postado em 04/12/2009 10:28
Vocalista, violonista e compositor da banda brasiliense Korina, Guilherme Cobelo saiu de um universo musical para outro completamente diferente. O estudante de história, 23 anos, foi fundador da banda de metalcore Lesto. Como guitarrista, gravou com eles o primeiro disco e fez uma série de shows antes de sair do grupo. ;Nunca fui de escutar em casa o tipo de som que o Lesto e bandas do tipo fazem. Eu curtia tocar com os caras, sentir aquela energia no palco, botar os demônios pra fora. Mas o que sempre gostei de ouvir está mais para Bob Dylan;, ele explica.Compondo sozinho, Guilherme foi acumulando canções no formato voz, violão e gaita. Mas o Korina só passou de um projeto solo para uma banda com baixo, guitarra e bateria em janeiro deste ano. Numa noite de bebedeiras, Guilherme e o amigo baterista Márlon Tugdual combinaram de formar uma banda e convidar o guitarrista Kelton Gomes. ;Chamavam-no de ;Eric; Kelton, por conta do talento com o instrumento. Pensei: ele deve ser bom;, lembra o vocalista. O baixista Luciano Bill permaneceu com eles até recentemente, quando Nandico, também da formação de Pedrinho Grana & Os Trocados, assumiu o posto. ;O começo era mais folk mesmo, mas quando nos juntamos a coisa eletrificou, sentimos que ia rolar um rock;, comenta Guilherme. O nome Korina vem de Corrina, Corrina, tradicional música folk (de autoria desconhecida) gravada por incontáveis intérpretes, Bob Dylan entre eles.
Ao longo deste ano, o Korina foi gravando alguns músicas. Cinco delas entraram no EP que o quarteto lança amanhã no Gate;s Pub. O disquinho apresenta algumas facetas da banda: o lado acústico, bem representado por Dylanesca e Maria não está, o roqueiro (com ecos de Stones e southern rock) de Agora já e as baladas Um homem preguiçoso e Farewell ; esta última, o grande destaque do EP, um baladão épico à Zé Ramalho. ;Ele é uma grande influência minha, com certeza. E também Neil Young, Leonard Cohen, Tim Buckley;;, lista Guilherme.
Segundo o vocalista, o lançamento de amanhã promete ser o primeiro de vários nos próximos meses. Ainda este mês, eles devem colocar na internet um single com músicas de Natal. Ou melhor, músicas para quem não gosta de Natal. No começo de 2010, deve sair mais um EP, O misterioso assassinato de Kid-preso-à-toa. ;Este é mais folk, uma onda meio marginália;, adianta.
E o pique do Korina não para por aí. A intenção dos caras é se aproximar de outras manifestações artísticas: história em quadrinhos, teatro, trilha sonora de cinema. ;Temos tantas ideias na cabeça que até parece que a gente vai morrer amanhã. Estamos com todo o gás;, garante o vocalista.
KORINA
A banda brasiliense lança o primeiro EP neste sábadoã, às 22h, no Gate;s Pub (403 Sul). Shows com as bandas Tiro Williams, Korina e Club Silêncio. Discotecagem por Jack, Tornozelo e Adriano (Watson). Entrada: R$ 15 (preço único). Não recomendado para menores de 18 anos. Ouça a banda Korina em http://www.myspace.com/korinakorina.
Se gostou, ouça
Desde os anos 1970, a influência do folk e do country rock pode ser ouvida em diversas bandas brasileiras. Abaixo, três bons exemplos:
Os Pistoleiros
O azar do grupo catarinense foi ter existido no começo desta década, quando o cenário independente ainda se consolidava e a internet era novidade. No som, um encontro de indie, alt-county e psicodelia, com surreais letras urbanas. Volta e meia os músicos se reúnem para apresentações especiais. O único registro da banda, um já clássico EP, pode ser baixado no site www.senhorf.com.br.
Cowboys Espirituais
Alguém se lembra do hit Jovem cowboy, que juntava country com rap, e tocou muito na MTV no fim dos anos 1990? A banda gaúcha formada por Frank Jorge (Graforreia Xilarmônica), Márcio Petracco (ex-TNT) e Júlio Reny lançou em 1999 um disco que acabou não conseguindo o êxito merecido. O trio apostava em uma sonoridade eletroacústica em clima de velho oeste com muito banjo, slide e lapsteel.
Sá, Rodrix & Guarabyra
Surgido no começo da década de 1970, o trio formado por Luiz Carlos Sá, Gutenberg Guarabyra e Zé Rodrix foi pioneiro do que se convencionou chamar de ;rock rural;, nada mais nada menos que uma adaptação nacional do folk rock, com influências da música regional brasileira. Deixaram dois clássicos LPs, Passado, presente, futuro (1972) e Terra (1973). Coletâneas da banda são facilmente encontradas nas lojas.