Diversão e Arte

Elba Ramalho, a dona do forró

Elba Ramalho quer fazer todo mundo dançar hoje na Esplanada ao som do triângulo, do zabumba e da sanfona

Irlam Rocha Lima
postado em 13/12/2009 08:00

Elba Ramalho quer fazer todo mundo dançar hoje na Esplanada ao som do triângulo, do zabumba e da sanfonaElba Ramalho nem sempre foi forrozeira. Nascida em Conceição do Piancó (PB), criada entre baiões e xotes de Luiz Gonzaga e cocos de Jackson do Pandeiro, se encantou com o rock ao iniciar sua trajetória musical, como baterista do grupo feminino As Brasas, à época da Jovem Guarda. Só em meados da década de 1970, ao se mudar para o Rio de Janeiro, na companhia do Quinteto Violado, para participar do show A feira, a cantora acabou tornando-se ;a voz do Nordeste;.

O grande público descobriu sua voz agreste e forte e seu canto rascante quando tomou parte da primeira montagem da Ópera do malandro. No musical, criado por Chico Buarque, o personagem de Elba contracenava com o vivido por Marieta Severo. As duas dividiam a interpretação da canção O meu amor. Favorecida pela repercussão do espetáculo, ela estreou em disco com o Ave de prata, lançado pela CBS. A mesma gravadora faria depois outros dois LPs da paraibana ; Capim do vale (1980) e Elba Ramalho (1981).

A cantora será a atração principal do Forro Bodó, a festa do Dia Nacional do Forró, que será comemorada hoje, a partir das 9h, na Esplanada dos Ministérios, juntamente com trios de forró, do sanfoneiro Marcos Farias (filho de Marinês) e banda e do grupo Pé de Cerrado. De acordo com a produção do evento, ela deve subir ao palco ; instalado em estacionamento próximo ao Conjunto Cultural da República ;, por volta das 19h30.

Embora ritmos nordestinos sempre tenham marcado presença nos trabalhos de Elba, foi a partir do Remexer, LP de 1986, que ela abraçou de vez o forró. Em seu repertório destacam-se sucessos como Banho de Cheiro (Carlos Fernando), Bate coração (Cecéu), Remexer (Luiz Caldas) e Leão do Norte (Lenine e Paulo César Pinheiro).



Sua imagem como ;musa do forró; ficou ainda mais fortalecida a partir da gravação dos CDs Canta Luiz (2002), em homenagem a Luiz Gonzaga; e Baião de dois (2005), no qual celebrou a amizade com Dominguinhos, com quem gravou 11 clássicos de autoria do sanfoneiro pernambucano. Em Balaio de amor, lançado este ano, com a assessoria do acordeonista César Silveira, o Cezinha, Elba revela para o país jovens compositores do gênero ; originários de Pernambuco.


FORRO BODÓ
Festa comemorativa do Dia Nacional do Forró com shows de trios, do sanfoneiro Marcos Farias e banda, do grupo Pé de Cerrado e da cantora Elba Ramalho e banda, hoje, a partir das 9h, na Esplanada dos Ministérios, com palco instalado no estacionamento próximo ao Conjunto Cultural da República. Entrada franca. Classificação indicativa livre.

Ponto a ponto - Elba Ramalho

Ritmos nordestinos
;Na companhia do Quinteto Violado, durante a turnê do espetáculo A feira, comecei a cantar baião, xote, coco, mas ao me fixar no Rio meu repertório tornou-se bem variado. Isso pode ser observado em meus três primeiros discos. A partir do quarto, o Alegria o foco sobre ritmos nordestinos aumentou. Passei a gravar bastante Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Dominguinhos, Cecéu. Gradualmente, e com grande prazer para mim, o Nordeste passou a estar mais presente em meu trabalho;.

Os heróis
;Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro inicialmente, Dominguinhos depois foram vistos por mim como heróis. Em 2002, fiz um disco inteiramente voltado para a obra de Seu Luiz, que resultou num dos meus trabalhos mais bem avaliados pela crítica. Em 2005, tendo Dominguinhos ao meu lado, revisitei a obra dele no CD Baião de dois, que me trouxe muita alegria;.

Novíssima geração
;No meu álbum mais recente, o Balaio de amor, com o Cezinha ao meu lado e me ajudando na pesquisa, descobri em Pernambuco novos forrozeiros. São compositores da novíssima geração, já conhecidos na região, mas que cuidei de apresentar ao país. Sem desrespeitar a tradição, eles propõem linguagem contemporânea para o forró, que continua sendo um ritmo autenticamente nordestino. No meu próximo disco, vou gravar mais três ou quatro nomes, entre os novos criadores do forró;.

Referência cultural
;O forró faz parte da minha vida desde sempre. Desde a tenra infância, ouvia muito em casa Luiz Gonzaga, Jackson do Pandeiro, Marinês, que tornou-se referência cultural para mim. No começo da adolescência, descobri Beatles e o pessoal da MPB. No período do São João, porém, o gosto pelo forró reacendia, pois era parte importante do cardápio da festa;.

Forró eletrônico
;Todo mundo tem livre arbítrio para escolher o que ouvir. Não falta quem goste das bandas do chamado forró eletrônico, que não são da minha preferência. O pior é que alguns desses grupos têm partido para músicas apelativas, com letras de duplo sentido. Não gosto, mas respeito;.

Dia do forró
;A ideia de comemorar o Dia Nacional do Forró, na data de nascimento de Seu Luiz Gonzaga, é brilhante. Ninguém merece mais esta homenagem do que ele. Foi quem fez o Brasil voltar as vistas e os ouvidos para os ritmos nordestinos ainda na década de 1940, quando migrou para o Rio de Janeiro. O forró não era um ritmo, como baião, xote, xaxado e coco. Seu Luiz foi quem o institucionalizou;.

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