Diversão e Arte

Com muito humor e música, trupe brasiliense Udi Grudi se apresenta até o dia 20

postado em 10/12/2009 08:50
Será uma situação inusitada, mas se você ainda não viu ou não conhece o trabalho da companhia de teatro brasiliense UdiGrudi, a chance é agora, na mostra comemorativa dos 27 anos do grupo. O encontro começa hoje e segue até 20 de dezembro, na Sala Plínio Marcos do Complexo Cultural da Funarte, com a apresentação de três montagens do coletivo: O cano, Ovo e UdiGrudi em conserto. "Esses três espetáculos captam a essência dos 27 anos de trajetória", diz Marcelo Beré, um dos fundadores do UdiGrudi, ao lado de Luciano Porto. "A nossa expectativa é que o respeitável público compareça, porque o artista sem plateia não é ninguém", convoca. O cano foi a primeira montagem dirigida por Leo Sykes: irreverência, poesia, sonoridade e alegria compõem o espetáculo, premiado em EdimburgoNa estrada desde 1982, o UdiGrudi já percorreu mais de 15 países e vários recantos do Brasil com montagens que misturam um minucioso trabalho de pesquisa musical e desenho dramatúrgico singular que mescla estética circense e vaudeville. "Desde o começo da companhia, lá em 1982, a gente já seguia essa linha de trabalho norteada pela pesquisa", destaca Marcelo. "Por isso, só temos um espetáculo novo num intervalo de dois ou três anos", acrescenta. Como não poderia deixar de ser, as histórias de drama e comédia construídas pelos atores em cena são entrecortadas por números de malabarismo, acrobacia, voos, trapézio e shows radiofônicos. Beré explica que essa tendência é resquício da primeira fase do grupo, quando o diálogo com o circo tradicional era permanente e intenso. Em 1998, com a chegada da diretora inglesa Leo Sykes, discípula do diretor de teatro italiano Eugênio Barba, a concepção cênica do grupo mudou radicalmente. "Com a entrada dela, esses elementos sofreram transformações radicais. A essência continua, mas contada de uma maneira diferente", explica o ator, que conheceu Sykes, atualmente sua mulher, no período em que fazia mestrado sobre teatro na Dinamarca. Linguagem universal Desde janeiro na estrada, a trupe, que em junho passado percorreu cinco cidades da Costa Leste canadense - entre elas, Vancouver e Winnipeg -, depois de uma temporada nas principais capitais brasileiras, como São Paulo, Rio de Janeiro, Salvador e Porto Alegre, sabe como poucos lidar com os diferentes sotaques e rostos. "Trabalhamos com duas linguagens universais, que são o humor e a música. Esses dois elementos facilitam nossa comunicação com o público tanto aqui no Brasil quanto lá fora", observa Bené, que prepara um novo espetáculo com os companheiros de cena Luciano Porto, Márcio Vieira e Joana Abreu. A estreia está prevista para março de 2010. "Chama-se Devolução industrial e é uma crítica bem-humorada aos homens e às suas invenções", adianta. O espetáculo Ovo, que abre a mostra, desta quinta (10/12) a domingo, às 20h, foi um projeto desenvolvido pela trupe em 2003. Na trama, três homens que dividem um espaço num cenário tomado por todo tipo de lixo, transformam latas enferrujadas, arames esticados e garrafas de plásticos em instrumentos musicais. "Todos os elementos cênicos foram construídos a partir de materiais recicláveis", detalha Beré. Sábado e domingo (e também nos dias 19 e 20), às 16h, é a vez de o público assistir a O cano, primeira montagem sob o comando da inglesa Leo Sykes. Dos dias 17 a 20, às 20h, o grupo encena UdiGrudi em conserto. "Em 2000, O cano foi premiado no Festival Internacional de Edimburgo, na Escócia, e esse reconhecimento surgiu como uma espécie de chave que abriu as portas para uma série de viagens que fizemos pelo exterior", destaca Beré. Conserto... é uma montagem quase inédita, já que apresentamos apenas quatro vezes. Em cena, a gente não se sai bem como músicos, mas a palhaçada dá certo", garante.

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