Jornal Correio Braziliense

Diversão e Arte

Proximidade de salas com preços acessíveis faz público vizinho redescobrir o cinema de bairro

A vendedora Geralda Souza, 37 anos, deixou a casa no Recanto das Emas rumo a Taguatinga enfrentando a descrença do marido. "Ele jurou de pé junto que não tinha sala de cinema nenhuma aqui", diz, em referência às salas de projeção do Shopping Top Mall. "Gostei da tranquilidade. O cinema é vazio e tem qualidade de som e imagem", completa Geralda. O shopping localizado na CNB 12, na Avenida Comercial Norte de Taguatinga, chegou a ter salas de exibição que foram fechadas há mais de 10 anos e voltaram a ser abertas em junho de 2007, pelo administrador Jésus Borges da Paixão, 55 anos. Veterano da área de exibição cinematográfica, ele trabalha no ramo há mais de 30 anos com experiência na administração de cinemas extintos como o Lara, o Paranoá e Karim. "Por ser um shopping com mais serviços do que lojas para compras, o nosso movimento é bem maior durante a semana", compara Borges. "Além da qualidade de som e imagem, nós oferecemos o menor preço de ingresso da cidade a R$ 10 e R$ 5 (meia)", observa. Em 1997, a febre criada em torno do Titanic, de James Cameron, invadiu o sono do gráfico David Ribeiro. Inspirado pelo sucesso de bilheteria do navio transatlântico, ele acordou a mulher, Paula Henkes Ribeiro, no meio da madrugada, para contar uma novidade. "Ele me disse que sonhou que abriria um cinema", relembra Paula. "Lógico, achei que era uma maluquice e voltei a dormir", conta. Oito meses depois, o casal inaugurava a primeira sala do grupo Henkes Ribeiro em Formosa, cidade goiana localizada a 60km de Brasília. Outras em Unaí-MG, Campos Belos e Gurupi, também em Goiás foram gerenciadas pelo casal até abrirem, há três anos, as salas no Sobradinho Shopping e se instalarem definitivamente na capital do país. [SAIBAMAIS]"Nós sempre brincamos que somos Ribeiro, mas não somos Severiano", revela Paula, comparando o próprio sobrenome ao nome do fundador de uma das maiores companhias de cinema do país, a Severiano Ribeiro. Ano passado, o mais novo território invadido pelo casal foram as duas salas no último andar do Jardim Botânico Shopping, localizado próximo ao condomínio San Diego. "Acho que oferecemos um serviço para pessoas comuns como eu e você. O atendimento é personalizado e não há a opulência das grandes companhias", compara a empreendedora. Por enquanto, a divulgação incipiente ainda não atraiu os moradores da região e o sucesso de público em Sobradinho (média de 200 espectadores por dia em meses de férias) ainda não pôde ser repetido. Os amigos Thomaz de Aquino, 24 anos, auxiliar técnico, Camila Silva, 21 e Maria Eduarda, 7, são moradores do Paranoá e nunca haviam ouvido falar desse cinema localizado mais próximo de casa do que as demais salas. "Pesquisando os horários dos filmes pela internet, descobrimos que existia esse daqui. Resolvemos experimentar", explica Aquino.