Cristiano Torres
postado em 13/11/2009 16:42
Autor de sucessos como Ai, que saudades da Amélia (com Mario Lago) e Mulata assanhada, Ataulfo Alves foi gravado por cantores como Orlando Silva, Silvio Caldas, Carmen Miranda, Clara Nunes e Itamar Assumpção (que, aliás, dedicou disco e show a ele, em 1996). Mesmo assim, o compositor andava meio esquecido. E oportunidades para relembrá-lo não faltam neste ano, que marca o centenário de nascimento do mineiro, nascido em Mirai, Zona da Mata, em 2 de maio de 1909. O livro Ataulfo Alves: vida e obra, que o escritor Sérgio Cabral lança nesta sexta-feira (13/11), às 21h, numa conversa descontraída com o público do Clube do Choro, faz parte das merecidas comemorações.
O biógrafo, que era amigo do personagem, narra no livro a trajetória de vida (Ataulfo morreu em 1969, pouco antes de completar 60 anos, em decorrência de uma úlcera) e garimpa as obras que o consagraram. Apresenta a musicografia do artista, com mais 320 composições e conta casos importantes, como o fato de ele só ter alcançado o sucesso nos anos 1940, quando passou a interpretar as próprias canções, e curiosidades como a eleição de Ataulfo, em 1961, como um dos 10 homens mais elegantes do país, em concurso promovido pelo colunista Ibrahim Sued.
Autor de biografias como Pixinguinha, vida e obra(1977), Tom Jobim (1987), No tempo de Almirante (1991) e Grande Otelo: uma biografia (2007), Sérgio Cabral tem mais de cinco décadas dedicadas ao jornalismo e à música popular brasileira e extraiu dessa convivência casos curiosos que vai contar no palco do Clube do Choro, especialmente sobre Ataulfo Alves.
O bate-papo faz parte do ciclo de palestras realizado no local às sextas-feiras, sempre às 21h, antes do show da noite. Passaram por lá, entre outros, o pesquisador Henrique Cazes, o compositor Clodo Ferreira e o produtor cultural Ruy Godinho. Reco do Bandolim, presidente do Clube do Choro, explica que o objetivo desses eventos é criar um espaço de ocupação política e de valorização da cultura, de artistas e pesquisadores que mantêm viva a memória da arte brasileira. "Nosso objetivo é criar um espaço de excelência para a música brasileira, e a inauguração do novo espaço - se tudo der certo, em março de 2010 - é um momento perfeito para isso", ressalta. O Clube do Choro fica no Setor de Difusão Cultural, no Eixo Monumental, próximo ao Centro de Convenções Ulysses Guimarães.