conta ele, que passou uns quatro anos na banda de Chico César e outros quatro acompanhando Vanessa da Mata. Nesse meio tempo, ainda tinha uns projetos paralelos, com José Miguel Wisnik, Luiz Tatit e Elza Soares. Arnaldo Antunes o chamou para trabalhar quando fazia o disco Qualquer (2006) e desde então eles estão juntos no palco. Viraram parceiros, inclusive, em músicas como Longe e Quarto de dormir, gravadas por Arnaldo.

Dois em um
Marcelo Jeneci divide sua vida musical em duas: a de instrumentista e a de compositor. ;A voz do compositor saiu meio do nada;, afirma. ;Depois de 10 anos tocando piano, teclado e sanfona pra lá e pra cá, eu resolvi arriscar e pegar uns instrumentos que não sabia tocar, como guitarra e violão. Isso ajudou a destampar a voz, o cancioneiro. E na hora em que isso aconteceu, me vi cercado de amigos, mestres da canção, que puderam me ajudar quando eu tinha uma ou outra dúvida numa letra.;

A maioria das músicas de Jeneci foi feita em parceria com alguém que terminou a letra, porque muitas vezes ele para em determinado momento e tem dificuldade de seguir. Quando isso acontece, quem continua são os amigos ; compositores como Arnaldo Antunes, Wisnik, Tatit, Vanessa da Mata, Ortinho, Carlos Rennó, Alice Ruiz e Zélia Duncan. ;São artistas que me foram apresentados na minha vida como instrumentista e que se mostraram presentes quando precisei. Agora a gente não se cansa de fazer música junto;, ri.

A vontade de fazer música e letra, segundo ele, veio de uns dois anos para cá. ;Fui encorajado pelos Los Hermanos, sou muito fã da banda. Um dia, ouvindo um disco deles no avião, pensei: ;Putz, acho que tem alguma coisa parecida com isso que pode sair daqui de dentro;; Aí comprei uma guitarra para ver no que dava. Foi meio instintivo, as músicas começaram a vir.;

Na mesma época, conheceu Laura Lavieri, que nos shows canta com ele praticamente todas as músicas. ;É quase uma duplinha como Carpenters, ou uma dupla sertaneja um pouco mais para o rock. Esses dias, a gente estava fazendo um programa de rádio e ligou um ouvinte: ;Nossa, faz 50 anos que espero ouvir vozes como as de vocês, parece Cascatinha e Inhana; (risos). Fui pesquisar e vi que era uma dupla superlegal! É, a gente encara bem essa coisa de cantar junto. Eu, ao mesmo tempo em que canto, toco sanfona; ela canta e toca cello. É uma combinação bacana.;

Foi com Laura que Jeneci começou a formar um repertório, a querer chamar os amigos para tocar no palco aquelas canções com eles. Até por isso, ele ainda fica na dúvida se o trabalho deve levar só o nome dele. ;As músicas são todas minhas, mas é uma coisa muito da dupla. É provável que na hora de gravar o disco eu mude o nome, ou a gente invente um nome para a banda.;

1 - Bons ventos
O projeto Pode Apostar, que começou no dia 30, com Mariana Aydar, e termina no próximo domingo, com Sílvia Machete, reservou ao palco do CCBB nove bons nomes da nova geração da MPB. Mariana Aydar já era conhecida na cidade e fez um ótimo show de abertura. Mas o melhor foi ver compositores que nunca haviam tocado aqui, como Rodrigo Maranhão, que teve a plateia nas mãos no último sábado, e Rodrigo Campos, com uma delicadeza comovente, no dia 31. Amanhã é a vez de Curumin.

PODE APOSTAR!
Show do cantor, compositor e instrumentista Marcelo Jeneci, hoje, às 21h, no Centro Cultural Banco do Brasil (SCES Tc. 2 Lt. 2; 3310-7087). Ingressos: R$ 15 e R$ 7,50 (meia). Classificação indicativa livre.

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