Ricardo Daehn
postado em 19/11/2009 09:00
Com um ano e meio tomado na ilha de edição do longa Perdão, mister Fiel, a produtora e editora Ana Maria Rocha elege, entre 50 horas de depoimentos colhidos para o filme, o conteúdo dito pelo ex-agente do DOI-Codi Marival Chaves como um dos mais contundentes. Registrada, praticamente, às vésperas da montagem, a entrevista trata do modus operandi do aparato da tortura. ;Ele contou que houve o esquartejamento de corpos (e das falanges) dos mortos para que não fossem identificados. O Jorge (Oliveira, diretor do longa e marido de Ana Maria) perguntou se isso aconteceu com algum político. A resposta de Chaves foi ;que eu saiba, o (deputado) Rubens Paiva; (foto). Mas, ele não chega a entrar em detalhes sobre o que teria acontecido com o Rubens Paiva. Coloca Rubens entre os que poderiam ter sido esquartejados, mas não tem a informação precisa;, adianta a editora.Numa CPI sobre as atividades de dois institutos (Ipes e Ibad), financiadores de palestrantes e escritores que publicavam artigos sobre a chamada ;ameaça vermelha; no Brasil, Rubens Paiva começou a descobrir cheques depositados nas contas de alguns militares.
Com 30 anos de experiência na televisão, Ana atenta para o alto grau de confiabilidade no depoimento de Marival. ;Senti que ele ficou mexido com questões relacionadas à consciência, isso em relação ao tipo de trabalho que executou, tanto que pediu baixa do Exército;, explica. Outro foco de visibilidade está no conteúdo do que é dito pelo presidente Lula. ;Ele fala da figura do Manoel Fiel Filho e daquilo que ele representou, politicamente. Lula conta da resistência à entrada no Partido Comunista e de como desagradava-lhe a ideia da clandestinidade atrelada a envolvimento partidário. Ele fala da indignação que o levou à condição de líder e da atuação no movimento operário;, conclui.