Diversão e Arte

Escritor alemão Ingo Schulze lança dois livros em Brasília

Nahima Maciel
postado em 03/12/2009 11:11
Lançamento dos livros de Ingo Schulze será hoje, às 19h30, na Embaixada da Alemanha (SES - Av. Das Nações, Qd 807, lote 25)Quando o Muro de Berlim veio abaixo, em novembro de 1989, Ingo Schulze, um jovem estudante nascido na então República Democrática Alemã (RDA), resolveu juntar alguns amigos e criar um jornal. Para manter a empreitada, conheceu o mundo dos negócios, no qual era obrigado a conviver com empresários para conseguir capitalizar o jornal. A meio caminho entre o comunismo que se esfacelava e o capitalismo que se instalava na Alemanha reunificada, Schulze aos poucos passou das ilusões de um mundo novo de liberdade de expressão à realidade de um mercado competitivo. O jornal acabou, mas o escritor nasceu. Vidas novas, que o alemão lança nesta quinta em Brasília, tem pitadas autobiográficas ao contar a história de um personagem que, diante do fim da RDA, resolve criar um jornal e se tornar um pequeno empresário. Publicado na Alemanha em 2005, o romance começou a tomar forma em 1998, quando Schulze já começava a ser conhecido como um dos nomes mais expressivos da literatura alemã contemporânea. [SAIBAMAIS]Formado em filologia clássica e profundo conhecedor da literatura medieval, Schulze, 46 anos, foi buscar na contemporaneidade os temas para os 10 livros publicados desde 1995. A ironia e a postura crítica ao narrar histórias de uma Alemanha contemporânea e reunificada - o escritor é incisivo ao apontar os prós e contras do fim da RDA e transportá-los, sempre muito sutilmente, para o cotidiano de seus personagens - foram responsáveis por elevar o nome do alemão ao patamar de um dos seis jovens romancistas mais importantes do planeta, segundo a revista norte-americana The new yorker. No Brasil, além de Vidas novas e Senhor Augustin, infanto-juvenil que Schulze também lança hoje, chegaram apenas Celular e Histórias simples da Alemanha Oriental. Os contos contemplativos destes dois livros cedem lugar a formato mais denso em Vidas novas. O autor se confunde com um simples organizador das cartas de seu personagem, embora em muitos momentos deixe entrever que estas são também fruto da criação literária. Mas é a forma epistolar que Schulze reverencia nas mais de 700 páginas do romance.

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