postado em 19/02/2010 09:30
Se no passado a produção roqueira curitibana reverberava pouco no resto do país, há pelo menos uma década as bandas da capital paranaense vêm ganhando um maior - e merecido - destaque no circuito alternativo do país. Algumas delas estão lançando discos este ano e têm potencial para serem muito faladas - e, quem sabe, romper a barreira que separa as bandas independentes de um público mais amplo. O quarteto Sabonetes é um bom exemplo.
E isso não é à toa. O vocalista e guitarristas Artur Roman, o baixista João Davi, o guitarrista Wonder Bettin e o baterista Alexandre Guedes têm se dedicado exclusivamente à banda - que lançou neste começo de ano seu homônimo disco de estreia. Essa maior dedicação começou há dois anos, quando o grupo (ainda com outro baixista na formação) decidiu morar numa mesma casa (apelidada por eles de A Bolha) para otimizar o processo de composição e ensaios e começar a formatar o que seria o primeiro disco. Há seis meses, eles deram mais um passo importante. Com o objetivo de alcançar novas e melhores possibilidades, os quatro se mudaram para São Paulo.
Nada disso valeria a pena se os Sabonetes já não tivessem algum respaldo de público em Curitiba. "Crescemos dividindo o palco com Banda Gentileza, Charme Chulo, Poléxia, Mordida, Anacrônica e Copacabana Club, só pra citar algumas. O público de lá é inteligente, capaz de absorver cada banda e comparece aos shows. Mas é claro que, como em qualquer cidade do Brasil, esse fenômeno ainda está restrito ao underground", analisa Wonder Bettin.
O que o Sabonetes oferece para as plateias curitibanas (ou de qualquer lugar) é uma apresentação carismática e uma sonoridade sintonizada com influências contemporâneas, de bandas surgidas no novo milênio a partir do fenômeno Strokes. "Nós assumimos essas influências e não nos preocupamos muito com isso", diz Wonder Bettin, questionado se tais referências poderiam também gerar algum tipo de implicância. "Mas gostamos sempre de lembrar que fazemos música brasileira. E que o rock contemporâneo internacional está tão presente no nosso som quanto Cazuza e Milton Nascimento", continua o guitarrista.
O Sabonetes começou sem grandes pretensões a não ser tocar e beber de graça nas festas da faculdade de comunicação da Universidade Federal do Paraná (onde três integrantes da banda estudavam). O nome surgiu da simples necessidade de batizar o grupo, mas rendeu diversas histórias e brincadeiras que eles disseminavam em suas primeiras entrevistas.
Sabonetes, o disco, foi produzido pelo baiano Tomás Magno, antigo parceiro de Tom Capone no estúdio Toca do Bandido (RJ). Wonder comenta a escolha do produtor: "Tomás já havia produzido o disco das bandas curitibanas Terminal Guadalupe e Fuja Lurdes. Aqueles discos soavam diferente de tudo que estava sendo feito no Brasil. A gente precisava daquilo. Entramos em contato com ele e logo começamos a trabalhar. Sempre nos entendemos muito bem e ele mudou toda a nossa forma de ver a música." Os baixos (executados por Samuel Oh e Rodrigo Lemos antes da entrada de João Davi) e as baterias das 11 faixas foram gravados no Toca. O restante foi dividido entre dois estúdios de São Paulo.
Ainda que na estreia o Sabonetes não soe muito original - e ao longo do disco, algumas músicas pouco se diferenciam das outras -, é inegável o potencial da banda. Inclusive radiofônico, exemplificado por músicas como Nanana, Descontrolada e Quando ela tira o vestido.
Desde que o disco foi disponibilizado para download gratuito, conta Wonder, a banda vem colhendo frutos: "Estamos tocando em cidades que nunca imaginamos que tocaríamos. E os shows têm sido cada vez mais animados e intensos".
SABONETES
Conheça o quarteto curitibano em www.sabonetes.net. A banda lançou seu disco de estreia de forma independente. Preço médio: R$ 20. ***