Diversão e Arte

Na falta de programas originais na TV, restam às crianças os desenhos animados

Mauro Trindade
postado em 22/02/2010 10:59
Bob Esponja: humor cínico que diverte os adultos e história simples de fácil entendimento pelas criançasA televisão não sabe o que fazer com as crianças. Bom exemplo é a TV Globinho (na Globo, de segunda a sexta às 9h40 e sábado às 8h), que já teve dias mais criativos, quando há três décadas a jornalista Paula Saldanha apresentava o Globinho repórter, com matérias que interessavam as crianças. Com a decadência dos programas infantis mais glamourosos e ancorados por bonitas apresentadoras, dos quais o Xou da Xuxa foi o paradigma, nenhum outro modelo foi desenvolvido para os programas infantis. Com exceção da TV Brasil, que exibe Um menino muito maluquinho (segunda a sexta, às 9h), Castelo Rá Tim Bum (segunda a domingo, às 11h e às 14h30) e A turma do Pererê (segunda a domingo, às 10h), praticamente não há nenhuma produção nacional para o público infantil. Mas esses são programas realizados ou concebidos há vários anos. O Maluquinho é o mais recente, de 2006. Restam os desenhos animados, concentrados em programas como Band kids, na Band (segunda a sexta, às 8h), Carrossel animado (segunda a sexta, às 7h) e Bom dia & Cia (segunda a sexta, às 9h), ambos do SBT. Este último, com apresentação dos agora adolescentes Priscilla Alcântara e Yudi Tamashiro, exibe sucessos como Naruto e Ben 10, este último uma poderosa marca internacional. Com uma infinidade de produtos associados ao personagem criado há cinco anos, Ben 10 continua a encher os olhos dos meninos e a esvaziar os bolsos do pais, atazanados por crianças ávidas de uniformes, pastas, cadernos, bonecos, mochilas, games e roupas do herói que se transforma em diferentes aliens. Nem a franquia Dragon ball, da TV Globinho, chega a vender tanto quanto o herói com o relógio Omnitrix. A Globo aposta, dentro da TV Globinho, em alguns desenhos igualmente antigos, mas que mantêm o interesse do público mirim. Três espiãs demais é uma das raras produções francesas na tevê brasileira e que continua a ser bem-aceita especialmente pelas garotas. Mas é o velho e simpático Bob Esponja que continua a ser um dos grandes trunfos da emissora. A surreal história de uma ingênua esponja, que trabalha como cozinheiro na lanchonete Siri Cascudo e tem como amigos a estrela-do-mar Patrick e o polvo ranzinza Lula Molusco, conquistou rapidamente a audiência norte-americana e depois a de meio mundo. Em 2009, quando fez 10 anos de criação, seu franchise chegou à absurda cifra de US$ 8 bilhões, para a alegria de seu criador, o biólogo Stephen Hillenburg. Com humor cínico que diverte os adultos e história simples de fácil entendimento pelas crianças, o personagem chegou a ser atacado por ser paranóico, obtuso e cripto-homossexual. Ele absorveu bem as críticas e continua a agradar pais e filhos com suas calças curtas e gravata careta. E, mesmo tornando-se um ícone gay, Hillemburg deixou claro que, como toda boa esponja, Bob não tem sexo. A propósito, a série estreia nesta segunda (22/2) sua sétima temporada no canal pago Nickelodeon, às 17h30.

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