Diversão e Arte

Sessenta anos depois, o chorinho de Waldir Azevedo continua popular

Irlam Rocha Lima
postado em 27/11/2009 08:57
Waldir Azevedo era um desconhecido solista do regional da Rádio Clube do Brasil, quando, em 1949, foi convidado por João de Barro, o Braguinha, para ocupar a vaga aberta no cast da gravadora Continental, com a saída de Jacob do Bandolim. Seis meses depois, o cavaquinista tornou-se um nome nacional impulsionado pelo sucesso de Brasileirinho, gravado no disco de estreia. Passados 60 anos, esse choro é, juntamente com Aquarela do Brasil e Garota de Ipanema, uma das músicas brasileiras de maior popularidade no exterior.

Waldir Azevedo, em sua casa no Lago Sul: de volta ao cenário nacional"Ao indicar Waldir a Braguinha, o violonista Dilermando Reis (criador e diretor do regional da Rádio Clube), fez elogios ao músico, "que toca um choro ligeiro". Impressionado com a rapidez do instrumentista ao cavaquinho, Braguinha imediatamente o contratou. Aquele jovem, nascido no subúrbio carioca do Méier, mostrou que além de talento, pois estava no lugar certo, na hora certa", conta Henrique Cazes, multinstrumentista, pesquisador, produtor e especialista em Waldir Azevedo.

Lançado em novembro daquele ano, o bolachão transformou-se em um fenômeno de venda na época. "Com Brasileirinho executadíssimo nas rádios, o disco atingiu a marca de 250 mil cópias comercializadas três meses depois de lançado, algo inimaginável na época em se tratando de música instrumental", recorda-se Olinda Azevedo, viúva do "rei do cavaquinho" - com quem era casada há quatro anos.

Diante do sucesso imediato, o músico passou a ser convidado para apresentações em todo o país. A partir dali, deu início a uma carreira solo vitoriosa, com o lançamento de incontáveis 78 rotações LPs, todos bem acolhidos pelo público - com destaque para Delicado (1950) e Pedacinhos do céu (1951)%u201D, como conta Henrique Cazes.

Até 1964, o instrumentista manteve-se em intensa atividade, gravando e fazendo apresentações. Abalado com a perda de uma filha (num acidente de carro), ficou três anos afastado da música e, quando voltou a gravar, parecia não ter mais a mesma energia. A mudança para Brasília, em 1971, acompanhando outra filha, casada com um servidor do Banco Central, transferido para a capital, "operou um verdadeiro renascimento artístico em Waldir", lembra Cazes.

[SAIBAMAIS]Em 1990, Cazes produziu o CD Tocando Waldir Azevedo, lançado pela gravadora Kuarup. Sete anos depois ele voltou ao tema com o Relendo Waldir Azevedo, que saiu pela RGE; e em 2002 esteve à frente do projeto Sempre Waldir, coletânea da Kuarup que reuniu vários instrumentistas na execução de músicas do compositor. "Até o fim do ano, a gravadora Warner lançar um álbum triplo, produzido por Carlos Alberto Sion, comemorativo dos 60 anos de Brasileirinho, para o qual fiz a pesquisa e o texto de apresentação", anuncia.

Nesse álbum foram focalizadas as diferentes fases da carreira de Waldir. "No primeiro, sob título Brasileirinho, que cobre o período de 1949 a 1952, estão as músicas de maior sucesso, entre as quais, Delicado, Vê se gostas, Pedacinhos do céu e, claro, a faixa-título. O segundo, traz composições feitas entre 1953 e 1969, de Luz e sombra a É uma doçura. Flor do Cerrado, o terceiro CD, é o da fase brasiliense e traz choros compostos por Waldir na capital - 14 ao todo - como Minhas mãos meu cavaquinho, Choro novo, Lamento de um cavaquinho, além da regravação de Ingênuo (Pixinguinha) e Viagem (João de Aquino e Paulo César Pinheiro).

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