postado em 27/02/2010 07:00
O tema do tempo envolve toda a poesia de Valberto Cardoso, no cotidiano, no amor ou na imersão na memória. Ele lança, hoje, no Restaurante Panelinha, o livro A invenção do dia, primeira obra individual (anteriormente ele já havia participado de várias antologias). Valberto escreve há mais de 10 anos e aponta como referências para a inspiração e o diálogo com a poesia Carlos Drummond de Andrade, Manoel Bandeira e Adélia Prado. ;Minha poesia também tem alguns ecos de Manuel de Barros e um pouco da prosa caótica no estilo de Clarice Lispector.; O autor também gosta de criar neologismos como Guimarães Rosa, mas admira e está sempre atento aos novos autores como é o caso do gaúcho Fabrício Carpinejar.;Minha poesia é contemporânea porque trata de temas como o ambiente virtual, por exemplo;, explica. ;São versos que se aproximam de sonetos ou então da prosa poética. Transformo e-mails em cartas como no poema Cartas invisíveis, onde dois possíveis interlocutores estabelecem uma correspondência;, conta. O autor já tem material para a publicação de outro livro de poemas com data prevista para lançamento em 2011. Ele ainda está organizando o livro, ainda sem título: ;Vou deixar fluir;. Valberto Cardoso pretende escrever um livro de contos, mas, por enquanto, isso é só um projeto.
Em tempo, no mesmo dia, o artista plástico Bené Fonteles, responsável pela capa de A invenção do dia, relança o seu Cozinheiro do tempo. O livro reúne mais de 600 fotos tiradas por cerca de 15 fotógrafos e pelo próprio autor entre os anos de 1977 e 2007. ;Não sou profissional, mas uso a fotografia como mais uma linguagem no meu trabalho.; As imagens retratam obras de Fonteles em exposições por onde passou. ;Crio meus trabalhos em função do espaço. O espaço é um desafio para mim;, pontua.
O livro conta ainda com textos de Fonteles e de mais cinco colaboradores. Entre eles, a historiadora Maria de Fátima Costa, com um ensaio sobre arte e cidadania, e Adolfo Montejo Navas, com um sobre a história da arte.
Lançamentos
Hoje, às 20h, no Restaurante Panelinha (SHCN, CL, 316 Norte, Bl. E, Lj. 18 e 20, Térreo). Tel: 3041-5070.
POEMA DE VALBERTO CARDOSO, RETIRADO DO LIVRO "A INVENÇÃO DO DIA":
CASA DE SILÊNCIO
Outra casa
Cercada do escuro
À espera da palavra
Silêncio do não-nada
Que já é escada
E solo da Palavra
Caibro que construo
À medida que obscuro
No mais, casa é escuro.