postado em 19/11/2009 09:37
O estilo de alguns cineastas transborda pela tela. Para o professor e crítico de cinema Sérgio Moriconi, o diretor francês Claude Lelouch é um bom exemplo disso: ;Se eu começo a assistir um filme dele que eu não conheço, em 10 minutos digo que é do Lelouch;, afirma. A obra do diretor do premiado Um homem, uma mulher apresenta uma série de características que logo ;denunciam; ser ele o autor da película em exibição. Ainda assim, ele está longe de ser uma unanimidade com a crítica cinematográfica. Moriconi nota que, em pleno ano da França do Brasil, muito se falou dos consagrados Jean-Luc Godard, Claude Chabrol, entre outros, mas pouco ou nada sobre Lelouch, um dos mais populares diretores entre o público francês.
[SAIBAMAIS]Os interessados em conhecer ou rever alguns dos melhores filmes da cinematografia do diretor terão na mostra O cinema de Claude Lelouch uma boa oportunidade. Parte do projeto Cinema da República, o evento será realizado de hoje a 29 de novembro no auditório 2 do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República. Ao todo 10 filmes serão exibidos.
Curador da mostra, Sérgio Moriconi explica que a rejeição ao trabalho de Lelouch vem da formação anterior do diretor: ;Ele era cameraman. Mas antes de ser cineasta, ele foi repórter, fez muitas reportagens. Isso ajuda a entender os movimentos de câmera complicadíssimos que ele usa ; aliás, ainda hoje ele manipula a câmera em seus filmes. Por isso, muitos dos colegas de profissão o viam como um pária, um tecnicista que pecava pela estética publicitária, pelo virtuosismo;.
O curador ressalta que o período histórico contribuiu para a implicância: ;Ele lançou o primeiro longa no momento em que a nouvelle vague começava a aparecer. Além disso, aqueles eram tempos de grande efervescência política e o Lelouch não pertencia a esse universo ; ele era um esportista, tinha outros interesses. Por isso, acabou sendo rejeitado. Ele não pode ser considerado um autor intelectual, não tinha essa preocupação, mas também não é um idiota;.
Para aumentar a raiva dos detratores, em 1966, Lelouch ainda ganhou, com Um homem, uma mulher, o prêmio máximo no festival de Cannes e, no ano seguinte, o Oscar por melhor roteiro e filme estrangeiro. Ainda assim, a intelectualidade o criticava, acusando o diretor de tratar o amor de uma forma banal. Uma visão menos preconceituosa logo percebe que não é bem assim.
O cinema de Claude Lelouch
De hoje a 29 de novembro, no auditório 2 do Museu Nacional do Conjunto Cultural da República (Esplanada dos Ministérios). Entrada franca. Informações: 3443-8891.