Diversão e Arte

Beija-Flor de Nilópolis não vai retratar o escândalo político da Operação Caixa de Pandora

O samba-enredo vai contar a história, as lendas e o orgulho de ser brasiliense

postado em 19/12/2009 15:20
Os escândalos de corrupção, que maculam o alto escalão do GDF e a base governista da Câmara Legislativa, parecem não abalar a Beija-Flor, que homenageará os 50 anos de Brasília, no carnaval de 2010. O carnavalesco Alexandre Louzada esclarece que, desde o princípio, ficou estabelecido que o enredo seria apolítico e enfatizaria o lado lúdico da capital federal. Ele assegura que, mesmo com a crise política na cidade, não mudou nada em relação ao desfile. "O olhar será o da história, das lendas, do orgulho de ser brasiliense. Essa cidade merece estar na avenida. Ela é fruto de um sonho, de uma utopia, tem um povo maravilhoso, síntese do Brasil. Independentemente do escândalo da Caixa de Pandora, a política nunca foi o nosso foco. Se vaiarem a Beija-Flor, vão vaiar o nosso carnaval, o nosso trabalho e a própria escola. Se vamos homenagear algo, temos que destacar as qualidades e é isso que vamos fazer na Sapucaí", frisa. Quando Lucio Costa desenhou o plano urbanístico de Brasília, alguns viram em seu traçado uma cruz, apesar do avião ser mote do criador. Meio século depois, os carnavalescos Alexandre Louzada, Fran Sérgio, Laíla e Ubiratan Silva vislumbraram a forma de um beija-flor. A interpretação livre é elo da escola de samba Beija-Flor de Nilópolis com o enredo sobre a capital federal, que entra em fevereiro no Sambódromo. "O desenho da planta de Brasília bem que poderia ser de um pássaro e por que não um beija-flor? É uma cidade que merece ter a história e a cultura mostradas na Sapucaí", ressalta Fran Sérgio. Rodrigo Pacheco faz ajustes na decoração do carro abre-alas: trabalhador é vidrado na lenda da índia ParanoáNa quinta-feira, a azul e branco de Nilópolis recebeu grupo de bambas e pessoas ligadas ao samba de Brasília, como o presidente da Aruc, Moacyr Filho, o compositor Carlos Elias, Dilson Marimba, um dos autores do samba-enredo de 2010, Frederico Augusto, da Liga das Escolas de Samba do DF, e o poeta e babalorixá Raul de Xangô. Lá, eles testemunharam uma prévia do que será apresentado na avenida durante o carnaval. Além de conhecerem alguns carros alegóricos e adereços, eles assistiram ao ensaio na quadra da escola e saíram de lá emocionados. "Em tantos anos de samba e de carnaval, nunca tinha visto uma comunidade tão integrada assim com a escola e com o enredo. Brasília tem que se orgulhar", comentou Carlos Elias. Dilson Marimba se impressionou como a escola já sabia na ponta da língua os versos do samba que ele ajudou a compor. "Todo mundo está cantando. Esse samba está com uma força enorme", destacou. Os três mil integrantes que compareceram à quadra mostraram garra e energia contagiante. Nas quase três horas de ensaio, passistas, baianas, componentes da bateria e afins dançaram e sambaram o tempo inteiro. "Eu amo Brasília. Essa cidade merece ser homenageada e, se depender de todos aqui da Beija- Flor, vai ser reverenciada como merece", destacou a porta-bandeira Selminha Sorriso, que estará mais uma vez na capital federal no ano novo para o show da virada na Esplanada. Amanhã, dia 20, a escola realiza o seu primeiro desfile técnico antes do carnaval. O curioso é que Selminha é uma das poucas integrantes da escola que pisaram no Planalto Central. A passista Ana Luísa Costa, 22 anos, com 12 só de samba, confessa que, após conhecer o enredo da agremiação de Nilópolis, ficou bem interessada em conhecer a capital do país. "A gente acha que lá só tem político, mas vamos mostrar que tem muito mais. A catedral parece ser linda", declarou. Copeira nos barracões da escola na Cidade do Samba, zona portuária do Rio, Kelly Sancedo, 20 anos, acredita que esse é um dos melhores enredos da história da Beija-Flor. "Não conheço Brasília. Sei que lá estão todas as pessoas mais importantes do país. E o nosso enredo é de escola campeã", emendou. Responsável pela decoração do carro abre-alas da escola, Rodrigo Pacheco, 25, disse ter descoberto fatos e lendas que nunca imaginou estarem ligados a Brasília. "Tem curiosidades e histórias que são bem interessantes. A lenda da índia Paranoá, a semelhança com uma cidade egípcia, também foi planejada. É bem interessante", conta. A repórter viajou a convite da Beija Flor de Nilópolis Confira vídeo

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