postado em 04/12/2009 09:03
Música em todos os cantos da cidade. Foi assim que o Dia Nacional do Samba foi comemorado na última quarta-feira e continua amanhã na Associação Recreativa Cultural Unidos do Cruzeiro (Aruc). Renata Jambeiro comandou a folia no Café da Rua 8 (408 Norte) e a bateria da escola de samba Bola Preta de Sobradinho, com a participação da Estação Primeira de Mangueira, esquentaram a quadra da Aruc no dia 2. Quem perdeu a festa não precisa se lamentar "tanto", a programação (de graça) continua até sábado na Aruc, com a cantora Cris Maciel, hoje e, com Jorge Aragão, amanhã.
A Plataforma do Samba foi um sucesso: no meio do corre-corre de fim de expediente na quarta-feira, quem passou pela plataforma inferior da Rodoviária do Plano Piloto parou para ver, dançar e cantar com um grupo de pelo menos 20 músicos da cidade. "A ideia é interagir com o povo, ir aonde ele está, e a massa do Distrito Federal está aqui. Queremos democratizar o samba, já que o acesso à cultura é tão restrito", explica Guto Martins, percussionista do grupo Adoraroda e idealizador do projeto, junto com Cris Pereira.
Inspirados em outros projetos como o Pagode do Trem(1), o samba na rodoviária teve início em 2007, coincidentemente, no ano em que o samba do Rio de Janeiro foi considerado Patrimônio Cultural do Brasil. Mas, não por acaso, o horário de 17h foi escolhido para começar a festa popular. "É pra pegar o pessoal saindo do trabalho. As pessoas param e acabam ficando", destaca Guto. E ele estava com a razão. O cartunista Hudson Santos, 40 anos, foi uma das pessoas que foram pegas de surpresa pela batucada: "Gostei muito do que ouvi, acho que deveria ter mais vezes, ainda mais na rodoviária, no coração de Brasília".
Breno Alves, vocalista do grupo Adoraroda, acredita que a evolução do projeto é reflexo do fortalecimento do samba. "Isso é visível pelo público que a cada ano aumenta", comemora. Opinão compartilhada por Cris Maciel : "O samba está mudando aqui. Antigamente, se a batucada fosse no Plano Piloto, só dava gente daqui, se fosse em Ceilândia, a mesma coisa. Hoje, vejo que o público está se misturando e isso é ótimo. A cada dia que passa o samba se torna mais popular."
"É ótimo ter todos os amigos aqui comemorando o Dia Nacional do samba, afinal, quem não gosta de samba bom sujeito não é, é ruim da cabeça ou doente do pé", brincou Renata Jambeiro, fazendo uma alusão à música Samba da minha terra, de Dorival Caymmi. Renata também marcou presença no evento. Teresa Lopes, Cris Pereira, Luiza Ceolin, Ana Aune e Deborah Vasconcellos completaram o time feminino que encantou o público.
Entre sucessos do gênero como Sorriso aberto, de Dona Ivone Lara, e Minha filosofia, de Aluísio Machado, Sônia Palhares, figura conhecida nas rodas de samba locais, lembrou que o Dia Nacional do Samba surgiu após uma visita de Ary Barroso, autor de Na baixa do sapateiro, à Bahia. "É uma data de resistência. Hoje é um dia para reverenciar Cartola, Nelson Cavaquinho... Viva a música popular brasileira", bradou.
O compositor carioca Carlos Elias lembra que antigamente samba era considerado coisa de malandro, mas que o cenário mudou para melhor. "O samba tem uma força grande, é um ritmo muito representativo, e dessa maneira ganhou espaço. Por isso que estamos aqui hoje", afirmou Carlos, que engrossou o coro de "bis" para o projeto. "Todo dia é dia de samba. Precisamos fazer uma roda como essa uma vez por mês aqui na Rodoviária. Nada melhor do que isso", completou.
1- No vagão
O Pagode no Trem foi idealizado por Marquinhos de Oswaldo Cruz para celebrar o Dia Nacional do Samba no Rio de Janeiro. Em trens saídos da Central do Brasil rumo a Oswaldo Cruz (subúrbio do Rio), a música corre solta nos vagões. Em 2009, o evento marcou a 14ª edição com a presença de bambas do samba como Mauro Diniz, Wilson Moreira e com as velhas guardas da Portela, do Salgueiro e do Império Serrano.