Diversão e Arte

Veja a íntegra da entrevista com Verônica Saiki

postado em 17/02/2010 08:00

Quando e como começou o seu interesse por histórias em quadrinhos? Nesta época, o que você lia?

Olha, o interesse foi dos sete anos em diante, achava legal os da Turma da Mônica e as tiras que via nos jornais como Garfield, Calvin e Haroldo, Niquel Náusea, Snoopy entre outros da época.

Quando e como começou a sua produção de quadrinhos?

Com uns dez anos comecei a fazer. Criei alguns personagens que até então havia intitulado como Chiclete com Banana (sem conhecer os do Angeli). Os protagonistas eram literalmente um chiclete e uma banana e outros que também faziam parte da turma. Fazia minhas revistas e distribuía para os colegas lerem. Algum tempo depois cheguei a participar no Correio Braziliense do caderno que publicava as HQs dos leitores, o Correio da Galera, ainda com esses personagens. Eu enviava tiras e histórias de uma página, era muito estimulante na época!

Como surgiu o Verdugo? Quantas revistas do personagem já foram publicadas até agora?

Verdugo surgiu na época que comecei a fazer faculdade de Artes Plásticas em meados de 2001. Já fiz cinco revistas.

Saber desenhar e saber fazer quadrinhos são coisas diferentes. Como foi o seu aprendizado para fazer quadrinhos?


Para mim foram coisas iguais, eu usava os quadrinhos para melhor aprender a desenhar movimentos e expressões. Já as histórias surgiam de forma natural, geralmente nas coisas corridas do dia-a-dia que levavam ao humor. Meu aprendizado se iniciou da cópia até passar para os meus próprios personagens. E ele não para, quanto mais aprendo mais vejo que ainda pouco sei.

Muitas meninas não lêem quadrinhos porque as temáticas das HQs são, geralmente, masculinas ; em especial as HQs americanas. Você acredita que isso justifica o número reduzido de meninas leitoras e, consequentemente, produzindo HQs? Poderia comentar este assunto?


Eu acredito que o universo das mulheres é mais ligado ao real e o imaginário fica mais ligado aos homens. Tanto que vejo o entusiasmo deles quando comentam de algum super-herói favorito ou algum personagem ; o que não vejo tanto entre as mulheres. Acho que eles acreditam nesta idéia mais do que elas, o que faz o número de produção também ser mais favorável para a ala masculina.

Você acredita que o mangá ajudou a trazer mais meninas para os quadrinhos? Por que?

Quando é mangá eu vejo meninas! Pela emoção. A arte dos japoneses tem esse poder melhor que qualquer outra. Tanto os mangás quanto os animes retratam a fundo isso e as mulheres se sintonizam melhor.

Qual o seu conselho para as meninas que querem começar a fazer quadrinhos? E para aquelas que ainda não lêem quadrinhos?

Meu conselho é começar! Nada como rabiscar sem nenhuma pretensão um personagem e aos poucos "dar vida" a ele com as histórias. Para aquelas que ainda não lêem aconselho iniciar com tiras. Hoje tudo está tão mais prático e há muitos sites e blogs recheados de tiras nacionais para serem lidas e comentadas! E aliás, nós humildes autores precisamos das opiniões dos leitores. Um deles, do qual também participo, é o: www.tirasnacionais.blogspot.com.

Acha que rola preconceito contra a produção femininas nos quadrinhos?

Bom, eu vejo que as pessoas olham com espanto. Numa roda de desenhistas por exemplo, você consegue contar facilmente as mulheres. Então é algo pouco, não por preconceito mas por falta de mais mulheres no campo mesmo. O preconceito pode até vir do lado machista que vê a mulher relacionada só a assuntos do lar e por isso sem tempo para dedicação a outros, inclusive quadrinhos. Mas enfim, trabalhar com HQs é árduo para ambos os sexos.

Qual tem sido o feedback para o seu trabalho?

Ele está vindo de forma natural. As pessoas comentam no blog e pessoalmente, quando vou expor as revistas em eventos. Também levo os produtos: camisetas, chaveiros, etc.. que ajudam ainda mais na divulgação. Mas ainda aguardo mais leitores, pois eles são "a mola" para que nós possamos continuar.

Você já publicou alguma coisa profissionalmente ou só de forma independente? E quais serão os seus próximos trabalhos?


Profissionalmente, quadrinhos institucionais que faço aos clientes e ilustrações de livros ; a maioria para a editora Scortecci. Meus próximos trabalhos estão relacionados a continuidade em ilustrações de livros, os quadrinhos do Verdugos, os quais pretendo evoluir a cada revista e tiras, e minhas esculturas de papel machê, que é um trabalho que pratico há algum tempo e assim que possível gostaria de expor.

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