Diversão e Arte

Assistente de direção de Emmanuel Finkiel, Elsa Amiel vira intérprete no filme Nulle part, terre promise, um dos destaques do FicBrasília

postado em 14/11/2009 16:02
O português simpático e bem falado pela atriz e diretora francesa Elsa Amiel, minutos antes da exibição de Nulle part, terre promise (um dos destaques da 11ª edição do FicBrasília, em reprise hoje, às 21h30, Academia 5), encheu de perplexidade a sessão de quarta-feira. Com um sorriso maroto, no dia seguinte, ela logo explica à reportagem do Correio. "Tenho sangue português nas veias", esclarece, justificando descendência lusitana dos pais. No Brasil pela primeira vez para representar a produção dirigida por Emmanuel Finkiel (um dos candidatos na mostra competitiva), a jovem artista de 30 anos fala da experiência de poder, pela segunda vez, participar de um filme na condição de atriz. Assistente de direção de vários projetos, ela só havia emprestado o rosto antes num dos episódios de Les européens (2006). "Na verdade, sou assistente de diretor, não sou atriz, mas de alguma forma minha experiência por trás das câmeras ajudou bastante na construção da personagem", conta Amiel, que já se aventurou na direção de dois curtas-metragens. Em bom português, a francesa Elsa Amiel surpreendeu público do FicBrasília durante sessão: sangue lusoNo filme, ela encarna uma estudante que perambula pelas ruas de algumas capitais europeias registrando o que vê com uma câmera nas mãos. A história compõe um dos três vértices narrativos, que incluem ainda a tentativa de um grupo de imigrantes de chegar até Londres (a terra prometida do título), passando pela França, e de um jovem gerente, que fiscaliza uma fábrica, em meio a uma crise administrativa. Com pegada de produção independente, Nulle part, terre promise surpreendeu o público ao deixar as tramas em aberto. Algumas pessoas chegaram a sair do cinema antes de terminar o filme. A atriz Elsa Amiel explica que essa opção narrativa, adotada pelo diretor Emmanuel Finkiel, é decorrente da necessidade de contar uma história de forma diferente e que, na França, as pessoas também reagiram de forma indiferente ao estilo. "O filme foi rodado sem roteiro, chegamos a filmar com refugiados de verdade e todas essas novidades foram importantes porque nos deram a chance de participar do processo inteiro de criação do projeto. Eu cheguei a fazer algumas imagens enquanto estive na Hungria e na Romênia. Depois de algumas conversas com o diretor, essas sequências foram usadas no filme", informa a atriz. "Mas essa reação de estranhamento também se deu na França, o que é curioso já que a nouvelle vague quebrou alguns padrões quando chegou. Acho que, com o tempo, as pessoas estarão preparadas para assistir ao filme", torce. Sobre as questões sociais que perpassam a história, sobretudo no diz respeito à imigração, situação cara aos franceses, que sempre recorrem ao tema tanto no cinema quanto na literatura, a atriz é bastante contundente. "É um problema em toda a Europa. Na França, a situação é bastante delicada com o governo, fazendo coisas que são contra os direitos humanos. O cinema e a literatura são importantes veículos para falar sobre o assunto", observa. Enquanto aguarda com expectativa o lançamento do filme no Brasil, no momento, sem distribuidora, Elsa Amiel, que começou a carreira no cinema como estagiária do diretor franco-chileno Raúl Ruiz, tece planos para o futuro. Aguarda com ansiedade a oportunidade de trabalhar nos Estados Unidos no próximo projeto do cineasta Emmanuel Finkiel. Dessa vez, como assistente de direção. %u201CÉ uma história baseada num conto da escritora Lisa Ward", antecipa. "Será uma grande experiência trabalhar com ele porque é um cara que foi assistente de nomes importantes do cinema, entre eles Godard. Sei que é difícil trabalhar com ele como diretor, mas é um gênio, um cara que tem o cinema nas veias e isso é um estímulo", elogia. Cria de mestres A carreira de Emmanuel Finkiel foi construída à sombra de grandes mestre do cinema, já que trabalhou como assistente de direção de Krzysztof Kieslowski e Jean-Luc Godard. Agraciado com importantes prêmios, entre eles o César ( o Oscar francês), é diretor de filmes como Madame Jacques on the Croisette, Voyages e Casting, todos inéditos no país.

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