Diversão e Arte

Toninho Ferragutti promete um passeio por estilos variados no show que apresenta no Clube do Choro

postado em 09/12/2009 08:02
Os chineses inventaram o macarrão, a bússola e a pólvora. Entre as grandes criações desses orientais, também se encontra o precursor do acordeão - um órgão sanfonado acionado pelo sopro, surgido 3 mil anos antes de Cristo em terras chinesas. No século 19, o instrumento ficou versátil nas mãos dos europeus, que, com ele criaram valsa, fado, polca e outros ritmos, e começou a fazer barulho também no Brasil. Do bugiu gaúcho ao forró, a viagem de ritmos está bem representada na carreira de Toninho Ferragutti, acordeonista que se apresenta de hoje a sexta-feira no Clube do Choro. Toninho se divide entre o trabalho autoral e a colaboração em gravações e turnês de grandes nomes da música popular brasileira. É dele o acordeão dos dois últimos CDs de Maria Bethânia e na turnê São João vivo, de Gilberto Gil. Toninho Ferragutti já tocou também ao lado de Chico César, Lenine, Elza Soares e Marisa Monte. "Não me prendo a apenas um estilo. Como gosto de tocar um pouco de tudo, é nas composições que expresso minha criatividade. No trabalho com diversos artistas, sempre me deparo com um leque de acordes e sequências que me inspiram a criar outras canções. Assim, surge meu trabalho autoral", acredita o músico. As composições acumuladas ao longo de 26 anos de carreira resultaram em dois álbuns instrumentais, Sanfonemas (2004) e o consagrado Nem sol, nem lua (2006), que lhe rendeu uma indicação ao Prêmio TIM de melhor CD instrumental. "Queria compor músicas que integrassem acordeão e quinteto de cordas. Foi pensando no trabalho coletivo que nasceram as 11 músicas do último CD", explica. Com o acordeão como marca registrada, as composições explicitam influências de choro, forró, gafieira e chamamés. Em Sanfonemas, o instrumento conversa com saxofone alto e baixo, clarineta e percussão. Os dois álbuns compõem o repertório de hoje, ao lado de canções de Dorival Caymmi, homenageado da noite, e Sivuca. %u201CSeparei músicas de estilos variados, bem representativos da minha carreira, e outras populares%u201D, detalha. Na apresentação, ele será acompanhado por Henrique Neto (violão de sete cordas), Oswaldo Amorim (contrabaixo), Leander Motta (bateria) e Ademir Júnior (clarineta e saxofone). Mais cedo, às 18h, fará uma oficina de música no Clube do Choro, com entrada franca. Diversidade A história de Antônio de Pádua Ferragutti com o acordeão é antiga. Influenciado pelo pai, o saxofonista Pedro Ferragutti, Toninho começou a se envolver com o instrumento aos 8 anos, embalado por encontros de músicos em sua casa e bailes e gafieiras de sua cidade natal, Socorro, no interior de São Paulo. "Meu envolvimento com o acordeão é um pouco obra do acaso. Existem certos modismos no ensino de música e isso é, de certa forma, cíclico. Na época em que comecei, todo mundo estava aprendendo a tocar acordeão. Mas foi na universidade que tomei gosto pelo instrumento, em rodas de choro", conta ele, que abandonou a faculdade de veterinária para se dedicar exclusivamente à música. Quando jovem, o acordeonista estudou no conservatório Gomes Cardin, em Campinas, e teve aulas particulares de acordeão com Dante D'alonzo. Com a mudança para a capital paulista, em 1983, se tornou solista da Orquestra Jazz Sinfonica de São Paulo e na Orquestra Petrobras Pró-Música. A versatilidade da música de Ferragutti o levou ao jazz. Há três anos, ele acompanha a orquestra da maestrina e compositora norte-americana Maria Schneider. "Essa tem sido uma excelente experiência. O universo do acordeão é muito amplo, por suas variações de acordes, ele se integra a todos os ritmos e cria boas melodias com outros instrumentos", afirma. TONINHO FERRAGUTTI Shows de hoje a sexta, às 21h45, no Clube do Choro (SDC, Eixo Monumental). Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (meia). Não recomendado para menores de 14 anos. Às 18h, o acordeonista faz oficina gratuita no local. Informações: 3225-2761.
Ouça a música Forró classudo

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