Agência France-Presse
postado em 08/02/2010 15:40
Paris - O diretor Martin Scorsese e seu agora ator favorito, Leonardo DiCaprio, exploram novos territórios e entram de cabeça no mundo da loucura em Shutter island, um filme de terror psicológico que será uma das principais atrações do Festival de Berlim, que começa na quinta-feira.
Esta é a quarta parceria de Scorsese, de 67 anos, e DiCaprio, de 35, desde Gangues de Nova York (2002) e é a que os permite "ir mais longe", declararam ambos em uma recente coletiva de imprensa em Paris para divulgar o filme, que descreveram como "uma viagem emocional".
"Já havíamos explorado alguns limites juntos, em Gangues de Nova York e O Aviador", afirmou Scorsese, cujo estilo muito pessoal se concentra em tirar tudo o que pode de seus atores, como fez com Robert De Niro em Taxi Driver (1976).
"Depois, em Os Infiltrados (2006) nos demos conta de que podíamos ir mais longe", disse o diretor, que recebeu o Oscar por esse filme. "Depois disso, sabíamos que queríamos voltar a trabalhar juntos e ultrapassar os limites", acrescentou.
E, ao ler o roteiro de Shutter Island, baseado no livro de Dennis Lahane, que se passa nos anos 1950 em uma ilha onde um hospital psiquiátrico é construído para criminosos perigosos, Scorsese pensou que gostaria de levá-lo às telas. E, claro, tinha que ser com DiCaprio, falou na coletiva de imprensa.
"Sabíamos que filmar Shutter Island, que é um livro com muitos níveis, era um verdadeiro desafio. E sabíamos que podíamos explorar novas fronteiras, ultrapassar os limites. Ainda que não soubéssemos aonde chegaríamos", falou o diretor.
DiCaprio, que divide as telas com Ben Kingsley, Mark Ruffalo e Max von Sydow, ressalta que "Shutter Island" foi um de seus trabalhos mais intensos e, talvez, o que mais desafios proporcionou ao ator.
"Ao ler o livro me dei conta que era um terror psicológico com elementos de horror gótico. Mas o verdadeiro coração do livro é a catarse de um homem", disse DiCaprio, que vive um agente federal que investiga a fuga de uma paciente do hospital psiquiátrico na ilha situada na baía de Boston.
"É a viagem complexa de um homem para confrontar seus próprios fantasmas", disse o ator, indicando que, para chegar à essência do protagonista, precisou entrar no mundo das doenças mentais.
"Se concentrar no sofrimento das pessoas que sofrem de doenças mentais foi muito intenso", disse o ator, que se preparou para seu papel vendo muitos documentários sobre doenças mentais e hospitais psiquiátricos.
O que mais o impactou, contou, foi um filme sobre um homem que ia aos Estados Unidos em um ônibus para fazer lobotomia.
Estávamos cercados de doenças mentais todos os dias, cercados pelas paredes demolidas de uma antiga instituição mental", falou Scorsese, que fez os atores assistirem diversas vezes ao filme do cineasta Sam Fuller, "Shut Corridor".
"Esse filme foi como um mantra para nós", disse. "Mas é impossível alcançar seu nível de intensidade", reconheceu.
Ainda que nenhum deles fale de projetos futuros, a colaboração entre Scorsese e DiCaprio, que já é uma das mais produtivas do cinema atual, com certeza terá prosseguimento.
"Há um elemento de confiança. Compartilhamos o mesmo gosto no cinema, na arte. E sabemos por onde queremos ir", disse DiCaprio, reiterando sua admiração pelo cineasta.
"Scorsese sabe tanto sobre cinema. Não há nada que ele não faria por um filme", disse. "E seus filmes são o caminho para os seus sonhos", concluiu.