Diversão e Arte

Máscaras surreais do Mummenschanz

postado em 03/12/2009 09:08
O grupo suíço Mummenschanz(1) possui no currículo uma realização artística que pouquíssimas companhias de teatro podem se gabar de ter: eles criaram uma linguagem própria. Em seus espetáculos não há texto, trilha sonora ou cenografia. Os atores não interpretam papéis convencionais. Muitas vezes, saem do palco incólumes, camuflados com suas roupas pretas e escondidos nas sombras, longe da luz dos holofotes - ou, ao contrário, em espalhafatosos trajes coloridos muito bem iluminados (ainda que a identidade dos intérpretes continue anônima). Ainda assim, algo mágico acontece em cena. Objetos ganham vida, elasticidade, movimentos e novas dimensões. A comunicação com o público sugere sentimentos, sensações, vivências. Cena do espetáculo: trupe suíça vem ao Brasil peça terceira vezO Mummenschanz já esteve no Brasil em duas ocasiões (em 2004 e 2006), mas a turnê pelo país deste ano é a primeira a constar com Brasília na agenda. Hoje e amanhã, eles apresentam na Sala Villa-Lobos do Teatro Nacional o retrospectivo espetáculo Mummenschanz - Best of. "Temos um repertório de 100 esquetes. E para mim, todos são os melhores", brinca Floriana Frassetto, uma das fundadoras do Mummenschanz, "Vamos apresentar 27 deles, escolhidos dos nossos quase 40 anos de trajetória", ela continua. A seleção pega criações do começo da carreira, marcada pelo uso de máscaras, e vai apresentando a evolução do trabalho - com o uso de formas geométricas ou abstratas e ainda mãos, bocas e objetos em tamanho gigante. "É uma mistura de nosso trabalho mais recente com o anterior. Até agora, funcionou bem da China à Polônia e Curitiba. Estamos muito curiosos para saber como as pessoas em Brasília vão reagir", comenta Frassetto. Os experimentos que viriam a dar início ao Mummenschanz começaram a ser realizados no final dos anos 1960 pelos estudantes de artes cênicas Bernie Schürch e Andres Bossard. Em 1972, Floriana Frassetto se juntou a eles, formando assim o principal núcleo criativo do grupo. Os espetáculos apresentavam um junção singular de elementos do circo, do teatro de fantoches e da comédia dell%u2019arte. No palco, cenas poéticas, por vezes surrealistas, mas geralmente cômicas. Ainda na década de 1970, eles conseguiram reconhecimento internacional, fazendo várias apresentações fora da Suíça. Nos Estados Unidos, por exemplo, ficaram durante quase quatro anos em cartaz na Broadway (Nova York). Bossard morreu em 1992. Superado o abalo pela morte do companheiro, o grupo continuou sua trajetória, criando novos espetáculos e fazendo experimentos com novos materiais. Atualmente, além dos fundadores, o grupo é formado pelos italianos Raffaella Mattioli e Pietro Montandon. 1 - A sorte de se cobrir A origem do nome do grupo remonta aos tempos medievais. Quem explica é Floriana Frassetto: "Mummenschanz é uma antiga palavra alemã. Antes de partir para a batalha, os guerreiros jogavam dados ou cartas. Sabendo que não conseguiriam manter a concentração, eles usavam uma máscara de madeira conhecida como "mummenschanz". Mummen vem de mímica e schanz, da palavra francesa chance, que significa sorte. Então, o nome do grupo é algo como 'sorte de se cobrir". Mummenschanz Quinta e sexta, às 21h, na Sala Villa Lobos do Teatro Nacional. Apresentação do espetáculo Mummenschanz - Best of. Ingressos: R$ 100 e R$ 50 (meia). Sujeito a alteração sem aviso prévio. Informações: 3325 6256. Classificação indicativa livre. Veja trecho do espetáculo

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