Diversão e Arte

"Meu pedacinho do céu"

Irlam Rocha Lima
postado em 27/11/2009 09:10
Os nove anos vividos por Waldir Azevedo em Brasília - entre 1971 e 1980 - foram bastante produtivos, embora, ao se radicar na cidade, ele tivesse o propósito de manter-se no anonimato e "aposentar-se" da carreira artística. Mas a presença do mestre do cavaquinho aqui não passou despercebida por músicos ligados ao choro, entre os quais o violonista Hamilton Costa, o citarista Avena de Castro e o bandolinista Francisco de Assis (todos já falecidos), e o veterano Pernambuco do Pandeiro. Eles, depois do primeiro encontro com Waldir, conseguiram persuadi-lo a participar das rodas de choro que ocorriam no apartamento do jornalista Raimundo de Brito, na 105 Sul. Devidamente enturmado, o músico, com entusiasmo redobrado, voltou à música. "Brasília fez muito bem ao Waldir. Na capital, ele passou a participar de rodas de choro, o que nunca fizera no Rio de Janeiro, por ter se tornado, desde o lançamento de Brasileirinho, uma pessoa famosa", revela o também cavaquinista e pesquisador Henrique Cazes. "O Waldir gostava de reunir-se com os amigos para tocar, principalmente nas tardes de sábado, em nossa casa na QI 1 do Lago Sul, e em outros locais. Esses encontros, sempre muito concorridos, foram determinantes para despertar nele um sentimento de carinho por Brasília, que ele chamava de 'meu pedacinho do céu'", conta Olinda Azevedo. Não demorou muito para formar o grupo que passaria a acompanhá-lo em shows e na gravação de discos. Velho amigo dos corredores da Rádio Clube do Brasil, no Rio de Janeiro, Pernambuco do Pandeiro foi incubido por Waldir para arregimentar os músicos. Embora tenha havido algumas mudanças, o grupo que acabou se firmando, era formado pelos violonistas Hamilton Costa e Carlinhos Bombril, Eli do Cavaco, o percussionista Valdecy e, obviamente, Pernambuco do Pandeiro. A volta oficial de Waldir Azevedo à cena musical foi em 1974, com um show na Sala Martins Pena do Teatro Nacional, que repercutiu nacionalmente. Ele, então, passou a ser convidado para apresentações em todo o país e até no exterior. A última vez em que subiu ao palco foi no dia 14 de setembro de 1980, no clube da extinta Telebrás, próximo ao Centro Olímpico da UnB. Seis dias depois, vítima de problemas coronários, o "rei do cavaquinho" morreria no hospital da Beneficência Portuguesa, em São Paulo. Enterrado no Campo da Esperança, ao som de Brasileirinho, teve os restos mortais transladados para o Rio de janeiro em 1992.

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