Diversão e Arte

Vinte artistas da cidade de Brasília e Goiânia ganham destaque na recém-inaugurada Renome Galeria

Nahima Maciel
postado em 23/12/2009 09:15
Localizada na 716 Norte, a Renome Galeria ocupa generoso espaço no térreo e subsoloQuando Sidney Júnior inaugurou a Renome Galeria, no mês passado, a ideia era transformar o local em um espaço destinado à arte contemporânea local e ao design. A primeira exposição, no entanto, trouxe um artista de Goiânia. Somente agora, com a coletiva Pequenos formatos - grandes obras e a mostra Mestres do mobiliário brasileiro, a Renome começa a demonstrar o propósito de sua criação. Com um espaço generoso dividido em andar térreo e subsolo, a nova galeria na 716 Norte apresenta trabalhos de 20 artistas de Brasília e Goiânia e uma mostra de móveis desenhados por importantes designers das décadas de 1950, 1960 e 1970. Ainda que disposto de maneira confusa - o ambiente de loja confunde-se com o de galeria -, o conjunto oferece uma oportunidade de acompanhar a produção contemporânea de Brasília com nomes jovens já conhecidos e alguns novatos. "Até a década de 1950, não existia a ideia de galeria. Eram lojas que vendiam móveis e artes plásticas. A gente quer fazer um pouco isso e apresentar o design como arte", explica Júnior, que fechou a Mais Vezes Galeria, no Lago Sul, para abrir um espaço maior na Asa Norte. Não chega a haver diálogo ou unidade nas obras dos artistas que integram a exposição. Júnior selecionou peças que aprecia, com algum destaque para a produção recente. Assim, é possível conhecer os rumos dos trabalhos de certos artistas. Matias Monteiro, por exemplo, expõe dois desenhos de uma série recém-iniciada. Do streets play retoma o traçado impresso em livros de colorir para crianças a fim de construir uma narrativa onírica. Para dar uma ideia da trajetória do artista, Você objetos siameses, de 2004, ajuda a compor o universo de Monteiro. Em uma mesinha, luvas, garfos, tênis e ursinhos gêmeos formam um conjunto curioso. "Esse trabalho tinha toda uma questão da impossibilidade de fugir do outro. Não tem como pensar na alteridade sem pensar na identidade. A partir daí, fiz os objetos fusionados como uma analogia de que nós somos todos seres fusionados", conta o artista. Caminhos novos Nas pinturas de Clarice Gonçalves, duas telas recentes também indicam o desenvolvimento de uma linguagem construída com base em fotografias. No início, um universo feminino pueril marcava as obras de Clarice. Agora, as pinturas indicam um amadurecimento do tema. "Sempre tenho a preocupação de trazer coisas novas para quem acompanha meu trabalho. Continuo trabalhando com imagens fotográficas, com questões de memória e do feminino", diz. Há novidade também no caminho de Helena Lopes. Em vez das tradicionais gravuras ou instalações com telas e terra, ela investe em colagens minimalistas confeccionadas com botões e conchas. E Luiz Mauro, cujo desenho em papel e pinturas são referências, apresenta dois desenhos em nanquim sobre lenços de pano. O artista goiano já havia trabalhado com tecido - pintou um lenço e fronha de travesseiro da filha pequena -, mas voltou ao tema com menos leveza do que nas peças anteriores. "Esse trabalho fala muito sobre o deslocamento físico e psicológico, remete à subjetividade, às vezes chega a ter um pouco de uma solidão metafísica, essa coisa de lidar com espaço, pesadelo, sonho. Os lenços pertenciam a minha filha", revela. O humor e a ironia estão representados principalmente nos objetos da série Toy pussy, de Viviane Cardell. Vaginas confeccionadas em tecido e decoradas de formas variadas repousam nas caixas de acrílico que Viviane realizou para questionar a boneca Barbie e toda a simbologia carregada pelo brinquedo. "A Barbie não tem vagina. Como você tem uma boneca, instrumento de socialização que carrega todos os estereótipos de ser feminina, e ela é assexuada? É isso que quero enfatizar", explica. Na mostra Mestres do mobiliário brasileiro, que divide o mesmo espaço dos artistas plásticos, estão peças clássicas do design brasileiro de móveis dos anos 1950, 1960 e 1970. Sidney Júnior integrou à exposição poltronas, cadeiras e mesas assinadas por Joaquim Tenreiro, Sérgio Rodrigues, José Zanine Caldas e Jorge Zalszupin. "Também queremos ter uma lista de designers novos para a gente trabalhar. Aos poucos, vamos implementar com design contemporâneo e peças exclusivas", avisa Júnior. PEQUENOS FORMATOS - GRANDES OBRAS Há ainda a mostra Mestres do mobiliário brasileiro. Na Renome Galeria de Arte e Design (SCRN 716 Bl/C, Lj 36). Visitação até 31 de janeiro, de terça a sexta, das 12h às 20h. Sábado e domingo, das 12h às 18h. A galeria estará fechada entre amanhã e dia 28 e entre 31 de dezembro e 5 de janeiro.

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