Diversão e Arte

Mais de 6 mil pessoas já soltaram a voz no Coro Sinfônico Comunitário da UnB desde 1991

postado em 11/02/2010 08:09
A velha máxima de que qualquer um pode cantar é tida como lema do lugar. Independentemente de idade, profissão, sexo, classe social ou até afinação. Mesmo quem nunca soltou a voz na vida e nem sabe o que é um sustenido, uma partitura ou o que significa um solfejo pode participar. O pré-requisito é simples: querer cantar. Estamos falando do Coro Sinfônico Comunitário da Universidade de Brasília (UnB) que está com inscrições(1) abertas até o dia 18 a novos integrantes. Para participar, basta agendar uma audição para classificar o seu tipo de voz: contralto (grave feminino), soprano (agudo feminino), baixo (grave masculino) ou tenor (agudo masculino). David Junker, ao lado de alguns alunos: "A grande maioria das pessoas que chegam até a gente não tem a menor noção de música. São leigos mesmo. Mas com força de vontade e técnica, os resultados são surpreendentes. Tudo aqui é extremamente democrático. Qualquer pessoa pode entrar. Basta querer cantar", avisa o regente e criador do coro, David Junker. Em 1991, após se tornar mestre em regência coral e doutor em educação musical/música coral, ambos na University of Missouri, nos Estados Unidos, o maestro retornou a Brasília com a proposta de criar um coro com repertório totalmente erudito, mas voltado para a comunidade. A ideia não só deu certo por aqui, como serviu de exemplo para outros grupos Brasil afora. "Hoje dou consultorias em várias cidades. É muito gratificante tudo isso. Devo muito ao coro, que foi quem me projetou. Não imagino a minha vida sem esse projeto. É uma missão", conta Junker, que chegou a reger, em 1994, o Coro Sinfônico no Carnegie Hall, em Nova York - uma das principais salas de espetáculo do mundo. "Foi um marco e uma experiência única para todos nós", lembra. Benefícios Ao longo de quase 20 anos de existência, aproximadamente 6 mil pessoas já passaram pelo coral. "Alguns chegaram até a seguir a carreira musical e despontar na área", destaca o orgulhoso David Junker. Ele ressalta que todos que integram ou integraram o coro sentem alguma modificação em suas vidas. É o caso de Malu, Dyonelio, Maria Aparecida, Helena e Graça. Gente de trajetórias, profissões e idades distintas que tem em comum a paixão por cantar. A recepcionista Helena Naatz, 50 anos, há 10 no Coro Sinfônico, conta que nunca imaginou fazer parte de um coral e que no primeiro ensaio do grupo ficou apavorada. "Na hora que vi aquelas partituras e ainda tinha que cantar em outra língua, já que boa parte do repertório não está em português, eu queria sair correndo. Todo ensaio eu passava mal. Mas hoje isso é totalmente natural. E serve para provar que mesmo quem não tem a menor noção de música, pode cantar e fazer parte do coral. Eu me descobri aqui. É uma terapia e uma satisfação pessoal imensa", comemora Helena ,que ainda faz parte de mais quatro coros. A colega Maria Aparecida Finazzi, 60 anos, faz questão de comparecer a todos os ensaios e apresentações desde quando ingressou, em 1993. "Eu gosto bastante do repertório. É mágico você começar algo do nada, uma partitura e de repente a música ganhar forma, juntar as vozes e se transformar em algo maravilhoso", declara. Outra que não imagina a sua vida sem o Coro Sinfônico Comunitário é a médica Graça Lins, 60 anos. Desde menina, sempre se interessou por música, mas os pais não eram muito favoráveis. Só em 2001, conseguiu finalmente integrar de corpo e alma um coro e destaca, como médica e coralista, os benefícios de soltar a voz. "Quando assisti à apresentação do coro pela primeira vez, fiquei impressionada. Parecia um espetáculo. Hoje faço questão de separar as minhas noites de quinta-feira (quando são realizados os ensaios) para cantar. Faz bem para o corpo, a alma, e a mente. Isso é comprovado. Os benefícios são enormes", destaca Graça. Além de todas essas vantagens, o maestro David Junker lembra que o Coro Sinfônico proporciona outro ganho: despertar nas pessoas o gosto pelo erudito, especialmente para quem nunca teve contato com esse gênero musical. "As pessoas não conhecem, mas quando descobrem esse tipo de música, não têm como não gostar", acredita Junker. Esse é o caso do militar reformado Dyonelio Morosini, 73 anos. Para ele, fazer parte de um Coro Sinfônico é um ato de superação. "Nunca imaginei que poderia algum dia cantar a Sinfonia de Beethoven. Eu gostava de música clássica, mas hoje gosto muito mais. Cantar no coro acabou me despertando para isso. E, além do mais, a didática do maestro ajuda muito no aprendizado", diz. Para Malu Magno, 68 anos, uma das mais antigas integrantes, outro privilégio de fazer parte do grupo são os laços de amizade que se estabelecem. "Vira uma família mesmo. A gente viaja junto, vai na casa de um, no casamento do outro. Estamos juntos nos momentos bons e ruins da vida. O coral é integração em todos os sentidos e isso o torna extremamente especial", salienta. 1 - Os donos da voz O Coro Sinfônico abre inscrições todo o começo de semestre. Ao fim desse período, faz uma apresentação geralmente acompanhado da Orquestra Sinfônica da Universidade de Brasília (UnB) ou da Orquestra Sinf ônica do Teatro Nacional. Os ensaios acontecem todas as quintas, das 19h às 22h, no Anfiteatro 9, do ICC-Sul, na UnB. Para fazer parte, o coralista paga uma semestralidade de R$ 150, além de R$ 30 para o pagamento do material didático (partitura e CD de estudo). As inscrições para o 1º semestre de 2010 estão abertas até 18 de fevereiro. Informações: 3347-6867 ou pelo site: http://vsites.unb.br/coral/ O número 1991 Ano de criação do Coro Sinfônico da Universidade de Brasília

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